Nos tempos atuais, principalmente no Brasil, está muito perigoso dizer alguma coisa para alguém, mesmo que este alguém seja de nosso relacionamento. Um elogio, por mais banal que seja, pode ser interpretado como ofensa, pode gerar processo, pode causar aborrecimento. Colocar apelido, nem pensar. Abordar a cor da pele, o penteado, a maquiagem e os trajes de alguém, pode se transformar de elogio em agressão e os dois (“ofensor” e “ofendido”) irem parar nas barras dos tribunais.
Acabou-se o tempo em que era comum uma brincadeira sadia que, por sua vez, era tirada de letra, levada na esportiva. Hoje, até parentes estão se estranhando e chamar alguém de gordo, mesmo que este alguém seja gordo, pode dar uma tremenda dor de cabeça para quem assim o definiu. Da mesma forma, falar que alguém seja feio, ou alto, ou magro, ou careca, ou tenha a boca grande, se o “ofendido” quiser, pode processar.
Assim sendo, os relacionamentos ficam, cada vez mais, restritos, resumidos, sem graça. Nem nas redes sociais (nelas parece que é pior) pode-se, mais “tirar um sarro” com alguém, a despeito de haver liberdade entre as duas pessoas para tal. Portanto, estamos fadados a nos comportar formalmente, sem o pitoresco, sem a ginga tradicional do brasileiro, sem a liberdade de comunicação. Em resumo, a vida social está ficando muito chata, sem graça. Sem graça e, perigosa.