Da primeira para a segunda eleição de deputado estadual, ele obteve em Goiás 30 mil votos a mais, capitalizando sua força política e representativa e o colocando em destaque no cenário político local e regional. E é isso que ele discorre na entrevista concedida ao CONTEXTO. Ele também analisa ações do mandato.
Claudius Brito/ Vander Lúcio Barbosa
CONTEXTO- Deputado, considerando as duas últimas eleições, o senhor aumentou quase 10 mil votos só em Anápolis e um pouco mais de 30 mil votos em Goiás. A que o senhor atribuiu esse crescimento de votos e qual importância disso politicamente?
AMILTON FILHO- A gente quando entra na política, sempre tem a expectativa de que possamos fazer um bom trabalho. A reeleição é uma avaliação do mandato. Então vejo isso com muita alegria. De todos os deputados da Assembleia, fui o que mais cresci no estado, proporcionalmente.
Fiquei em quinto entre os mais votados. Então, foi um avanço importante. E uma avaliação positiva que a população anapolina e goiana fez do nosso trabalho.
CONTEXTO- Essa escalada de votos lhe dá maior cacife para disputar as próximas eleições? O que o senhor pensa em construir com esse capital de votos?
AMILTON FILHO- Eu entendo que essa votação pode me dar oportunidades importantes. Tive quase 23 mil votos em Anápolis. Isso nos coloca numa posição boa. Nós, no MDB, temos um possível candidato que é o Márcio Corrêa.
A gente pode apoiá-lo ou, eventualmente, sermos candidato.
Mas esses resultados certamente nos colocam no jogo, inclusive, também no cenário estadual com mais possibilidades, com mais força política e mais capacidade de articulação, não só para as demandas de Anápolis, mas as do estado.
CONTEXTO- Nós temos mais próxima a eleição de 2024 e, no MDB, como está a conversa entre o senhor e o Márcio Corrêa, que agora assumiu vaga na Câmara Federal?
AMILTON FILHO – Nós do MDB estamos unidos. A gente não está disputando. Mas a gente sabe que tem condição de disputar e ganhar eleição em Anápolis no ano que vem. Se o Márcio for candidato eu irei apoiá-lo. Se não for ele e for eu ele me apoiaria.
Então, nós estamos muito tranquilos e unidos, com coesão de ações, de pensamentos para que a gente possa construir um trabalho de parceria em prol da cidade. Eu sempre falo que a eleição, juntos, já é difícil, sozinho é ruim demais. Esperamos estar juntos para que tenhamos um horizonte positivo para a cidade de Anápolis.
CONTEXTO- Como o senhor enxerga o cenário que se tem, hoje, para as eleições do ano que vem em Anápolis?
AMILTON FILHO- Eu vejo que o prefeito Roberto [Naves] tem sua importância. Ele conquistou dois mandatos e tem peso nesse cenário, mas a gente ainda não tem um sucessor claro para a gente avaliar.
O colega Antônio Gomide é um deputado experiente, foi prefeito duas vezes, mas o nosso entendimento é que Anápolis é uma cidade conservadora, com uma presença cristã muito importante e onde se tem uma dificuldade grande com o Partido dos Trabalhadores.
Mas o PT em Anápolis vai disputar a eleição e tem condição de ir ao segundo turno.
CONTEXTO- O senhor avalia que o governador Ronaldo Caiado, que tem o seu vice do MDB, possa participar da eleição aqui em Anápolis?
AMILTON FILHO- Eu não tenho dúvida de que ele [o governador] vai participar ativamente da campanha em Anápolis, a sua cidade, uma cidade que teve importância na sua eleição, dando a ele a vitória no primeiro turno, graças a uma convergência de forças: o grupo do prefeito, eu, o Márcio Corrêa, o coronel Adailton.
Todo mundo ajudou. Então, com certeza, ele terá os olhos voltados para cá.
CONTEXTO- O mandato do senhor na Alego visa muito a questão econômica, especificamente, do DAIA e sua ampliação. Como está esse trabalho?
AMILTON FILLHO- Nós conseguimos vencer vários entraves, por exemplo, a regularização da questão de documentação. Já conseguimos fazer obras importantes de esgoto e de preparação da área.
No dia 18, inclusive, o estado lançou edital convocando empresas a se instalarem no Distrito Agro Industrial de Anápolis. Então, esse edital, que é oficial, anuncia a ampliação e coloca essa abertura. Algumas empresas já estão nesse processo para instalação.
Então, esse trabalho de ampliação do DAIA está chegando ao final, para que de fato as empresas tenham acesso às áreas. Então, já é uma realidade.
