Instituto divulga balanço sobre avanços e desafios ainda a serem vencidos em conjunto com o município
Com capacidade para atender cerca de 400 pessoas diariamente, a unidade oferece serviços médicos e multidisciplinares, incluindo clínica-geral, odontologia, assistente social, nutricionista, farmacêutico e enfermeiros.
O diretor da unidade, Sebastião Bismarques da Silva, destacou as conquistas e desafios enfrentados em parceria com o município. Com vasta experiência em gestão hospitalar, Bismarques atuou em diversas instituições de saúde no Brasil.
Como o senhor poderia descrever a UPA da Vila Esperança?
Bismarques – Ela é composta de recepção, farmácia, sete consultórios médicos e um odontológico, salas de procedimentos – sutura, curativo, medicação, raio-x e eletrocardiograma -, e laboratório de análises clínicas. São 18 leitos de observação (masculino, feminino e infantil), dois leitos de isolamento, sala de urgência com quatro boxes de reanimação, salas de espera para acompanhantes, enfim, uma estrutura adequada para a realização de atendimentos com qualidade que garantem o bem-estar tanto de pacientes quanto de servidores. São mais de 3.300 metros quadrados de área construída.
Existe algo a se comemorar nesse primeiro ano de administração?
Bismarques – Nesse 1º ano conseguimos melhor os fluxos de atendimento, tempo de atendimento melhoria na resolutividade de atendimento aos usuários e promovemos um grande trabalho de humanização.
Deve existir algo que ainda precise ser feito para melhorar o atendimento.
Bismarques – Claro. Mas posso citar algo que tem sido nosso maior desafio dentro desse tempo de administração e que devemos trabalhar para resolver. Trata-se da falta de aceite em transferências de pacientes, impactando na qualidade do atendimento. Também posso citar a alta permanência de pacientes na unidade, a sobrecarga da equipe, a falta de apoio das Unidades Básicas de Saúde e a confusão quanto ao papel da UPA na rede de atendimento.
O que seria esta confusão quanto ao papel da UPA na rede de atendimento?
Bismarques – Toda UPA conceitualmente é uma unidade de pronto atendimento, ou seja, essa unidade atende pacientes em situação de urgências clinicas, para estabilização e posterior inserção no complexo regulador. Isso significa que o paciente deve ser transferido para outra unidade, com tempo de permanência de máximo 24h na observação e 4h para pacientes em situação de emergência (entubado). Entretanto 65% dos pacientes que procuram a UPA são de perfil verde, ou seja, pacientes que deveriam se dirigir às Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Muitos pacientes reclamam da demora no atendimento da UPA da Vila Esperança.
Bismarques – A unidade é do tipo III, e cumpre com os requisitos para atender um município com número de habitantes entre 200 e 300 mil, ou seja, até 450 atendimentos por dia, disponibilizando 6 médicos, 15 leitos de observação, 4 leitos de sala vermelha (urgência), com ocupação na sala vermelha de 4 pacientes e 18 em observação. No entanto, desde que assumimos, a UPA tem chegado a 15 mil atendimentos, numa flagrante sobrecarga em relação ao serviço contratado junto à administração municipal. Em dias de segunda a quarta, temos mantido 6 médicos somente na porta, 1 cirurgião, 1 sala amarela e 1 sala vermelha acima do contratado, ficando a ocupação da sala vermelha em 9 pacientes e 30 em sala de observação.
O que fazer para que essa sobrecarga fosse menor ou até zerasse?
Bismarques – Com certeza uma conscientização dos usuários do serviço público de saúde. Os pacientes precisam entender que os atendimentos clínicos que demandam consulta médica são feitos nas UBS e que a UPA é para casos graves ou urgentes. Só assim seremos realmente capazes de cumprir a padronização de atendimento e a utilização parcimoniosa dos recursos repassados.
E por que tantas denúncias na mídia envolvendo a UPA da Vila Esperança?
Bismarques – Inicialmente poderíamos dizer que, sendo a única unidade “porta aberta” na cidade, e absorvendo todos os tipos de atendimentos, mesmo não sendo seu perfil, a UPA da Vila Esperança termina por ser um alvo fácil para a mídia, haja vista que, não existe uma outra porta de entrada para atendimento. E, apesar de sobrarem críticas, posso assegurar e comprovar que a grande maioria delas é falsa. Cobram algo que não temos a função de oferecer, até porque os pacientes e, mesmo a mídia, não têm o entendimento sobre o perfil de atendimento da unidade. Na busca por audiência ou por “likes” e comentários nas redes sociais, ignoram os protocolos de atendimento por classificação, taxando de demora os atendimentos que classificamos como não graves ou urgentes. Temos cumprido com rigor o tempo de espera exigido nos protocolos que nos cabem, ou seja, estamos absorvendo toda a demanda de pacientes graves que chegam até nós.