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‘Capitães da Areia’: ontem, como hoje, como amanhã e depois

de Moacir Lázaro de Melo
8 de agosto de 2025
em Artigo
Reading Time: 4 mins read
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Imagem: Reprodução/Blog Jornal Pequeno

Imagem: Reprodução/Blog Jornal Pequeno

POR MOACIR DE MELO

Moacir Melo. Foto: Orlando Baiano

E, mais uma vez, retorno, recentemente, da região baiana que contemplam as cidades de Salvador e circunvizinhas, com destaques para Candeias, Camaçari, Mata de São João, entre outras, região onde há mais de 25 anos percorro, de forma obrigatória, em decorrência de negócios que estabelecemos na citada região.

Meu objetivo neste artigo é estabelecer comparações do que vi, presenciei e, ainda, presencio nas mesmas rotas dantes passadas, 25 anos depois. Mudanças? Poucas ou quase nenhuma! Nas estradas estaduais secundárias, crianças de 8 a 12 anos, aglomeradas, fingem tapar buracos em asfaltos danificados para extorquir dinheiro de motoristas menos avisados, prática herdada de seus pais e/ou amigos do passado que se sucedem por gerações o que evidencia que o desleixo com a juventude baiana continua vivo. Porém, o problema é nacional e não é mérito baiano apenas.

No entanto, o assunto me remete ao passado, quando, há 88 anos, o escritor baiano Jorge Amado (1912-2001) escreveu o seu livro mais famoso e que causou grande impacto durante o Estado Novo, chegando a ser queimado em praça pública: “Capitães da Areia”, que é uma obra emblemática que narra a vida de meninos de rua em Salvador e região, retratando sua marginalização, suas dores e suas formas de resistência.

Embora ambientado no início do século XX, o romance permanece incrivelmente atual e pode ser contextualizado para os tempos modernos sob várias camadas críticas, especialmente ao sistema político e às elites brasileiras de ONTEM, de HOJE e que caminha célere para que AMANHÃ esteja da mesma forma. Porém, a situação é nacional.

No livro citado, nosso escritor evidencia o abandono social das crianças pobres, que vivem à margem da sociedade. Porém, quase 90 anos depois, vemos meninos e meninas em situação de rua, sem acesso a educação, saúde ou dignidade, como herdeiros diretos dos personagens do autor.

Evidente que isto expôs e continua expondo a falência histórica do Estado brasileiro em cumprir os direitos fundamentais garantidos na Constituição. As elites retratadas no livro, que desprezam os meninos de rua enquanto sustentam o sistema que os geram, são facilmente comparáveis às elites de agora: ricos, políticos de todos os níveis e parte da mídia que promovem discursos bonitos sem se preocuparem com as causas estruturais da nação brasileira e, ao mesmo tempo, defendem cortes sociais e criminalizam a pobreza.

“Capitães da Areia” – 0 livro – segue como um grito de alerta e denúncia, revelando que o problema não é a delinquência infantil, mas a delinquência das estruturas sociais que permitem que milhares de crianças vivam como lixo humano, sem acesso à cidadania e sem perspectivas de futuro.

Recontextualizar a obra é necessário. Afinal, isto equivale a dar rosto e voz às nossas crianças de hoje que deveriam estar nas escolas em tempo integral, porém são invisíveis para nossos líderes políticos. No entanto, são visíveis nas esquinas, nos sinais de trânsito, nos abrigos superlotados, nas estatísticas de violência, nas estradas cheias de buracos tentando sobreviver, ainda que por meios não lícitos. Triste!…

Sim, nosso escritor não romantizou a delinquência juvenil, ele a humanizou (foi denominado de Comunista). Deu nome, rosto e alma àquilo que muitos preferem esconder atrás dos muros. Nos dias de hoje, precisamos de coragem política para dizer que, se ainda existem ‘Capitães da Areia’ ou do asfalto nas ruas do Brasil, a delinquência mais grave não vem deles, mas da omissão de uma sociedade que se orgulha do progresso sem olhar quem ficou para trás. Sim, sim, nossos Capitães da Areia ou do asfalto de hoje não precisam de caridade. Precisam de justiça. Precisam de políticas públicas inclusivas e não somente de doações que os excluem da cidadania e das perspectivas de futuro melhor.

Precisamos, sim, também de líderes políticos que entendam que nenhuma pátria será grande enquanto suas crianças forem pequenas para importar.

Ontem (1937), nosso escritor fez um retrato perfeito do passado e que, lamentavelmente, 90 anos depois, pouco ou quase nada mudou. Passa, pois, da hora da nação brasileira acordar para corrigir os erros cometidos do passado sob pena de, em não o fazendo, o amanha ser ainda pior do que assistimos nos dias de hoje Brasil afora.

O desafio é grande. É preciso ter coragem e vontade de iniciar. Como pessoas pensantes, temos a missão de cobrar, participar e levar adiante a nação e o nosso país. Vamos, todos, acordar?…

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