Grávidas russas pagam pacotes VIP para parto no SUS e registro de documentos para bebês
Desde 2022, a Região Metropolitana do Recife virou destino de mulheres russas que chegam grávidas com o objetivo de dar à luz pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Esse movimento é organizado por um casal de russos que criou a empresa Brazil Papa, registrada no Brasil com CNPJ ativo.
O sócio-administrador da empresa é Arseniy Novikov, que se apresenta como responsável por intermediar todos os passos da vinda da gestante ao Brasil. A empresa afirma que já atendeu mais de 100 famílias desde 2022, oferecendo pacotes que podem chegar a US$ 6,5 mil — cerca de R$ 33 mil.
O que o pacote oferece
O serviço vendido como “turismo de parto” inclui, conforme oferta da agência: apoio com recepção no aeroporto, tradução, auxílio para encontrar moradia, auxílio para registro no SUS, agendamento de exames e parto, emissão de documentos do bebê, CPF, certidão de nascimento e até suporte para pedido de residência.
Apesar de incluir benefícios que são gratuitos em lei — parto pelo SUS, certidão de nascimento, registro — a agência comercializa o pacote como um serviço completo de assessoria logística e documental.
Questionamentos e legalidade
Autoridades e especialistas alertam que, embora o parto de estrangeiras no SUS não seja proibido, a oferta de pacotes pagos pode configurar risco de irregularidades. A agência orienta os clientes a omitir a intenção real da viagem (“dar à luz”), o que pode ferir leis migratórias.
Quando questionado, Novikov disse que não há ligação com o consulado da Rússia e que os clientes vêm “de forma orgânica”, atraídos pela cultura, clima e liberdades do Brasil. Ele afirma que o valor cobrado é por serviços de assessoria, não pelo parto em si.
Impactos na rede pública e debate social
Profissionais de saúde relataram aumento no número de partos de russas nas maternidades públicas vinculadas ao SUS, o que gerou surpresa entre as equipes. Uma médica — que preferiu não se identificar — afirmou que o padrão de chegadas frequentes chamou atenção e “não parecia mera coincidência”.
Para especialistas em direito migratório, a criança nascida no Brasil tem direito automático à cidadania e os pais podem solicitar residência com base no vínculo familiar, mas o processo deve obedecer à legislação de imigração vigente.
Com informações do Diário de Pernambuco.
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