“A crise é sintoma de um sistema elétrico nacional falido, evidenciado pelos esforços do Governo Federal para privatizar a Eletrobras. A incompetência é Clara”
Vander Lúcio Barbosa
Os paulistanos enfrentam há algum tempo a problemática da energia elétrica instável, resultando em perdas econômicas significativas para a indústria, comércio, setor doméstico e serviços. O aumento do consumo agrava a situação, levando a uma crise na maior metrópole sul-americana. Atualmente, a empresa Enel é alvo de críticas, porém é importante considerar que a responsabilidade não é exclusivamente dela.
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A problemática energética em São Paulo não é recente, com empresas como Eletropaulo (1981) e Light (1901) enfrentando desafios similares. Propostas de transferir a concessão da Enel para outra empresa surgem, porém, não há uma solução mágica. A crise é sintoma de um sistema elétrico nacional falido, evidenciado pelos esforços do Governo Federal para privatizar a Eletrobras. A incompetência é clara.
Na década de 80, os investimentos escassos no setor elétrico, devido à situação deficitária das contas externas, comprometeram o fornecimento de eletricidade, incapaz de acompanhar a demanda crescente. A intensificação do uso industrial e residencial da energia tornou-se um desafio. Em resposta, o Governo Brasileiro iniciou mudanças no setor elétrico, com o processo de privatização das distribuidoras de energia a partir de 1995, buscando soluções a longo prazo e investimentos significativos.
A entrada de empresas, incluindo multinacionais, no mercado brasileiro trouxe resultados questionáveis. Muitos projetos fracassaram, como visto em Goiás, com a falência da CELG e sua transferência para a Enel, que enfrenta problemas em São Paulo e outras regiões. A crise levou ao rompimento do contrato com o governo estadual. A parceria com a Equatorial trouxe esperanças, mas ainda não conquistou a confiança dos goianos nem solucionou o problema.
O sistema continua falho, deficitário, inconfiável. Mas, se tirarem a Equatorial e colocarem outra, também, não se resolve em curto prazo. É o caso de São Paulo. Se tirarem a Enel, mesmo assim, vai ser necessário um bom tempo para se observarem bons resultados com outra empresa. Se é que eles acontecerão.