Distrito Industrial de Anápolis, inaugurado há 46 anos, merece maior reconhecimento pela contribuição ao desenvolvimento do Estado
O decreto estadual nº 187, de 17 de setembro de 1973, foi uma espécie de embrião da criação do Distrito Agro Industrial de Anápolis (DAIA). Pelo referido, 41 proprietários de terras próximas aos trilhos da estrada de ferro foram indenizados e as escrituras dos terrenos foram outorgadas à Goiásindustrial, empresa de economia mista criada para implantar e fazer a manutenção dos distritos industrias no Estado. Hoje, a denominada Codego (Companhia de Desenvolvimento do Estado de Goiás).
No dia 09 de novembro de 1976, com as presenças do então Governador de Goiás, Irapuan Costa Júnior e do então Presidente da República, General Ernesto Geisel, era inaugurado o DAIA, um marco no processo de industrialização de Goiás, cuja economia tinha um perfil meramente comercial e agropecuário.
Durante o governo de Mauro Borges (1961 a 1964), foi criado o Plano de Desenvolvimento de Goiás (PDEG), também conhecido por Plano MB, que era inspirado no Plano de Metas do, então, Presidente Juscelino Kubitscheck. Foi dentro desse planejamento, que o Governo da época começou a criar órgãos e secretaria vinculados, de alguma forma, à plataforma de desenvolvimento econômico e modernização do Estado.
A política para a construção de distritos agroindustriais em Goiás teve o seu ápice no ano de 1973, no governo de Leonino di Ramos Caiado, com o advento da Lei nº 7.700 que previa isenções de impostos e criava a Superintendência de Distritos e Áreas Industriais, que ficaria responsável por escolher os locais e dotar de infraestrutura necessária para acolher as plantas industriais.
Anápolis, que desde o início de sua história já tinha forte vocação comercial, acabou sendo estrategicamente escolhida para abrigar um polo industrial, sobretudo, por sua localização, entre duas capitais (Goiânia e Brasília); por estar no centro do País e ser servida por três rodovias federais – BRs 153, 060 e 414 – facilitando o escoamento da produção de Norte a Sul do País. Além disso, a Cidade foi pioneira ao receber a primeira escola de formação profissional para a indústria do Senai (em 1952) fora do eixo Rio/São Paulo.
Crescimento
Após a sua inauguração, o DAIA passou por um período de dificuldades, já que a área, a infraestrutura oferecida, a localização geográfica privilegiada do Município e a política de incentivos não eram, ainda, elementos que, por si só, atraíssem os investimentos tirando o foco da região Centro-Sul do País.
A partir de meados da década de 80, o governo goiano, na gestão de Íris Rezende Machado, adotou uma política mais agressiva de incentivos fiscais, a partir da Lei nº 9489, de 19 de julho de 1984, que criou o Fundo de Fomento à Industrialização (FOMENTAR), que substituiu o Fundo de Expansão da Indústria e Comércio (FEINCOM), oriundo da lei nº 7.700.
Depois veio o PRODUZIR (Lei nº 13.591, de 18 de janeiro de 2000), dando uma repaginada na política de incentivos fiscais, com o intuito de oferecer mais competitividade ao Estado na busca de investimentos para a geração de empregos, rendas e divisas.
As primeiras indústrias a se instalarem no distrito foram a Cemina, do grupo catarinense Cecrisa, fabricante de produtos de cerâmica branca; a Precon, produtora de artefatos de cimento e amianto; e o Centro de Gemologia do Estado de Goiás, que prosperou, mas teve as suas atividades paralisadas.
Marcos
A história do DAIA tem alguns marcos importantes, dentre eles, a implantação da Estação Aduaneira Interior (EADI), em 1999. Foi o primeiro Porto Seco da região Centro Oeste, criado por meio de concorrência pública e licenciado ao grupo empresarial vencedor do certame para a prestação de serviços aduaneiros.
A partir de então, a economia de Anápolis e de Goiás projetou um novo cenário com o aumento da exportação e da importação de produtos.
Outro marco foi a implantação do Polo Farmacêutico, que ocorreu pouco tempo depois da vigência da Lei 9.787, a chamada Lei dos Genéricos.
Através de uma política fiscal setorizada, o Estado de Goiás atraiu mais de duas dezenas de indústrias e, hoje, Anápolis é considerado o segundo município brasileiro maior produtor de medicamentos genéricos e o terceiro maior produtor de remédios em geral do País, abrigando plantas como as dos grupos Hypermarcas e Teuto/Pfizer, que estão entre as maiores da América Latina.
No ano de 2007, o DAIA recebeu a primeira planta automotiva, com a implantação da CAOA, ligada à marca sul-coreana Hyundai, que mais tarde incorporou a chinesa Chery.
Desafios
O DAIA, hoje, com cerca de 170 empresas em funcionamento, emprega mais de 20 mil trabalhadores. É o maior dos 34 distritos industriais administrados pela Companhia de Desenvolvimento do Estado de Goiás (Codego).
Devido ao seu crescimento acelerado, ele carece de área para se expandir. Além de uma atenção especial em relação à infraestrutura: energia elétrica, água e esgoto.
Isso, sem contar outras demandas como segurança e a inauguração das obras do Aeroporto de Cargas, do Centro de Convenções, do Anel Viário e a efetiva operacionalidade da Ferrovia Norte Sul e sua interligação à Ferrovia Centro-Atlântica.
E, não menos importante, o DAIA necessita do reconhecimento de seu papel como uma das mais importantes engrenagens do desenvolvimento industrial de Goiás.