Pesquisa indica queda no compartilhamento de conteúdo político e aumento do receio de se posicionar
O brasileiro está falando menos de política em grupos de WhatsApp, especialmente nos ambientes de família, amigos e trabalho. Além disso, mais da metade dos usuários considera o clima dessas conversas “muito agressivo” e admite medo de expressar opinião. Os dados constam no estudo Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens, divulgado por instituições independentes de pesquisa.
Menos política
De acordo com o levantamento, a participação em grupos voltados exclusivamente ao debate político caiu de 10%, em 2020, para apenas 6%. Além disso, entre 2021 e 2024, diminuiu de forma significativa a frequência de mensagens sobre política, políticos e governo nos grupos mais comuns. Nos grupos de família, o índice caiu de 34% para 27%. Já entre amigos, recuou de 38% para 24%, enquanto nos grupos de trabalho passou de 16% para 11%.
Ambiente agressivo
Mais da metade dos entrevistados, cerca de 56%, afirmou ter receio de opinar sobre política porque considera o ambiente hostil. Essa percepção aparece de forma transversal, atingindo pessoas que se identificam com a esquerda, o centro e a direita. Segundo os pesquisadores, o aumento dos ataques e da intolerância contribuiu para o esfriamento das discussões.
Autocensura crescente
O estudo também aponta um comportamento de autorregulação. Cerca de 52% dizem se policiar mais sobre o que falam nos grupos, enquanto 50% evitam deliberadamente temas políticos em grupos familiares para fugir de conflitos. Além disso, 65% afirmam evitar conteúdos que possam atacar valores de outras pessoas, e 29% já deixaram grupos por não se sentirem à vontade para se expressar.
Quem ainda fala
Apesar do recuo geral, uma parcela mantém o hábito de se posicionar. Do total de entrevistados, 12% afirmam compartilhar conteúdos que consideram importantes mesmo causando desconforto, e 18% dizem se manifestar mesmo correndo o risco de parecer ofensivos. Entre os que se sentem mais seguros, estratégias comuns incluem usar humor, falar no privado ou discutir apenas em grupos alinhados politicamente.
Uso amadurecido
Para os autores do estudo, o comportamento indica amadurecimento no uso do WhatsApp. A diretora do InternetLab, Heloisa Massaro, avalia que os usuários desenvolveram normas próprias de convivência, semelhantes às do mundo presencial, reduzindo conflitos e redefinindo limites para o debate político nos aplicativos de mensagens.
Junte-se aos grupos de WhatsApp do Portal CONTEXTO e fique por dentro das principais notícias de Anápolis e região. Clique aqui.




