Ausência da conversação pode gerar consequências graves. Especialista da dicas de como enfrentar os desafios
Por Ana Rita Noronha
Talvez, em nenhuma outra época, a relação entre pais e filhos tenha estado tão estremecida e conturbada como atualmente. Com o isolamento social, a situação tem só piorado, afinal, sem os diversos escapes tradicionais, como escola, aulas extras e esportes, o diálogo entre ambas as partes têm se tornado cada vez mais escasso.
A culpa acaba rolando de mão em mão. Pais dizem que filhos não os compreendem, filhos falam ao contrário dos pais e, desta forma, todos acabam em uma ilha, onde nenhuma das partes dão o braço a torcer e nada é resolvido.
Conforme explicado pela psicóloga Sandra Assunção, a falta de diálogo familiar pode ser o início de inúmeros problemas. Afinal, quando não há conversação os pais acabam, de certa forma, não observando os filhos e deixam de dar-lhes a devida atenção, principalmente no que diz respeito às mudanças que vêm sofrendo.
“À distância e falta de tempo pode parecer, por hora, o caminho mais conveniente para evitar as brigas e o estresse, mas, no final, apenas adiará uma dificuldade futura que, cedo ou tarde, irá surgir. Pais precisam dar mais atenção aos filhos, independentemente da idade. Indagando-os sobre a escola, os estudos, os amigos, as vontades, as dificuldades e os sonhos”, esclarece.
Consequências
A conversa é uma peça fundamental na educação da criança. É através dela que o jovem conseguirá administrar o conhecimento que recebe e gerenciar os pensamentos que carrega. A falta desse contato pode gerar consequências graves na estrutura psíquica e comportamental da criança.
De acordo com Sandra, entre os efeitos, sentimentos de rejeição e vulnerabilidade são os principais. “O indivíduo precisa sentir que está sendo ouvido desde a infância. Uma criança que não consegue falar porque não é escutada tende a se excluir de círculos sociais. O que é bastante prejudicial, visto que o contato com outras pessoas também ajuda na sua formação intelectual”, acrescenta.
Tecnologia
Não é segredo que a tecnologia vem afetando as relações familiares dentro de casa. O uso excessivo de smartphones, celulares ou tablets, vêm atrapalhando, consideravelmente, o relacionamento entre pais e filhos, tornando o diálogo cada vez mais raro.
Segundo a especialista, para amenizar a situação, cabe aos pais tomarem medidas que visem moderar o uso da tecnologia em casa, como também criarem normas socioeducativas que co-relacionem a todos. Sandra ainda enaltece a importância de os responsáveis explicarem para as crianças e adolescentes a diferença entre verdade e ficção quando se trata de internet.
“Hoje, infelizmente, o que temos mais visto são crianças e adolescentes com problemas de autoestima. A internet, principalmente as diversas mídias sociais, são as principais causadoras disso. Os pais devem ficar sempre atentos ao tipo de conteúdo que os filhos estão acessando e guia-los da melhor forma. Apesar de ser um ótimo refúgio, se não moderado, a tecnologia pode se tornar grande vilã”, completa a psicóloga.
