Claudius Brito – Parece que foi ontem. Mas dois anos já se passaram desde 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, oficialmente, que a epidemia do novo coronavírus havia se tornado uma pandemia, ou seja, o vírus SARS-coV-2 se espalhou pelos quatro cantos do planeta, sendo o agente causador da Covid-19, doença caracterizada pela alta contaminação e letalidade.
Aqui no Brasil e em Anápolis, em particular, a pandemia, num primeiro momento, parecia ser algo distante.
O primeiro epicentro foi na China, mais precisamente, na cidade Wuhan, província de Hubei.
Cidadãos brasileiros que se encontravam lá em Wuhan teriam de retornar ao país e, para isso, seria necessária a realização de uma grande operação de repatriação. Faltava definir onde e como abrigar o grupo, bem como as demais pessoas que participariam da ação de resgate.
O medo de uma doença que se revelava terrível afastou o interesse na recepção aos repatriados.
E, num gesto humanitário, Anápolis se prontificou a receber aquelas pessoas que estavam em Wuhan. Num esforço conjunto do Município, do Estado e do Governo Federal, uma grande e inédita estrutura foi montada na Base Aérea para fazer o acolhimento.
Dois hotéis existentes dentro da unidade militar, que eram destinados a hospedagem de oficiais da Força Aérea em trânsito, foram preparados para receber homens, mulheres e crianças que logo chegariam da China.
A preparação durou vários dias, devido ao aparato de segurança sanitária montado para que não houvesse a possibilidade de uma eventual transmissão do vírus, caso algum repatriado apresentasse sinais de contaminação com o novo coronavírus.
Toda preparação e a chegada das duas aeronaves da frota presidencial trazendo os repatriados foi acompanhada por veículos de imprensa do Brasil e de outros países.
Numa fria e chuvosa manhã de domingo, no dia 9 de fevereiro, ocorreu o desembarque dos repatriados e dos integrantes da missão na Base Aérea de Anápolis.
Após 14 dias de isolamento, a Operação Regresso à Pátria Amada Brasil chegou ao fim e os “confinados” na BAAN foram liberados para retornarem aos seus lares. Felizmente, sem nenhum caso de contaminação e transmissão.
A missão foi cumprida com sucesso e Anápolis deixou o seu legado na história da pandemia com o seu gesto de acolhimento voluntário e humano.
A chegada do vírus
O primeiro caso confirmado do novo coronavírus em Anápolis foi notificado no sistema de saúde anapolino, no dia 16 de março de 2020. Naquela mesma data, o prefeito Roberto Naves anunciava as primeiras medidas restritivas para o enfrentamento da terrível doença no Município.
O primeiro registro oficial de óbito de um morador de Anápolis, ocorreu no dia 30 de abril de 2020. Foi uma mulher de 75 anos de idade, cuja identidade foi preservada.
A partir de então, a população passou a conviver com vários tipos de situações como o fechamento de estabelecimentos considerados não essenciais. O acesso aos supermercados, por exemplo, foi restringido e era preciso fazer fila para ter acesso.
Dentro dos estabelecimentos, as pessoas não ficavam próximos a havia muito silêncio.
Com o lockdow, as pessoas tiveram de ficar mais em casa. Como num filme de ficção científica, as ruas ficaram ficaram desertas.
O clima de apreensão tomou conta das pessoas. Para quebrar esse clima, muitos artistas e grupos começaram a fazer apresentações musicais das sacadas dos prédios, nas áreas livres de condomínios e aonde se pudesse levar um alento para o enfrentamento da situação.
Momentos difíceis, já que em razão da situação crítica de momento, até os templos religiosos tiveram de ficar fechados.
Referência
A pandemia se alastrou rapidamente, levando a uma ocupação sem precedentes dos leitos de internação e de UTI. Houve momentos em que os leitos de UTI da rede estadual chegaram a ficar com 100% de ocupação e do Município, chegando à casa de 90%.
Mas, era preciso fazer o enfrentamento e, assim, a cidade que acolheu os repatriados começou a preparar a rede de saúde. Com recursos próprios e contando com o apoio de parceiros na iniciativa privada, a Prefeitura ampliou a quantidade de leitos de internação e de UTI e implantou o Centro de Atendimento Norma Pizzari, exclusivo para atendimento aos pacientes de Covid-19 com quadro de agravamento da doença.
A estrutura montada em Anápolis, com recursos próprios, evitou que o caos se instalasse no sistema de saúde.
No dia 18 de janeiro de 2021, a vacina chegou. Anápolis foi a cidade que deu o ponta-pé à vacinação no Estado de Goiás, começando com uma idosa de 73 anos de idade moradora de um abrigo.
