Júnior Magal, de 32 anos, ostenta cartel com 20 vitórias no MMA, mas principal conquista veio no Mundial de Jiu-Jitsu Esportivo
Nos tatames, nos octógonos ou até mesmo nos ringues improvisados. Para Júnior Magal, campeão mundial de jiu-jitsu e com um cartel vitorioso nas artes marciais mistas (MMA), não faz diferença alguma. Natural de Alexânia, o atleta nutre paixão por Anápolis, a qual mora e sustenta uma academia há alguns anos e já se considera até um anapolino nativo.
Imerso no mundo das lutas desde cedo, o campeão possui cartel e currículo invejável em muitos segmentos do esporte. Muito por conta de seu pai, graduado e dono um alto grau de maestria no karatê, Júnior começou na luta aos quatro anos, sob os treinos de seu progenitor, e até brinca sobre o começo precoce na arte marcial. “Se brincar fui feito no tatame e não sei, né?”, diz, aos risos.
Patrocínio: o drama do atleta brasileiro
Em sua caminhada no karatê, Júnior alcançou a faixa preta logo aos 13 anos, despontando em competições regionais e nacionais. Cinco anos mais tarde, aos 18, conseguiu seu primeiro grande resultado internacional: foi campeão do Sul-Americano da modalidade, disputando na Argentina. A ida, por si só, já foi uma enorme batalha para o jovem e sua família, devido aos altos custos de viagem e hospedagem e pela falta de aporte externo. Foi, ganhou e acreditou que o jogo pudesse virar, junto ao grande feito no tatame.
“Quando voltei, na época, achava que teria um patrocínio e me dedicaria a luta. Tentei correr atrás, mas não consegui nada. Fiquei triste. Mas já treinava jiu-jitsu, era faixa roxa naquele tempo, e me fizeram a proposta para ir para o MMA”, conta Júnior Magal. Naquele período, o mundo das artes marciais mistas começava a despontar, com nomes brasileiros ganhando destaque e grandiosos eventos surgindo.
Alego busca transparência apostando nas mídias digitais
Eventos, como o Pride e o UFC, eram febre longe do Brasil. Dentro do país, a realidade ainda era embrionária, mas aquecida pelas ascensões de Anderson Silva, Vitor Belfort e outros. Júnior decidiu embarcar na modalidade e sua primeira luta foi em Corumbá de Goiás, dentro de um rancho. Em vídeo que mostra o combate, o ringue improvisado era composto por uma lona no chão, apoiada com sacos de terra nos cantos. Apesar dos pesares, o cenário fez pouca diferença para o atleta, que nocauteou o adversário em pouco mais de 10 segundos.
“Nunca tinha ganhado nada financeiramente com o karatê. Não desmerecendo, pois amo o que faço. Mas, aí lutei no MMA e ganhei 600 reais, que era dinheiro demais naquela época. Então comecei a trocar porrada, fui lutar fora do país. Fui para a Rússia, Espanha, Portugal, Inglaterra”, relembra Júnior Magal.
Retorno para o Brasil e para o jiu-jitsu
Depois de muitas lutas em solo europeu, Júnior voltou para o Brasil e já teve uma grande decisão pela frente. Mas não dentro do octógono. Sérgio, que organizava os combates para Magal e era dono de uma academia em Anápolis, estava de mudança para o exterior e ofereceu o espaço para o atleta. Com o dinheiro levantado nos anos fora, o desafio foi aceito pelo campeão, surgindo a Magal-Kan. “Na época, cinco anos atrás, tinha 15 alunos de jiu-jitsu e hoje somos 76. Em Anápolis hoje, a maior equipe de competição somos nós. A equipe pegou força, com muita gente chegando”, cita.
O novo projeto tirou um pouco do foco no MMA de Júnior Magal, que segue performando em eventos regionais e nacionais. Mas não tirou da luta em si. Retornando integralmente aos tatames, como aluno e professor, começou a ganhar destaque no jiu-jitsu. No último ano, por exemplo, medalhas e mais medalhas vieram, mas, com uma em especial: a do Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu Esportivo, organizado pela CBJJE e disputado no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo (SP).
Próximos passos
O título mundial não matou a fome de querer mais do atleta de 32 anos, ainda mais que, depois de tempo, assegurou um patrocínio com a conquista. O ano de 2022, para Júnior, começou com o pé direito, indo ao topo do pódio no Goiano de Jiu-Jitsu, disputado em janeiro. E os próximos passos do lutador não serão fáceis, com Brasileiro, Sul-Americano e até Mundial em Abu Dhabi, no Catar, caso novo aporte externo surja. O primeiro deles é o Curitiba Internacional Open, marcado para os dias 18 e 19 de março.
Com o MMA ficando um pouco de lado, Júnior Magal seguirá com seu foco no jiu-jitsu e, principalmente com seus alunos e equipe. “Assim, no Brasil hoje o esporte é complicado. Se eu ficasse só para treinar, era muito difícil darem conta de sair na mão comigo. Atualmente dou oito aulas por dia e ainda faço meus treinos. Não consigo me dedicar hoje ao MMA por conta disso, pois falta tempo. Hoje, como eu tenho academia, tenho quer cuidar e dar atenção ao pessoal. Mas assim, com o jiu-jitsu dá para conciliar. Dou aula e treino ao mesmo tempo, com os alunos”, finaliza.