Governador ofereceu apoio policial para o cumprimento da determinação. Ele responsabilizou por eventuais consequências os prefeitos que não aceitarem
Da Redação

Em vídeo-conferência a partir do Palácio das Esmeraldas, o governador Ronaldo Caiado (DEM) pediu apoio a prefeitos para o que chamou de “lockdown alternativo” em Goiás. O pedido foi feito após a Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgar um novo estudo que estima para julho o colapso do sistema de saúde no Estado, com a necessidade de 2 mil leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e 18 mil mortes por Covid-19 até setembro.
O lockdown alternativo significa períodos alternados de abertura e fechamento a cada 14 dias, ou duas semanas, a partir de amanhã, terça feira, dia 30. Bastante enfático, Caiado disse que essa é a recomendação dele para todos os municípios sem exceção, mas que não pode obrigar nenhum prefeito a segui-la.
“Não posso aceitar que haja omissão de autoridades. A responsabilidade é de todos nós. Cada prefeito e cada prefeita vai responder pelo caos nos seus municípios. Reflitam bem, analisam bem. Fornecerei as minhas polícias a todos os prefeitos que quiserem que haja cumprimento 14 por 14”, disse o ele. No dia 15 de abril, o Supremo Tribunal Federal decidiu que os municípios têm poder para determinar regras de isolamento, quarentena e restrição de transporte e trânsito em rodovias em razão da pandemia.
Lockdown Alternativo
O modelo foi proposto pelo professor Thiago Rangel, um dos autores do estudo Estimativa de Impacto Populacional da Covid-19 em Goiás, apresentado na reunião virtual. Segundo o professor, o isolamento intermitente não é a proposta ideal, mas uma alternativa entre a ação mais eficiente, o lockdown, situação real em que o distanciamento social em Goiás caiu para uma média de 38%, quando o necessário é de 50%. “Em função disso, se nada for feito, serão necessários o dobro de leitos de UTI existentes atualmente em Goiás e que haverá colapso do sistema de saúde em meados de julho”, afirmou ele.
Receita
Convidado a participar da videoconferência, o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Celmar Rech, afirmou que o governo de Goiás deve perder R$ 100 milhões em receita só no mês de junho, em função da pandemia. Os números ainda não estão consolidados. As perdas acumuladas até maio, de acordo com autoridades fiscais do Estado, já chegam a R$ 750 milhões.
Goiás x Brasil
Conforme último boletim epidemiológico, divulgado no domingo (28), o estado tinha mais de 22 mil casos confirmados de coronavírus, sendo 435 mortes. Na live desta manhã, o secretário Estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, lamentou mais nove mortes na noite de domingo só no Hospital de Campanha de Goiânia.
O Brasil ocupa a segunda posição no ranking global em número de casos (1,3 milhão) e mortes (57,6 mil) por conta do coronavírus. O País está atrás apenas dos Estados Unidos, com 2,6 milhões de confirmações e 128 mil óbitos, conforme a plataforma Worldometers, que divulgados estatísticas sobre a doença em nível mundial. Desde o dia 31 de maio, quando se tornou o país onde o coronavírus mais cresce, o Brasil lidera o ranking global de novos registros de infectados e de lá pra cá foram constatados em média 31,1 mil novos casos, seguido pelos Estados Unidos (28,3 mil) e pela Índia, em terceiro lugar, 13,8 mil.
Anápolis
O prefeito Roberto Naves (PP) não deve seguir a recomendação de Caiado, embora aceite que vários municípios precisam mesmo fazer essa pausa. De acordo com a última entrevista coletiva dada por Roberto, Anápolis vive uma situação diferente das demais cidades por ter conseguido preparar o sistema de saúde para tratar os casos locais da Covid-19.
Roberto garantiu que a matriz de risco é um indicativo seguro das medidas que precisam ser tomadas dentro de Anápolis e que, nesse momento, a matriz de risco é leve, ou seja, existe menos de 25% da capacidade total de leitos de UTI sendo utilizada por pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Caso o índice suba além de 25%, aí sim, o município tomaria atitudes de isolamento social moderadas.
O prefeito pediu a colaboração das pessoas para se manterem isoladas na medida do possível para evitar que o coronavírus eleve a matriz de risco e afirmou que a fiscalização dos estabelecimentos, em relação ao cumprimento do último decreto esta sendo rigorosa. “Não vamos tolerar quem desrespeita a vida. Vamos cassar o alvará de funcionamento ou até mesmo revogar no Decreto a autorização daquela atividade em toda a cidade”, completou.
Com informações da assessoria de comunicação do Estado