A cidade de Goiás mantém viva, há 280 anos, uma das mais tradicionais celebrações religiosas do Estado. A comunidade organiza a Semana Santa com apoio da Diocese de Goiás – Catedral de Sant’Ana e do Governo de Goiás. A programação, que dura 40 dias, reúne procissões, motetos, encenações e expressões de fé.
Momento principal
O ponto alto da celebração ocorre à meia-noite da Quarta-feira Santa para a Quinta-feira Santa. Nesse momento, os farricocos percorrem as ruas do centro histórico carregando tochas acesas. Eles representam os soldados romanos que perseguem Jesus Cristo na tradicional Procissão do Fogaréu. Com origem no século XVIII, a cerimônia se inspira em uma celebração de Sevilha, na Espanha. Em Goiás, ela começou por volta de 1745, foi interrompida no início do século XX e, em seguida, ressurgiu em 1965 com a criação da Organização Vilaboense de Artes e Tradições (OVAT).
Riqueza cultural
Durante os 40 dias, a cidade realiza nove procissões que reforçam o valor simbólico da fé cristã. Entre elas, destacam-se o Depósito, Encontro, Transladação, Nossa Senhora das Dores, Ramos, Fogaréuzinho, Fogaréu, Penitentes e Senhor Morto. Todas essas celebrações mantêm vivas as tradições transmitidas de geração em geração, preservando os detalhes históricos e culturais ao longo do tempo.
Fé das crianças
A Procissão do Fogaréuzinho acontece na tarde da Quarta-feira Santa. A Escola Letras de Alfenim promove o cortejo, que começa às 17h, para envolver as crianças no espírito da Semana Santa. Meninos e meninas se vestem como farricocos e carregam tochas artesanais simbólicas, desfilando por diversos pontos da cidade. Assim, a tradição se renova e o folclore local ganha continuidade.
Encenação mais esperada
A tradicional Procissão do Fogaréu atrai milhares de turistas todos os anos. O cortejo começa pontualmente à meia-noite, em frente ao Museu de Arte Sacra da Boa Morte. Em seguida, os farricocos caminham até o Santuário de Nossa Senhora do Rosário. No local, os participantes encenam a Última Ceia e a prisão de Jesus Cristo. Para representar o Filho de Deus, uma pintura em linho é usada, produzida por Maria Veiga, bisneta do escultor Veiga Valle. Clarins anunciam a prisão e dão um tom dramático à representação.
Ritual das almas
Na noite da Quinta-feira Santa, às 23h, acontece a Procissão dos Penitentes, também conhecida como Procissão das Almas. O cortejo parte de sete pontos históricos da cidade, incluindo igrejas e antigos becos, e segue até o cemitério São Miguel Arcanjo. Os fiéis se vestem de branco, cobrem o rosto com capuzes e entoam ladainhas fúnebres. Segundo o pesquisador Rafael Lino Rosa, o ritual surgiu após a peste negra na Europa como uma forma de penitência pelas almas do purgatório. Posteriormente, ele chegou ao Brasil e se espalhou pelas cidades do ciclo do ouro, como Goiás, Ouro Preto e Mariana.
Investimento garantido
Para assegurar a realização da Semana Santa, o Governo de Goiás destinou cerca de R$ 400 mil ao evento. A Secretaria da Cultura repassou R$ 200 mil, enquanto o Programa Goyazes, com patrocínio da Equatorial Energia, viabilizou mais R$ 199 mil. O governador Ronaldo Caiado confirmou presença na celebração, reforçando a importância da data no calendário estadual.
📅 Programação da Semana Santa na cidade de Goiás – 2025
🕯️ Quarta-feira Santa (16/04)
- 17h – Procissão do Fogaréuzinho
Cortejo infantil promovido pela Escola Letras de Alfenim. Crianças vestidas de farricocos percorrem ruas do centro histórico com tochas artesanais. - 00h (madrugada para quinta-feira) – Procissão do Fogaréu
Encenação da busca e prisão de Jesus Cristo, com farricocos portando tochas pelas ruas da cidade. Saída: Museu de Arte Sacra da Boa Morte.
🎭 Quinta-feira Santa (17/04)
- 23h – Procissão dos Penitentes
Cortejo silencioso em sete paradas, com participantes encapuzados e vestidos de branco, saindo de igrejas e ruas históricas até o cemitério São Miguel Arcanjo.
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