Diversos fatores têm feito com que a oferta de mão de obra para profissionais do volante se torne, cada vez, mais rara, principalmente nos grandes centros urbanos
O Brasil é, literalmente, “um país sobre rodas”, definição clássica para uma realidade que remonta décadas. Embora tenha um litoral, que permitiria a navegação de cabotagem mais consistente e, conte com uma bacia hidrográfica, que possibilitaria um melhor aproveitamento da navegação pelos grandes rios, sem contar o audacioso projeto ferroviário, irrompido nos anos 30, mas deixado de lado a partir dos anos 60, mais de 65 por cento dos deslocamentos de bens e valores no País se faz pelas rodovias. Mais precisamente, nas carrocerias de caminhões. Eles são de todos os portes, de diversas marcas e de variadas concepções. Desde os anos 50, quando começaram a ser montados os primeiros exemplares no Brasil, e, consequentemente, aumentou-se a malha rodoviária nacional, tudo (ou quase) se desloca em cima desses veículos.
Assim, uma das profissões que mais evoluíram no decorrer de todo esse tempo, foi a de “chofer de caminhão”, depois motorista, depois caminhoneiro e, finalmente, carreteiro. Uma categoria muito valorizada no começo, mas que tem perdido força com o passar do tempo.. Estima-se que exista um milhão de vagas no mercado de trabalho para este tipo de profissional. O que não combina com a falta de caminhoneiros disponíveis. É sabido que o transporte rodoviário de cargas no Brasil enfrenta uma crise silenciosa, mas, com efeitos profundos. Em dez anos, o número de motoristas de caminhão caiu de 5,5 milhões para 4,4 milhões, uma redução de 20%, ou, 1,1 milhão de profissionais.
Causas e efeitos
O envelhecimento dos caminhoneiros ameaça a base logística do país. Em 2024, apenas 4,11% dos motoristas tinham até 30 anos, enquanto 11,05% ultrapassavam os 70. A maior concentração está entre 51 e 60 anos, com 1,22 milhão de profissionais. Menos de 200 mil motoristas têm entre 18 e 30 anos.
A reposição da força de trabalho não acompanha o envelhecimento, resultando na redução de profissionais ativos. O transporte rodoviário, vital para 62% da economia brasileira, enfrenta desafios, agravados pelo modelo predominante de motoristas autônomos, que arcam com custos de caminhões e manutenção, dificultando a entrada de novos profissionais no setor.
Novas contratações
As empresas têm investido na aquisição de veículos e em contratos formais no regime CLT, especialmente no interior, para enfrentar a escassez de profissionais qualificados no setor de transporte. Em 2024, o Brasil licenciou 120 mil caminhões, com aumento líquido de 65 mil unidades, mas a falta de motoristas disponíveis exige estratégias de capacitação.
Para suprir a demanda, empresas criaram cursos voltados a funcionários interessados em migrar para a profissão de caminhoneiro. No entanto, a adesão permanece baixa, devido à baixa remuneração, riscos nas estradas, distância familiar e cobrança de produtividade. Jovens têm preferido alternativas como aplicativos de transporte, refletindo as mudanças no perfil da profissão e os novos desafios do setor.
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