Crescimento da agropecuária sinaliza para uma destruição sem precedentes de biomas como o Cerrado, Amazônia e Pantanal e agrava as mudanças climáticas
Duas das principais vertentes da força econômica do Centro Oeste Brasileiro, a bovinocultura e, principalmente, a sojicultura podem, também, se não tiverem um controle efetivo, se transformarem nos elementos destruidores do Cerrado Brasileiro que, por sinal, já tem grande parte comprometida. O Brasil, conhecido por sua biodiversidade e vastos biomas, enfrenta uma grande crise ambiental. Os números são preocupantes: entre agosto de 2023 e julho de 2024, o Cerrado, segundo maior bioma brasileiro, registrou um aumento inédito de 15% no desmatamento.
Esse bioma, que abriga 63% da produção agrícola e 36% do rebanho brasileiro, é um dos mais afetados pela exploração humana. A destruição contínua das florestas, a expansão do agronegócio e as queimadas estão ameaçando não apenas a fauna e flora locais, mas também o equilíbrio climático do planeta. Raquel Machado, presidente do Instituto Libio, teve parte de suas terras devastadas pelo fogo, mas, graças à ação dos mais de 20 brigadistas do PrevFogo, os danos foram minimizados. “Esse cenário não é, apenas, um reflexo das mudanças climáticas, mas, também, da expansão agropecuária irresponsável que adota o desmatamento e as queimadas como práticas de expansão territorial. Vivemos a maior crise ambiental das últimas décadas, impulsionada por um modelo agropecuário destrutivo”, complementa Raquel.
E, enquanto o Brasil enfrenta essa crise, a Costa Rica, um pequeno país da América Central, nos mostra que é possível reverter o desmatamento e adotar um modelo econômico mais sustentável. Há cinco décadas, a Costa Rica enfrentava um cenário similar ao do Brasil, com uma devastação ambiental sem precedentes. No entanto, graças a políticas públicas inovadoras e à participação ativa da sociedade civil, o país conseguiu duplicar sua cobertura florestal. Hoje, mais de 50% do território costa-riquenho são cobertos por florestas, e o país se tornou um exemplo global em conservação.
A mudança de modelo produtivo na Costa Rica, que migrou da agropecuária para o turismo sustentável e a produção de energia limpa, oferece uma lição valiosa para o Brasil. A transição para práticas mais sustentáveis pode ser a chave para preservar nossos biomas e garantir um futuro mais equilibrado para o planeta.
A agropecuária no Brasil, embora essencial para a economia, tem cobrado um preço alto do meio ambiente. Segundo a ONG, “o Brasil poderia seguir o exemplo de países como a Costa Rica e adotar políticas públicas que incentivem a conservação e a sustentabilidade. A mudança depende das escolhas que se fazem como sociedade e da pressão por práticas que protejam o meio ambiente, para se garantir um futuro mais justo para todos”. (Nilton Pereira – com agências).