Estudo revela que a imunização reduz em até 60% o risco de infecções e em até 41% a mortalidade cardiovascular.
A Sociedade Europeia de Cardiologia publicou uma diretriz que amplia o entendimento sobre o papel das vacinas. Imunizantes como os contra gripe, Covid-19, pneumococo e herpes zoster — todos disponíveis ou em processo de incorporação no SUS — mostram eficácia na prevenção de infartos, derrames e na estabilização de doenças como insuficiência cardíaca. O documento, publicado em 30 de junho no European Heart Journal, destaca evidências científicas que reforçam o papel da vacinação na saúde cardiovascular, especialmente entre idosos e pessoas com doenças crônicas.
Evidências científicas
Com base em estudos observacionais e ensaios clínicos randomizados, a diretriz revela que as vacinas reduzem hospitalizações, mortalidade e outros desfechos graves. A cardiologista Raphaela Garofo, especialista em cardiogeriatria, destaca que infecções respiratórias ativam o sistema inflamatório, o que pode desestabilizar placas de gordura nas artérias e provocar infartos ou arritmias. O cardiologista Fábio Argenta ressalta que essa atuação preventiva das vacinas caracteriza a chamada “prevenção secundária” para quem já possui doenças cardiovasculares.
Impacto dos imunizantes
Dados da diretriz mostram que a vacina da gripe pode reduzir em até 60% o risco de infecção e em 30% os eventos cardiovasculares graves. O estudo IAMI apontou redução de até 41% na mortalidade cardiovascular após infarto. A vacina contra o pneumococo reduz em até 10% o risco cardiovascular. A proteção da vacina contra a Covid-19 alcançou 43% na redução de casos de covid longa em pacientes com doenças cardíacas. Já a vacina contra herpes zoster mostrou eficácia superior a 90% e redução de mais de 50% nos eventos cardiovasculares.
Outras vacinas eficazes
Imunizantes como os contra o vírus sincicial respiratório (VSR) — com 89% de eficácia em idosos — e contra o HPV também trazem benefícios cardiovasculares. Estudos associam o HPV a um risco quatro vezes maior de doença arterial coronariana e AVC, o que pode ser normalizado com a vacinação. Diante disso, a vacinação passa a ser considerada o quarto pilar da prevenção cardiovascular, ao lado do controle da hipertensão, diabetes e colesterol.
Cobertura ainda baixa
Apesar da eficácia comprovada, a adesão às vacinas ainda é limitada. Segundo Garofo, muitos profissionais não fazem a recomendação nas consultas. Após a pandemia, a queda na vacinação trouxe de volta doenças como sarampo e coqueluche. A taxa de imunização contra a gripe no Brasil está em 44,79% entre os grupos prioritários, longe da meta de 90%. Para a Covid-19, 86,78% receberam duas doses, mas a adesão à terceira dose caiu para 56,67% e à quarta, para 19,83%.
Recomendação médica
Especialistas defendem que a recomendação vacinal esteja presente em consultas, internações e campanhas. Pacientes com doenças crônicas, inclusive jovens, transplantados, gestantes e imunossuprimidos, devem ser contemplados. “Vacinar é proteger o coração”, conclui Garofo.
Junte-se aos grupos de WhatsApp do Portal CONTEXTO e fique por dentro das principais notícias de Anápolis e região. Clique aqui.