O bacharel Glayson Resende Reis, professor de Direito e Delegado titular do Terceiro Distrito Policial, foi um dos convidados para a Reunião Ordinária de Diretoria da Associação Comercial e Industrial de Anápolis, na noite de quarta-feira, 27. Ele apresentou aos empresários, e convidados presentes, o esboço do que seria um projeto piloto para se melhorarem as condições de segurança no Município, com atribuições divididas pelos vários níveis de poder e com a participação da sociedade em geral. Segundo ele, esta ideia está sendo amadurecida há cinco anos, com a participação de acadêmicos de Direito e outros formadores de opinião ligados às questões de segurança.
Na visão do Delegado, grande parte da sociedade organizada desconhece a máxima de que “a segurança é um dever do Estado, mas, uma responsabilidade de todos”, inserido no texto da Constituição Federal desde 1988. Para a autoridade policial, existe um equívoco político/administrativo, com o Governo da União repassando toda a responsabilidade de se gerir a segurança para os governos estaduais. Ele criticou, ainda, a política carcerária nacional e assegurou que o sistema vigente precisa ser remodelado. De acordo com Glayson Reis, cuida-se, atualmente, no Brasil, do combate ao criminoso e, não, ao crime e suas origens. “Podem colocar um policial para cada cidadão, que a violência não diminui. O problema está na raiz social e é lá que tem de ser combatido”, alegou.
Outra colocação de Glayson Reis aos empresários da ACIA é que se torna imperiosa e necessária a adoção de políticas municipais de segurança e mencionou, pelo menos, três tópicos considerados fundamentais: o controle dos egressos do sistema carcerário, pois, muitos deles saem da cadeia e não têm qualquer ponto de apoio para reiniciarem a vida e acabam voltando à marginalidade. O delegado disse que mais de 90 por cento dos crimes considerados graves são praticados por reincidentes.
Maioridade penal
O titular do Terceiro DP disse, também, que a ideia de diminuir a responsabilidade penal para 16 anos, ou menos, “é um grande equívoco que se comete atualmente. Isto significa que a sociedade se rende ao crime e que atesta ser incapaz de lidar com o problema. Com a diminuição da maioridade, as cadeias que já estão abarrotadas, vão receber milhares de jovens que, quando saírem de lá, estarão formados e pós-graduados em criminalidade”, alegou, justificando que o atual sistema carcerário não recupera ninguém.
Outro aspecto levantado pelo Delegado Glayson Reis é quanto ao atendimento às mulheres vítimas de violência que, da mesma forma, não encontram amparo para se protegerem da situação em que foram colocadas. Falou, ainda, sobre a necessidade de se extinguirem pontos críticos de ajuntamento dos grupos marginais, como prédios abandonados, os locais sem iluminação e chamou a atenção para que os governos municipais assumam, também, suas parcelas de responsabilidade na criação de políticas inteligentes para o combate à violência.
Ainda a respeito da necessidade do envolvimento dos governos municipais nas políticas de segurança, Glayson Reis assegurou que existem pontos nevrálgicos a serem enfrentados, como a adoção de políticas para a infância e a juventude, interceptando esta parcela da população antes que ela seja alcançada pela criminalidade. Ele falou, ainda, sobre o combate ao tráfico de drogas e a necessidade de ser chegar aos grandes traficantes. “Atualmente combatemos, apenas, os pequenos, os nanicos. As polícias, em geral, ainda não chegaram à totalidade dos poderosos do narcotráfico”, declarou o delegado.
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