Foram, portanto, dois anos muito intensos, sobretudo, porque o coronavírus deixou um rastro de mortes e de dor. Lá no começo, via-se as notícias do vírus fazendo óbitos, mas não se sabia que essa situação pudesse chegar perto e levar pessoas próximas: parentes, amigos, colegas de trabalho.
Enfim, muita gente conhecida que perdeu a batalha para a doença.
A pandemia ainda não acabou.
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E, conforme tem dito o prefeito Roberto Naves, a população terá de conviver com o coronavírus, tendo como principal aliado a vacinação. Assim como em outras epidemias e pandemias, outras variantes do vírus SARS-coV devem surgir.
Contudo, hoje, a situação já é bem mais amena.
O sistema de saúde já não tem risco de estrangulamento e os pacientes encontram condições melhores de atendimento, além do conhecimento que se adquiriu da doença e a ampliação da vacinação, que passou a ser um fato determinante nessa virada.
Recentemente, Anápolis deu um passo adiante e flexibilizou o uso da máscara de proteção facial em locais abertos, como praças e parques.
Assim, a cidade que foi exemplo no enfrentamento da pandemia segue, com segurança, passo a passo, para a retomada à normalidade plena. Mas, sem esquecer do que se passou, sobretudo, das vidas que foram perdidas, das pessoas que ficaram com sequelas e traumas. E lembrar que tudo o que se passou não foi um filme.
Foi, sim, ao contrário, uma triste realidade. Mas uma realidade que trouxe também algumas conquistas e aprendizado.
E, reforçando: ainda não acabou! Mas, vai acabar!






Linha do Tempo da pandemia do coronavírus
26/2/2020- Primeiro caso de coronavírus registrado no Brasil
9/2/2020- Chega dos repatriados de Wuhan-China na Ala 2
23/2/2020- Liberação do grupo que ficou em quarentena na Ala 2
11/3/2020- A OMS declara a pandemia do coronavírus
13/3/2020- Goiás decreta Emergência de Saúde Pública
16/3/2020- Primeiro registro de caso do coronavírus em Anápolis
17/3/2020- Sai primeiro Decreto Municipal com medidas preventivas
26/3/2020- Primeiro óbito em Goiás, de uma moradora de Luziânia
27/3/2020- Início do funcionamento do Centro Norma Pizzari
27/4/2020- Anápolis adota decreto com matriz de risco
30/4/2020- Primeiro óbito oficial de uma moradora de Anápolis
30/6/2020- Início do sistema de rodízio no comércio da cidade
01/7/2020- Temporada do Rio Araguaia é suspensa pela primeira vez
31/7/2020- Aniversário de Anápolis passa sem festa
18/1/2021- Anápolis dá início à vacinação contra a Covid-19 em Goiás
18/3/2021- Prefeitura cria o ZAP do Coronavírus
07/5/2021- Cidade volta à matriz de risco leve
18/5/2021- Anápolis inicia vacinação dos profissionais de educação
28/5/2021- Noticiado o surto de mortes em um abrigo de idosos
06/8/2021- Mais da metade da população recebeu primeira dose da vacina
09/8/2021- Retomada as aulas na rede municipal de ensino de forma híbrida
22/9/2021- Leitos de UTI do Município têm ocupação zerada
23/9/2021- Centro de Internação Norma Pizzari é desativado
5/11/2021- Mais de meio milhão de vacinas foram aplicadas em Anápolis
9/11/2021- Inauguração do Hospital Alfredo Abrahão
17/1/2022- Começa a vacinação de crianças contra a Covid-19 em Anápolis
24/1/2022- Retorno das aulas presenciais na rede municipal de ensino
21/2/2022- Uso de máscara passa a ser opcional em locais abertos
1/3/2022- Eventos religiosos voltam a ocorrer de forma presencial

Doenças que marcam a história da humanidade
Peste Antonina
Ano: 165 D.C.
Mortes: 5 milhões
Causa: desconhecida
Praga de Justiniano
Ano: 541-542
Mortes: 25 milhões
Causa: Peste Bubônica
Peste Negra
Ano: 1346 a 1353
Mortes: 75 milhões a 200 milhões
Causa: Peste Bubônica
Terceira Pandemia de Cólera
Ano: 1852 a 1860
Mortes: 1 milhão
Causa: cólera
Gripe Russa
Ano: 1889 – 1890
Mortes: 1,5 milhão
Causa: influenza
Gripe Espanhola
Ano: 1918
Mortes: 20 milhões a 50 milhões
Causa: influenza
Gripe Asiática
Ano: 1956 – 1958
Mortes: 2 milhões
Causa: influenza
Pandemia de AIDS
Ano: de 1976 até hoje
Mortes: 38 milhões
Causa: HIV
COVID-19
Ano: 2019 até hoje
Mortes: 6 milhões
Causa: coronavírus SARS-Cov-2
(Fontes: Canal Tech/G1)