Jair Bolsonaro questionou vacinas, defendeu tratamento precoce, falou sobre o relatório do TCU sobre mortes da Covid-19 e atacou CPI da Pandemia
O discurso do presidente da República, Jair Bolsonaro, em Anápolis, durante a participação de um culto realizado na igreja Church In Connection, teve grande repercussão em todo o País, figurando como destaque em praticamente todos os grandes veículos de comunicação.
Bolsonaro esteve na cidade na última quarta-feira, 09/06. Ele chegou por volta das 14 horas no Aeroporto Civil JK e retornou à Brasília por volta das 17 horas, após vários encontros com lideranças religiosas, políticas e empresariais. A agenda do presidente foi restrita à imprensa, que acompanhou apenas de longe a movimentação.
Entretanto, o discurso do presidente, que foi amplamente divulgado, ganhou enorme repercussão devido ao seu teor. Em sua fala, Bolsonaro defendeu o uso da cloroquina, colocou a vacina contra a Covid-19 em xeque, disparou contra a CPI da Pandemia e, ainda, falou sobre o relatório do Tribunal de Contas da União sobre o superdimensionamento de mortes por Covid-19 no Brasil. Além disso, citou possível fraude nas eleições de 2018, quando foi eleito para o cargo.
Sobre a eleição, Bolsonaro fez um breve apanhado de sua trajetória política até chegar à Presidência e o apoio que recebeu de importantes lideranças evangélicas, como os pastores Silas Malafaia e Edir Macedo. Lembrou também- e se emocionou- com o fato ocorrido na campanha em que levou uma facada e se salvou “por um milagre”.
Na sequência, Bolsonaro emendou: “Fui eleito no primeiro turno, tenho provas materiais disso, mas o sistema me jogou para o segundo turno. Só ganhei [no segundo turno] porque tive muitos votos”.
Covid-19
O presidente salientou que enfrentou problemas no início do governo, mas montou uma boa equipe ministerial. No entanto, “veio um negócio chamado pandemia”, disse, salientando que a questão foi politizada, com implantação de ações como o lockdown e toque de recolher.
“Não provas se esse vírus nasceu de um animal ou se nasceu em um laboratório, mas ele está aí”, disse.
Bolsonaro citou também o relatório do Tribunal de Contas da União que, conforme relatou, sugere erro na metodologia de envio de recursos aos estados levando em conta a incidência da Covid-19, que “suscitar a prática indesejável de superdimensionamento de pessoas infectadas e mortas para que aqueles estados pudessem angariar mais recursos”. O presidente ressaltou que não é a posição sua, mas de um relatório do órgão, ou seja, do TCU.
Ao desacreditar o número de óbitos, o qual estaria superdimensionado, Bolsonaro observou que ele, talvez, seja o único Chefe de Estado no mundo que fala sobre isso: “Estou certo? Para acertar na Megasena, alguns acertam sozinhos, isso acontece”, comparou.
Vacinas
No tocante ainda à pandemia, o presidente fez uma indagação sobre vacinas, dizendo que não há evidências sobre o uso da cloroquina, mas não há também sobre as vacinas que, segundo ele, estão em caráter experimental.
Bolsonaro relatou que usou a hidroxicloroquina, como forma de tratamento precoce- que ele defende- contra a doença. E questionou a plateia sobre quem já teria tomado a medicação, com várias manifestações positivas. “Quer prova maior”, disse, para reforçar sua tese de que o remédio tem eficácia.
Importante salientar que o uso de qualquer medicação só deve ser feito mediante a prescrição médica, sobretudo, em se tratando de uma doença altamente transmissível e letal, como é o caso da Covid-19.
Dentro do tema pandemia, Bolsonaro fez referência no seu discurso à CPI que trata do assunto e ironizou: “Que CPI é essa? De Renan Calheiros? de Omar Aziz? Daquela pessoa alegre do Amapá?”
Ao sair da igreja, o presidente Jair Bolsonaro foi de encontro ao grupo de apoiadores que o aguardava do lado de fora, o chamando de “mito”. Ele não usava máscara e fez questão de cumprimentar alguns policiais que faziam a segurança no local. Ele evitou contato com os profissionais da imprensa que faziam a cobertura da visita.