O que você acha de transformar a Inteligência Artificial (IA) em seu novo terapeuta? A ideia pode parecer bizarra, mas muitos estão lançando mão desse recurso.
Para alguns, conversar com a IA pode ser menos intimidante do que com um ser humano. O anonimato pode encorajar pessoas a buscarem a ajuda que não buscariam de outra forma, diminuindo o estigma associado à saúde mental.
A IA pode fornecer respostas e estratégias de enfrentamento de forma consistente, seguindo protocolos baseados em evidências. Outra justificativa é que muitas pessoas não têm acesso aos terapeutas humanos devido ao custo, localização geográfica, falta de profissionais ou ao estigma social mesmo. A IA preencheria essa lacuna, oferecendo suporte 24H/dia, 7 dias por semana.
O outro lado da moeda é bem mais sinistro e complexo. A terapia é fundamentalmente a conexão entre duas pessoas e é baseada na confiança, empatia e compreensão genuínas. A IA pode simular empatia, mas não a sente.
A capacidade de “ler” nuances emocionais, linguagem corporal ou de fornecer um calor humano autêntico é algo que a IA não consegue realizar.
Essa falta de conexão humana profunda pode limitar a eficácia em casos mais complexos ou mesmo quando a vulnerabilidade for alta.
Terapeutas têm a capacidade de entender contextos sociais, culturais e históricos complexos da vida de um paciente, além de terem intuição desenvolvida com a experiência. Por mais avan- çada que seja, a IA opera com base em algoritmos e dados e pode ter dificuldade em captar sutilezas ou situações que exigem uma compreensão humana mais ampla.
Em situações de crise, como pensamentos suicidas, surtos psicóticos ou traumas profundos, a IA não tem a capacidade de intervir de forma segura e eficaz. Ela não pode, por exemplo, acionar serviços de emergência ou
avaliar o risco iminente de forma tão precisa quanto um profissional treinado.
Caso a IA dê um conselho inadequado ou prejudicial, a questão da responsabilidade legal é complexa e ainda não está bem definida. A IA também não tem experiências de vida, não sente alegria ou tristeza, não passou por traumas ou perdas.
Essa falta de vivência da IA pode limitar sua capacidade de realmente ressoar com certas experiências humanas de forma significativa. Pode até funcionar como uma ferramenta de apoio à saúde mental, como um complemento para a terapia tradicional, mas não como um substituto completo.
Outra pergunta que pode surgir é a seguinte: A terapia feita pela IA
poderia afetar a profissão dos psicólogos? A perspectiva mais consensual entre os especialistas não é de substituição e sim de transformação e complementação.
Em casos de menor complexidade ou para fornecer exercícios simples (como técnicas de relaxamento), a IA pode ser uma primeira linha de suporte. Por isso, psicólogos precisarão aprender a inserir ferramentas de IA em suas práticas, para análise de dados, monitoramento de pacientes e até mesmo para aprimorar suas próprias intervenções.
Considerando essa ótica, a profissão de psicólogo será ainda mais valorizada pelas qualidades intrinsecamente humanas: empatia genuína, intuição clínica, capacidade de construir vínculo terapêutico e de lidar com nuances emocionais complexas, crises e traumas profundos.
Essas são áreas onde a IA não consegue ser efetiva. A essência da psicoterapia reside na relação humana, na oferta de um espaço seguro para a construção da confiança que permita a vulnerabilidade. Um psicólogo experiente capta o “não dito”, a linguagem corporal, o tom de voz, o contexto cultural e social complexo. A IA, baseada em algoritmos, não consegue.
A intuição clínica é algo vital ao trabalho terapêutico. A IA pode até atuar como uma ferramenta de apoio, mas não cumpre os quesitos para substituir o trabalho de um psicólogo. E assim, o valor desses profissionais se eleva ainda mais!
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