Nova pesquisa indica impacto direto do café na saúde celular de pessoas com transtornos mentais graves
Um novo estudo revelou que consumir de três a quatro xícaras de café por dia pode retardar o envelhecimento biológico de pessoas com transtornos mentais graves. A pesquisa, publicada no final de novembro na revista BMJ Mental Health, analisou como a bebida influencia o comprimento dos telômeros — estruturas que indicam o envelhecimento celular.
Os autores observaram que o consumo moderado da bebida alongou os telômeros e ofereceu aos participantes o equivalente a cinco anos biológicos extras em relação aos que não bebiam café. O estudo reforça que a bebida já é associada a benefícios como melhora da concentração, desempenho físico e efeito anti-inflamatório, devido às suas propriedades antioxidantes.
Como funciona
Os telômeros ficam nas extremidades dos cromossomos e funcionam como uma proteção, semelhante às pontas de plástico dos cadarços. Com o envelhecimento, essas estruturas encurtam naturalmente. No entanto, alguns fatores aceleram esse processo, entre eles transtornos psiquiátricos graves, como esquizofrenia, psicose e transtorno bipolar.
Para entender como o café poderia interferir nessa velocidade de encurtamento, os pesquisadores analisaram 436 adultos do estudo norueguês TOP. Entre eles, 259 tinham esquizofrenia, enquanto 177 apresentavam transtornos afetivos, como bipolaridade ou depressão maior com psicose.
Os voluntários foram divididos em grupos conforme a quantidade de café ingerida diariamente: zero, 1 a 2 xícaras, 3 a 4 xícaras e 5 ou mais. O estudo também considerou o hábito de fumar, já que o tabagismo impacta diretamente a saúde celular.
Consumo
Os participantes que consumiam 5 ou mais xícaras eram, em média, mais velhos do que aqueles que bebiam menos. Além disso, pessoas com esquizofrenia relataram maior consumo de café do que aquelas com transtornos afetivos.
Ao medir os telômeros em leucócitos presentes no sangue, os pesquisadores observaram que beber até 3 ou 4 xícaras por dia se associou ao alongamento das estruturas, efeito não observado entre quem ultrapassava essa quantidade. Assim, quem consumia o equivalente a 4 xícaras apresentou telômeros comparáveis ao de uma idade biológica cinco anos menor.
Possíveis explicações
Apesar dos resultados, os especialistas destacam que o estudo é observacional, o que impede conclusões definitivas sobre causa e efeito. Mesmo assim, afirmam existir justificativas biológicas plausíveis para os achados.
O café contém compostos antioxidantes e anti-inflamatórios capazes de proteger os telômeros do estresse oxidativo e da inflamação — fatores que aceleram o desgaste dessas estruturas. Segundo os autores, esse efeito pode ser especialmente relevante em populações cuja fisiopatologia já predispõe ao envelhecimento acelerado.
Por outro lado, consumir café acima da quantidade recomendada pode causar danos celulares devido à produção excessiva de espécies reativas de oxigênio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta o limite diário de 400 mg de cafeína, o equivalente a cerca de quatro xícaras de café.
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