Em Anápolis, concessionárias tiveram queda de 70% nas vendas. Suspensão de prazos para registro nos Detrans ainda esconde cenário real.
Um balanço da Fenabrave revela que os emplacamentos de veículos tiveram queda de 76% em abril. Segundo associação das concessionárias, durante o mês, o total de 55.732 automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões foram registrados, contra 231.922 unidades em abril de 2019. Com postos dos Detrans fechados e muitas concessionárias também fora de funcionamento, os emplacamentos não estão mostrando o cenário real de vendas durante a pandemia de coronavírus, dizem as montadoras. Como os emplacamentos refletem apenas os veículos registrados nos Detrans, a situação certamente está mais grave.
Os emplacamentos também mostram baixa de 66% na comparação com março, quando 163.621 veículos foram registrados. Naquele período, as quarentenas ainda estavam se intensificando pelo Brasil, e mais serviços ainda estavam funcionando. No acumulado, o setor tem queda de 27%, com 613.793 unidades emplacadas. No mesmo período de 2019, 839.417 registros de veículos foram efetuados no Brasil.
Em Anápolis o impacto do fechamento das lojas foi grande. Mas, de acordo com o gerente de vendas da Saga Toyota, Leandro Machado, poderia ser bem pior. Segundo ele, o setor, assim como todo o comércio, foi pego de surpresa, sem tempo para qualquer tipo de planejamento. “Foi preciso quebrar a cabeça para não deixar o negócio parar”, explica. Leandro conta que a equipe rapidamente decidiu investir no relacionamento com os clientes através dos canais digitais, gerando conteúdos e disponibilizando atendimento on-line. “Mesmo com a loja física fechada, foi possível realizar 30% da média de vendas, o que considero um excelente resultado, dadas as circunstâncias”, pontua. Com a reabertura, o gerente acredita que o faturamento suba a 70% da média ainda este mês e atinja 80% das vendas habituais a partir de agosto. “Estamos fazendo a nossa parte, como por exemplo, carência de 6 meses para o pagamento da primeira parcela em financiamentos e descontos para veículos em estoque, com base na tabela de abril”, conclui ele.
Na Planeta Chevrolet, a situação é parecida. Segundo o gerente de vendas Francisco Mendonça, se não fosse o empenho da equipe para vender on-line, nenhum carro teria sido entregue. “Nós comerciantes somos acostumados a enfrentar desafios, mas essa pandemia nos obrigou a ultrapassar nossos limites. Foi um esforço enorme para reduzir as perdas e permitir que a concessionária seguisse vendendo”, revela ele. Proprietário de uma rede de concessionárias, Francisco está preocupado, mas acredita que vai conseguir superar mais essa crise. Entretanto, só vê a normalização da situação em dezembro. “Ainda é cedo para contabilizar o tamanho do prejuízo, mas acredito que 30% a 40% das concessionárias irão à falência como resultado da paralisação e da recessão econômica que está começando”, prevê.