Novos estudos sugerem que uma em cada 30 pessoas possui o transtorno. Homens são 4 vezes mais propensos que as mulheres
O resultado de um estudo que acaba de ser publicado na revista Jama Pediatrics, feito com 12.554 pessoas revelou um número de prevalência de autismo entre crianças e adolescentes nos Estados Unidos de 1 para cada 30 crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos naquele país, com dados de 2019 e 2020.
A prevalência anterior, considerada uma das mais relevantes do mundo, era de 1 em 44, divulgado em dezembro de 2021 pelo CDC (sigla em inglês do Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo dos EUA), com dados referentes a 2018.
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Liderados por Wenhan Yang, os pesquisadores usaram dados da National Health Interview Survey (pesquisa realizada anualmente pelo CDC) para mostrar que o número de diagnósticos de transtorno do espectro do autismo (TEA) em crianças e adolescentes estadunidenses está aumentando desde o início das pesquisas. A diferença é que o CDC avalia crianças de 8 anos e, neste estudo, publicado em 2022, foram considerados indivíduos de 3 a 17 anos.
A prevalência em 2019 foi de 1 em 35; em 2020, 1 em 28. Considerando-se os dois anos, o número final foi de 410 autistas em 12.554 indivíduos, ou seja, 1 em 30. Os meninos nos EUA continuam sendo a maioria dos diagnósticos, sendo de 4 homens para cada mulher.
Brasil
Estudos da mesma natureza no Brasil já haviam apontado um quadro preocupante de que 1 em cada 5 pessoas sofreriam de autismo no país. Entretanto, esses dados consideram uma projeção de casos não diagnosticados e ainda todos os graus do espectro autista, já que o transtorno pode se manifestar desde sua forma mais leve até casos em que o indivíduo não possua qualquer condição de conviver em sociedade.
Já os testes que consideram apenas os graus mais elevados, os números mostram uma equivalência parecida com os testes realizados nos Estados Unidos.
Embora os estudos não tenham discutido as razões para o aumento do TEA entre as crianças americanas, o presidente da APAE ANÁPOLIS, Vander Lúcio Barbosa, atribui esse crescimento ao acesso ao tratamento e diagnóstico do transtorno, assim como uma maior conscientização sobre o TEA por pais e médicos.
“Criamos datas para lembrar e explicar o que é o autismo e suas consequências para pacientes, pais e para a sociedade, deixando a população mais inteirada acerca do problema, estimulando seu diagnóstico e tratamento”, explica ele.
Vander considera a discussão positiva e um passo importante para o controle do autismo. “Já é possível diagnosticar o problema em bebês, o que leva ao tratamento precoce e ao aumento na taxa de sucesso do tratamento, podendo os portadores do transtorno melhorarem significativamente sua qualidade de vida e até mesmo se integrarem totalmente ao círculo social”, declara ele.
APAE ANÁPOLIS
No entanto, Vander admite que o diagnóstico de TEA é difícil, pois não há exame médico objetivo, como um exame de sangue, por exemplo, para diagnosticar o distúrbio. Os médicos analisam o histórico de desenvolvimento e o comportamento da criança para fazer um diagnóstico. Nesse aspecto, a APAE ANÁPOLIS tem se destacado com um time de especialistas capazes de uma avaliação multidisciplinar que aponta não só o diagnóstico, mas seu grau de intensidade e o tratamento adequado à cada paciente.
“O autismo faz parte do quadro de Doenças Raras, das quais a APAE ANÁPOLIS é referência em diagnóstico e tratamento no Centro-Oeste. Investimos muito no quadro de especialistas e na variedade de terapias que os pacientes exigem para se desenvolverem adequadamente. E o resultado temos visto ao longo dos anos. Pais satisfeitos e autistas com um alto grau de adaptação”, resume o presidente.
Popularidade
O aumento expressivo do diagnóstico de “Transtorno do Espectro Autista” em adultos é tema de matéria relevante publicada pela revista Nexo. Um estudo britânico publicado em agosto de 2021 sugeriu que os números cresceram espantosos 787%, entre 1998 e 2018. E o tema tornou-se cada vez mais popular com a revelação de casos como os do ator Anthony Hoptkins, a comediante neozelandesa Hannah Gadsby e as brasileiras Amanda Ramalho (jornalista) e Marina Amaral (artista gráfica).
Mas por que uma condição que provoca manifestações como rigidez comportamental, dificuldades em olhar outras pessoas nos olhos e tendência a ignorar o ambiente no entorno é diagnosticada tardiamente?
A matéria ouve vários estudiosos e seria temerário resumi-la neste espaço. Mas sobressai uma suspeita. E se os diagnósticos de autismo forem tão arbitrários e medicalizantes quanto parecem ser, às vezes, os de TDAH em crianças?
Os estudos sobre o autismo ganham força com essa popularidade e servem para que as pessoas compreendam que não há motivos para a sustentação de preconceitos, estimulando ainda que novas teorias e tratamentos sejam desenvolvidos, levando a avaliações mais conscientes e intervenções mais assertivas. “Quanto mais falarmos sobre o assunto, mais informações teremos para lidar com a situação, tornando o mundo menos preconceituosos e mais tolerante com as diferenças”, finaliza Vander.