Premiado na categoria Fomento à Produção Anapolina no 27º Salão Anapolino de Arte e selecionado na atual edição, o artista Diego Oliveira tem experimentado um crescimento exponencial em sua trajetória, que se confirma com a realização de sua primeira exposição individual – “Entrega Urgente” -, apresentada no Museu de Artes Plásticas de Anápolis (Mapa). A mostra, aberta à visitação até 22 de novembro, reúne trabalhos produzidos ao longo dos últimos anos e uma série recente, fruto de suas experimentações durante residência no Barranco Ateliê, novo espaço anapolino dedicado à arte contemporânea. O Mapa funciona das 8h às 12 e das 14h às 17h, de segunda a sexta-feira. A visitação é gratuita.
Com curadoria de Joardo Filho, a exposição apresenta a série de fotografias Percepção, obra que foi premiada no último Salão Anapolino de Arte e que explora a solidão nas cenas urbanas e os espaços estreitos e pouco iluminados que o artista percorre no seu dia a dia de trabalho como entregador. Nesta série, Diego utiliza a fotografia como um dispositivo narrativo, projetando sua própria solidão nos transeuntes e revelando, em um jogo de luz e sombra, as angústias e o isolamento do cotidiano. A escolha de corredores escuros como cenário destaca o contraste entre a presença e a ausência, capturando momentos que refletem tanto sua experiência pessoal quanto a rotina urbana anônima.
Com “Entrega Urgente”, Diego Oliveira confirma seu potencial no cenário artístico, utilizando a fotografia como ferramenta de expressão e análise crítica de sua vivência como trabalhador e artista no Brasil contemporâneo, afirma o curador Joardo Filho. “A exposição se firma como uma imersão poética e reflexiva no universo de Diego, unindo técnica, sensibilidade e crítica social em uma obra que, ao capturar o ordinário, revela o extraordinário”, ressalta.
Em suas produções mais recentes, Diego Oliveira aprofunda sua pesquisa ao trazer elementos de seu trabalho como entregador. Na série Reflexão, o artista usa o próprio celular para registrar seu reflexo diante de portas de vidro, em cenas que remetem ao limiar entre o caos urbano e a intimidade do ambiente interno. Tais registros, muitas vezes feitos com pressa e espontaneidade, marcam uma mudança em sua abordagem fotográfica, que ele mesmo define como “fotografia suja”, mais imediata e direta, refletindo a urgência de suas entregas e revelando-se como uma forma de autoexpressão e resistência.
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Outra série em destaque na exposição, Zona de Conforto, oferece uma visão mais íntima de sua vida ao retratá-lo em casa, em um momento de vulnerabilidade. Em uma performance autorreflexiva, o artista se posiciona em um canto do quintal, quase indistinguível dos objetos inanimados que o cercam, questionando o lugar do trabalhador e do artista em sua própria realidade.
Diego também explora sua identidade regional em Sertanejo Nato (2024), que marca um retorno às suas raízes goianas. Crescido em São Francisco de Goiás e agora residente em Anápolis, o artista constrói uma narrativa que contrasta com a imagem do motoboy típico das metrópoles, integrando referências locais, como o híbrido moto-carroça, em vídeos da série Colocar a moto na frente das carroças (2024). Esta união entre tradição e modernidade reflete a identidade em constante construção de Diego, um artista que se apropria de elementos do cotidiano sertanejo em um contexto urbano.
Outro destaque é sua obra A horse and a delivery man (2024), inspirada na famosa sequência fotográfica The Horse in Motion de Eadweard Muybridge. Nela, Diego coloca o trabalhador contemporâneo – o motoboy – como sucessor simbólico do cavaleiro retratado por Muybridge, usando a icônica mochila vermelha do iFood em contraste com a estética monocromática. Esse trabalho, avalia Joardo Filho, sintetiza a habilidade de Diego em unir a história da fotografia com a linguagem pop, aproximando sua produção da fronteira entre a fotografia e o cinema e revelando, com olhar perspicaz, a urgência e a complexidade das relações sociais modernas.
Serviço
Exposição: “Entrega Urgente” – individual de Diego Oliveira
Curadoria: Joardo Filho
Visitação: até
22 de novembro
Segunda a sexta, 8h às 12h – 14h às 17h
Local: Mapa – Museu De Artes Plásticas de Anápolis
Praça Americano do Brasil – St. Central
Projeto executado com recursos do Fundo Municipal de Cultura de Anápolis
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