Em acordo com vários órgãos estatais, as empresas receberam duas lavras de argila em troca de trabalho ambiental
A Associação das Indústrias Cerâmicas de Goiás comemora o fim da 1a fase de recuperação de uma área degradada na APA do João Leite. Durante dois anos de trabalho foi feita a tapagem de buracos e a terraplanagem do terreno, que recebeu 5,5 mil mudas de árvores nativas do cerrado. Algumas já estão com 4 metros de altura.
De acordo com o presidente da Associação, Donizete Ferreira, a conclusão dessa 1a etapa é o símbolo de que é possível produzir e, ao mesmo tempo preservar. “Acabou a era em que o homem só extraía matéria prima da natureza, sem se preocupar com a preservação. Agora sabemos que é perfeitamente viável a exploração sustentável”, disse ele.
Segundo Donizete, a área vinha sendo devastada há mais de 50 anos pelo polo cerâmico de Anápolis, que chegou a comportar 40 indústrias do ramo, fornecendo tijolos e telhas para o comércio local, além de Goiânia e o Distrito Federal. “Na época não existia essa cultura e o conhecimento de hoje sobre a importância do meio ambiente, nem havia sido desenvolvida a tecnologia para preservar ou recuperar. Os empresários não fizeram por mal. Apenas tocaram o negócio da forma como era costumeiro”, esclarece.
Mudança
Mas, em 2010, com a implantação da APA, todas as licenças ambientais das cerâmicas foram cassadas e a área interditada até que um plano de reparação de danos fosse apresentado. Sem a orientação adequada, quase 60% das empresas fecharam as portas por não conseguirem renovar a licença, deixando quase mil pessoas desempregadas. Outras, continuaram funcionando com o estoque de argila que tinham no pátio, aguardando uma solução. Foi quando, em 2015 surgiu a associação.
Desde então, mais de 100 reuniões com diversas autoridades municipais, estaduais e federais foram realizadas. Levou cinco anos para que o plano de recuperação fosse aprovado. “Foi uma luta sem tamanho pela nossa sobrevivência até que, no ano passado, o prefeito Roberto Naves, à quem somos muito gratos, assinasse a concessão de duas lavras de argila, ou seja, dois locais de onde poderíamos extrair nossa matéria prima”, detalha o presidente. “E foram duas lavras muito boas, que não só tem mantido o funcionamento das cerâmicas, como permitiu que uma das que haviam fechado voltasse à atividade”, completa.
Em contrapartida foi feito o acordo para recuperar a antiga lavra, citada anteriormente. O secretário geral da Associação, Ricardo Arantes, conta que esse trabalho tem sido realizado com excelência, servindo de modelo para o Brasil. Trata-se de um cuidado que vai perdurar enquanto a concessão das novas lavras esteja ativo. “Foi um esforço muito grande, cuja responsabilidade dos resultados devemos compartilhar com o secretário de Indústria e Comércio da época, Alexandre Baldy e o grande interlocutor junto ao Ministério Público, Wilmar Rocha”, lembra.
O presidente Sebastião Donizete explica que a lista de agradecimentos é maior. Ele fez questão de citar ainda o presidente da Câmara de Vereadores de Anápolis Leandro Ribeiro, o Deputado Federal Francisco Júnior e o secretário do Meio Ambiente da época, Wederson Lopes. “Nossa meta agora é plantar mais 10 mil mudas nos próximos quatro anos, contribuindo para que a APA seja motivo de ainda mais orgulho para os ceramistas”, finaliza ele.