O achatamento salarial afeta cada vez mais os trabalhadores brasileiros, inclusive aqueles que deveriam estar desfrutando de sua merecida aposentadoria.
Hoje, muitos idosos se veem obrigados a retornar ao trabalho, seja em escritórios, chão de fábrica, trabalhos informais ou pequenos biscates, a fim de complementar a renda familiar ou sustentar seus lares. É uma realidade contraditória que precisa ser encarada.
De acordo com um levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o número de pessoas com mais de 50 anos no mercado de trabalho mais que dobrou nos últimos 15 anos, passando de 4,4 milhões em 2006 para 9,3 milhões em 2021, um aumento de 110,6%.
Os integrantes da chamada “melhor idade” agora estão envolvidos em uma rotina que envolve acordar mais cedo, trabalhar, almoçar, trabalhar novamente e, finalmente, descansar à noite, afinal, ninguém é de ferro.
Essas estatísticas refletem também o aumento da população brasileira com mais de 50 anos, que cresceu 63,2% no mesmo período, alcançando 55,5 milhões em 2021. O envelhecimento populacional é uma tendência global, e os profissionais mais experientes são valorizados por suas habilidades técnicas e socioemocionais.
Entretanto, no Brasil, a questão é mais financeira do que técnica. A maioria dos aposentados recebe em torno de um salário mínimo (R$ 1.320,00) ou um pouco mais, o que é insuficiente para suprir suas necessidades básicas.
A permanência dos trabalhadores com mais de 50 anos no mercado de trabalho está diretamente relacionada às mudanças no regime previdenciário e à necessidade de obter remunerações compatíveis com o padrão de vida. O número de empregos destinados a essa faixa etária aumentou em 38,6%, passando de 12,6% do total de vagas em 2006 para 19,1% em 2021.
Metade desses trabalhadores encontra-se na região Sudeste, porém as regiões Norte e Centro-Oeste, incluindo Goiás e Anápolis, registraram o maior aumento proporcional, com crescimentos de 129% e 132%, respectivamente, entre 2006 e 2021. Os setores de Comércio (164%), Serviços (136%) e Indústria (96%) foram os que mais contrataram trabalhadores com 50 anos ou mais.