A eleição para prefeito e vereador, marcada para sete de outubro próximo, promete ser uma das mais atípicas dos últimos anos. Anápolis sempre teve tradição de disputas acirradas para o Poder Executivo, mas, este ano, o cargo mais cobiçado, no momento, é o de vice na chapa que deverá ser encabeçada pelo petista Antônio Roberto Gomide, candidato natural do Partido dos Trabalhadores. E, não menos interessante, é o fato de que a Cidade, até então, tinha uma quase aversão ao PT. Tanto é que, não conseguiu dar votações expressivas ao Ex-Presidente Lula nas suas campanhas além de, por várias vezes, não ter avalizado o projeto petista de conquista da Prefeitura, com os então candidatos Luiz Antônio de Carvalho e Rubens Otoni.
A situação mudou e, hoje, o PT, numa situação de conforto, tem quase uma dezena de partidos que devem se unir ao seu projeto político, já no primeiro turno da eleição. O PMDB; o PTB, o PSB e o PSC estão firmes no propósito de indicar o vice. A briga maior é no PMDB, que tem uma lista considerável de pretendentes: o vereador Assef Nabem; o médico Max Lânio Gonzaga Jaime, o ex-presidente da Câmara Municipal, José Caixeta e, até, o próprio Presidente, Air Ganzarolli.
Diante este quadro, nos bastidores, há rumores de que o PT poderia, novamente, lançar uma chapa pura, com o vice sendo do próprio partido. Um dos nomes ventilados é o do empresário Luiz Antônio de Carvalho, um petista histórico e moderado, que concorreu, duas vezes, à Prefeitura. No entanto, pesa contra essa postulação, o fato de o empresário estar morando em Goiânia há algum tempo e está distanciado da Cidade, embora seja visto com freqüente em alguns eventos promovidos pela Prefeitura.
De preferência, o PT gostaria de contar integralmente com o PMDB na aliança, o que não está sendo fácil, devido às divisões internas. Mas, se o partido chegar a um consenso em torno da indicação do vice, a porta do PT, que já está aberta, poderia se escancarar. Primeiro, por que fortalece a união da base de apoio da Presidente Dilma Rousseff, já que em Goiânia a aliança PT-PMDB caminha para se consolidar, o mesmo podendo acontecer em Aparecida de Goiânia, fechando, assim, um círculo nos três maiores colégios eleitorais goianos, o que poderia produzir um efeito em cascata nos outros municípios. Em segundo lugar, o PMDB tem uma militância considerável e um bom tempo no horário gratuito de rádio e TV.
No entanto, tudo pode acontecer e, para temperar, ainda mais, o pleito, existem as CPIs que investigam o bicheiro Carlinhos Cachoeira, que certamente terão elementos usados no embate eleitoral entre os candidatos. O Democratas, por exemplo, foi abalado com o envolvimento do senador Demóstenes Torres (hoje sem partido) com Cachoeira. Agora, espera reverter essa imagem lançando candidaturas próprias em colégios eleitorais estratégicos, como é o caso de Anápolis, onde já é trabalhada a pré-candidatura do empresário Wilson de Oliveira, que, pela primeira, vez enfrenta um desafio nas urnas. O DEM bem que gostaria de um apoio do PSDB, que ainda não definiu sobre a candidatura para a eleição majoritária. Caso se efetive esse apoio, haveria espaço para uma polarização com a aliança petista. Se, entretanto, o PSDB e o DEM tiveram candidatos próprios, daí eles teriam de brigar entre si pelo espaço, o que poderia beneficiar, novamente, o PT, numa situação parecida como a que ocorreu no pleito passado, envolvendo os candidatos Ridoval Chiareloto (PSDB) e Frei Valdair (PTB).
Legislativo
Não menos acirrada, será a disputa de vagas na Câmara Municipal, já que o número de cadeiras em disputa passou de 15 para 23. Assim, o número de votos para se eleger deve cair (o que beneficia os atuais detentores de cargos), mas, em contrapartida, aumentará de forma considerável o número de concorrentes. Por isso, os votos serão mais pulverizados. Sem contar que pesa, também, de forma significativa, a questão das alianças. Na eleição proporcional, os partidos podem se coligar entre si somente nesta modalidade ou podem, ainda, fazer coligação com as chapas majoritária. Aí, tudo é uma questão de estratégia, que deve ser minuciosamente trabalhada. Um caso interessante, ocorrido na eleição de 2000 quando o candidato André Almeida (PPS), conseguiu uma cadeira no parlamento com apenas 316. Graças aos votos de legenda do candidato Ernani de Paula, que acabou eleito com 50.204 votos. Para se ter uma ideia, o segundo candidato menos votado para o Legislativo, teve 1.106 votos, era Valdir Francisco da Silva, o Valdir do Gás, eleito pelo PSB, único partido a se coligar com o PPS.