O concurso foi ministrado entre o fim de agosto e início de setembro para os alunos do Ensino Médio da instituição. A redação do vencedor, você confere ao fim do texto
Dentre todos os segmentos que foram aterrorizados pela pandemia do novo coronavírus, o da educação foi um que sofreu grandes impactos e mudanças. O contingente estudantil passou um longo período sem pisar em salas de aula, se acostumando com as nuances do ensino a distância. “Eles leram e escreveram mais, mas mais informalmente, de forma coloquial”, afirma Michelle Lima, professora de redação do Colégio Adonai.
Foi com essa visão que o Colégio Adonai buscou, em meio ao retorno dos alunos às salas, com a adoção de um concurso de redação para os estudantes de seu Ensino Médio. O tema utilizado foi o patrimônio histórico cultural do Brasil, casando com o mês de setembro, data da independência do país. Durante os dias 30 de agosto e 3 do mês seguinte, os textos foram preparados com o auxílio de aulas direcionadas para o assunto.
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“Junto com a coordenação, pensamos o que poderíamos fazer para incentivar os meninos a escreverem neste período de pandemia”, lembra Michelle. Com premiações simbólicas, como mochilas, garrafas d’água e um espaço no Jornal Contexto, o objetivo da corpo docente do Adonai foi alcançado. A taxa de adesão foi grande, mostrando que os estudantes conseguiram a motivação necessária para o concurso.
Ao fim das correções, todas as séries do Ensino Médio foram contempladas no pódio. Henrique de Souza, aluno da 3ª série, acabou sendo coroado com a melhor redação (leia abaixo). Mostrando que o fascínio pela escrita é de família, sua irmã e estudante da 1ª série, Eliza, ficou com o bronze. Maria Isabelle, da 2ª série, foi quem ficou em 2º lugar do concurso. “Independente da classificação, eles são mais que vencedores, pois mesmo a nota mais baixa, foi o melhor que o aluno deu”, afirmou Michelle, orgulhosa do resultado.
Visando o Enem 2021
Tendo como base textos dissertativos-argumentativos, o concurso de redação também serviu de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021. O modelo, que é adotado em grande parte dos vestibulares pelo país, também contou com uma grade de correção semelhante a utilizada no certame nacional.
A definição do tema que seria abordado no concurso foi preparado pensando na prova nacional, que costuma utilizar assuntos que valorizam o debate argumentativo. Os patrimônios culturais e históricos do Brasil estão sendo cada vez mais deixados de lado por quem os gere, vide casos dos incêndios no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. “Resgatar um pouco essa questão da nossa identidade e da nossa cultura. Como que o jovem de hoje não tem nenhum interesse? Como será nas próximas gerações?”, questiona Aline Morais, coordenadora pedagógica do Colégio Adonai.
Aline também pontuou que a semelhança e proximidade com o Enem, que será realizado nos dias 21 e 28 de novembro, ajuda ainda mais a motivar o corpo estudantil. Motivação essa que é o principal desafio da educação atual, na opinião da coordenadora: “É meio que tirar ouro do cascalho, pois o aluno sabe o que tem de fazer muitas vezes. Mas ele não vê propósito. Acho que mostrar paras eles onde isso se encaixa no futuro que é a grande dificuldade que a escola tem hoje”, afirma.
Textos vencedores
“O que eu mais gosto de fazer é escrever. Pois através dela é que pode ser expressado o que não pode ser dito pela fala”, a frase dita por Henrique exprime o amor que o campeão do concurso tem pela escrita. O aluno afirma ter se empenhado ao máximo para a construção de seu texto, buscando referências e fontes relacionadas ao tema. O resultado, você confere abaixo na redação de Henrique P. de Souza:
“Para o físico alemão Albert Einstein, “uma pessoa inteligente resolve um problema, um sábio o previne”. À vista dessa assertiva, é notável que providências devem ser tomadas, para preservar o patrimônio cultural brasileiro. Entre os fatores que se articulam a esse impasse, podem ser ressaltados, a falta de investimentos financeiros, bem como o impacto da pandemia de covid-19 na economia criativa nacional.
Precipuamente, é inegável que a supressão de verba pública, relaciona-se à conservação da herança cultural do Brasil. Nesse viés, com o corte orçamentário de R$80 milhões, em 2019, para R$67 milhões, em 2020, segundo o jornal O Tempo – mais de 30 museus em todo o país, foram afetados negativamente, devido às constantes demandas na manutenção de suas redes elétricas, hidráulicas e na parte estrutural. Entretanto, mesmo essas instituições sendo resguardadas perante a legislação – consoante a Lei N°8.313 de dezembro de 1991 (Lei Rouanet), que criou o Programa Nacional do Brasil de Apoio à Cultura (PRONAC), responsável por regulamentar incentivos fiscais, facilitar o acesso às fontes de cultura e salvaguardar as expressões culturais dos grupos formadores da sociedade brasileira – não estão atuando de forma efetiva. Ilustração patente dessa realidade, é que em 2018, um incêndio consumiu o Museu Nacional do Brasil, devido a falhas estruturais, segundo o site G1.
Ademais, indubitavelmente, pode-se associar as sequelas resultantes do distanciamento social, na economia criativa, à memória e identidade da nação. Isso é, com o início da pandemia, esse ramo sofreu um rombo monetário, com o fechamento de museus, teatros, cinemas, “startups”, etc. Isso posto, consoante à evidência, de que esse setor corresponde a 2,64% do Produto Interno Bruto (PIB) e, igualmente, responsável por 4,9 milhões de postos de trabalho, sofreu queda de 31,8% no PIB do segmento, em 2020, segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também, de acordo com o pesquisador alemão Jan Assmann, afirma que a memória cultural permite a construção da identidade de cada um, através de uma imagem narrativa do passado, ou seja, ela ratifica um indivíduo como parte de um coletivo, justificando sua relevância na sociedade.
Por conseguinte, é necessário que ocorram intervenções para amenizar essas eventualidades. Primeiramente, o Governo, mais especificamente o Ministério da Cidadania, deve investir em políticas favoráveis à harmonia e bem-estar social, por meio da aplicação de capital, reformando museus e centros históricos, além de prover tecnologias, como “podcasts” e exposições virtuais, a fim de perdurar o legado histórico e cultural do País. Outrossim, ficções engajadas a exemplo de novelas, séries e filmes, poderiam abordar acerca da interferência do coronavírus no âmbito econômico, artístico e educacional, visando informar a população sobre essa condição, que assola a atualidade. Doravante, atenuar-se-á em médio e longo prazo o efeito nocivo desse empecilho, conforme preconizado por Albert Einstein.”
Abaixo, você confere os textos da 2ª e 3ª colocada, respectivamente, Maria Isabelle e Eliza: