O termo tem dupla interpretação, ou seja, é considerado correto e incorreto, dependendo do ângulo da análise
Durante a pandemia, uma das palavras mais faladas no país deve ter sido doutor e doutora. Mas, é correto chamá-los assim? Afinal, segundo os dicionários, você deve chamar de “doutor” somente as pessoas que tenham feito doutorado, seja em qual área for.
Embora pareça trivial, o tema acaba despertando discussões acaloradas, com alguns especialistas afirmando que a tradição determina que tanto médicos quanto advogados devem ser mesmo chamados de doutores. Mas alertam que o uso do termo não deve ser objeto de imposição, pois não existe nada na legislação brasileira que determine que profissionais sem doutorado sejam chamados de “doutor”.
O título de doutor, que vem da palavra latina “doctor” (mestre, o que ensina), foi introduzido no fim do século XI, nas universidades da Europa. Eram os doutores em Teologia ou Filosofia, que, ao receber o título, tornavam-se aptos a ensinar.
Mais tarde, doutores surgiram em outras áreas. No Brasil, as escolas de Medicina do início do século XIX defendiam uma tese ao fim do curso e recebiam o título de doutor, tradição que se manteve através dos tempos. No caso dos advogados, um decreto assinado pelo imperador Dom Pedro I, em 1827, definiu que aqueles que concluíssem os cursos de ciências jurídicas ou sociais no Brasil seriam considerados doutores.