Foi realizado na manhã desta terça, terça-feira, 10/03, no auditório do Instituto Federal de Goiás- IFG- Câmpus Anápolis, o I Seminário Interinstitucional para Formação e Inserção Profissional dos Adolescentes em Conflito com a Lei e/ou em Situação de Vulnerabilidade Social. No evento, com a participação de dezenas de representações da sociedade, foi criada uma rede de cooperação que vai unir diversos segmentos organizados e empresas, com o objetivo de viabilizar aprendizagem e oportunidade aos menores que cumprem medidas socioeducativas ou em situação de vulnerabilidade social.
Após uma apresentação da peça “Os donos do mundo”, da Escola de Teatro de Anápolis, a diretora do IFG- Câmpus Anápolis falou na abertura do evento sobre os cursos ministrados pela instituição, bem como as atividades de pesquisa e extensão que podem ser desenvolvidos em parceria com a cidade, inclusive, em ações de cunho social, como a proposta para a transformação dos jovens por meio da educação.
Na sequência falou a promotora de Justiça Carla Brant Correia Sebba Roriz. Ela observou que o jovem vive num ambiente de incertezas, sobretudo, quanto ao futuro e, conforme observou, o programa Jovem Aprendiz é um caminho para resgatar esse jovem que necessita de apoio para que o mesmo se torne um adulto estruturado. E, para isso, acrescentou, não é preciso esperar por ações de governo, mas trabalhar dentro da própria sociedade organizada, citando a rede proposta pelo juiz da Infância e Juventude, Carlos Limongi Sterse.
A secretária municipal de Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda, Eerizânia Freitas Lobo, ressaltou a importância da criação de rede de apoio para a inserção dos jovens através do programa Menor Aprendiz. Ainda, apresentou as ações de prevenção que são realizadas pela municipalidade. Conforme pontuou, o jovem que está em conflito com a lei talvez não tenha sido alcançado pela prevenção e, para isso, as ferramentas estão na legislação, uma delas, a Lei de Aprendizagem e a oportunidade de capacitação profissional. O ideal, disse, é que não se precisasse de uma lei para isso, mas que todos tivessem um olhar social para a juventude.
A secretária de Estado do Desenvolvimento Social, Lúcia Vânia Abrão, ressaltou o pioneirismo da rede de apoio liderada pelo Carlos Limongi. Conforme observou, a intenção da iniciativa é retirar os jovens da situação em que se encontram e devolvê-los à sociedade por meio da educação e da formação profissional. Conforme disse ainda, este é um momento importante de busca de apoio, inclusive financeiro, através de doações através de abatimento no Imposto de Renda, para o Fundo da Infância.
O presidente da Fieg Regional Anápolis, Wilson de Oliveira, lembrou a importância da criação da Lei de Aprendizagem, do ponto de vista social, empresarial e econômica. “Quando o jovem é bem preparado ele terá renda, será um consumidor e, como tal, um contribuinte no futuro”, ponderou. Do ponto de vista social, ele destacou a prevenção como fundamental para evitar a perda dos jovens para a criminalidade e as drogas. E, ainda, apontou a importância religiosa, que é o viés da estruturação das famílias. Ele destacou que o Sistema Fieg, através das suas instituições: Senai, Sesi e IEL estão abertas a contribuírem com a rede de inserção. Citou, ainda, que há muitas ações voltadas para a infância, como o projeto da AABB Comunidade, realizado pelo Rotary, mas é necessário continuidade do apoio assim que a criança deixar uma dessas ações e o caminho é a formação e a qualificação.
Reflexão
Por fim, falou o coordenador da iniciativa, Carlos Limongi Sterse. Ele começou a sua exposição fazendo uma reflexão sobre o papel de cada um para transformar o mundo, começando pela mudança da realidade local. Conforme alertou, se não for dada a oportunidade emprego, elas terão o emprego “informal” no mundo do crime e das drogas. “Cada um e cada instituição é importante nessa rede, para criarmos as oportunidades para os adolescentes trabalharem com dignidade e inverterem essa rota”.
O Juiz adiantou que a ONG Cruzada pela Dignidade irá lançar uma campanha para trabalhar em prol dos animais abandonados. “O que isso tem haver com o nosso evento?”, indagou, respondendo que é também “uma campanha de amor e de respeito”, como muitas outras, reforçando o espírito de união na sociedade.
Logo após os pronunciamentos, foi assinado o protocolo de intenções para a participação na rede de apoio, que conta com representações do Poder Judiciário, Prefeitura de Anápolis (através de várias secretarias), Senai, Sesi, Sebrae, Senac, Senar, Senat, Itego, IFG, FIEG, CDL, ACIA, Renapsi, Fundação Pró-Cerrado, ONG Cruzada pela Dignidade, Coordenação Regional de Educação, Casa de Semi-Liberdade de Anápolis, Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE), Polícia Militar, Ala 2 e empresas.
Palestras e depoimento
Na última parte do evento, houve uma palestra sobre o tema: “Promovendo Oportunidade e Gerando Resultados Transformadores”, com a psicóloga Andressa Moura e Joice Maciel, analista comportamental e coach, com atuação na área de desenvolvimento humano, com mediação de Eveline Mina. Também foi apresentado o depoimento do jovem Roger, de 17 anos, que vivia em situação de vulnerabilidade e foi criado em um abrigo. Hoje, ele deu a volta por cima, está trabalhando como Jovem Aprendiz e tem muitas metas para o seu futuro.