CONTEXTO- Em relação ao anel viário, que é uma demanda antiga e o senhor tem trabalhado nisso. Em que situação está?
AMILTON FILHO- Eu tenho cobrado muito esse anel viário. Em setembro do ano passado entrou uma empresa para finalizar aquela obra. Ela começou, mas logo em seguida, foi identificado pelo Ministério Público uma falha no projeto, em especial, com relação à drenagem. Havia despejo de água em terrenos particulares, formação de erosões. Então, teve-se que fazer o processo de correção. Então, eu continuo cobrando, acompanhando e tenho muita expectativa de que nas próximas semana já possamos ter aquela obra retomada.
CONTEXTO- O senhor tem também, no mandato, uma afinidade com o setor de educação. Quais conquistas o senhor conseguiu trazer para Anápolis nessa área?
AMILTON FILHO – A gente construiu o Colégio Professor Salvador Santos, na região do Calixtolândia. O outro foi o Colégio Senador Onofre Quinan, na região do Bairro de Lourdes. Tinha mais de 20 anos que não se construía uma escola estadual aqui na cidade.
Estamos finalizando lá no Munir Calixto (Colégio Estadual General Curado). Fizemos obras em outras unidades como o José Ludovico, o Gomes de Souza Ramos com ampliações e reformas e estamos trabalhando para que esse ano ou no início do ano que vem possamos começar o colégio lá na região do Conjunto Filostro. Lá não tem prédio de colégio estadual, funciona emprestado da prefeitura.
Já está autorizado pelo governador Ronaldo Caiado e em fase de elaboração de projetos.
CONTEXTO- Em termos de emendas para Anápolis, o que o senhor projeta?
AMILTON FILHO – A gente conseguiu mandar emendas para várias instituições. Mandamos R$ 300 mil para a Maternidade Dr. Adalberto e R$ 300 mil para a Santa Casa. Mandamos recursos para a APAE e outras entidades que fazem um trabalho importante em Anápolis, como a Casa Joana.
Fizemos direcionamento para vários colégios, cerca de R$ 1 milhão para reformas e ampliações. Conseguimos mandar recurso aqui para a área da saúde, para finalizar o PSF do Jardim Alexandrina, que está funcionando provisoriamente em um prédio locado. Vamos passar emenda para a unidade do Santos Dumont.
Tem outras instituições que ajudamos, é difícil lembrar.
CONTEXTO- O senhor foi eleito, antecipadamente, para a Comissão de Constituição e Justiça da Alego. Qual a importância disso e que benefício pode trazer?
AMILTON FILHO – Minha principal missão na Assembleia é trabalhar por Anápolis. Mas a função administrativa nos dá mais força para fazer tramitar os projetos na casa. Nos dá condição de ter um melhor diálogo com o governo.
Hoje, para vocês terem uma ideia, a CCJ também coordena a Comissão Mista, que é um órgão permanente da Assembleia e tudo passa por lá. Então, é uma comissão que faz a coordenação da pauta e tramitação dos projetos.
Então, ao lado da presidência e da liderança de governo, talvez é o principal cargo. Eu tive oportunidade de ser vice-presidente da Assembleia e deixei de ser, porque a CCJ seria mais importante.
O MDB tinha essa vaga de vice-presidente e eu tinha articulação junto à bancada junto aos colegas deputados para ser o vice-presidente, mas abri mão para ser presidente da CCJ. Foi uma escolha que fiz.
CONTEXTO- Nesta legislatura, temos uma bancada ampliada de Anápolis. Como está o diálogo e como isso pode ajudar a cidade?
AMILTON FILHO – Acho que isso foi muito bom. Quanto mais representantes a cidade tem é melhor, porque cada um tem um olhar. A Vivian olha mais para o social; o coronel Adailton mais para a segurança pública; o Antônio Gomide é de oposição, traz uma visão diferente.
Eu atuo na educação, no desenvolvimento. Cada um contribui da sua forma e naquilo que é importante para a cidade, em que pese as diferenças partidária e políticas, a gente converge no que for bom para a cidade.
CONTEXTO- Tem uma questão importante para Anápolis e para Goiás, que é a reforma tributária. O senhor, dentro do mandato, tem atuado para sensibilizar deputados e senadores em relação àquilo que possa ser prejudicial?
AMILTON FILHO – Sim, eu até falei recentemente com o senador Jorge Kajuru. E a minha maior preocupação em relação à reforma tributária não é nem a perda de arrecadação. Mas, a perda de competitividade. Isso aí para Goiás e os estados do Norte e Nordeste é o maior problema, porque quando você perde a capacidade de conceder incentivos fiscais, você perde competitividade.
Isso é muito mais grave do que perda de arrecadação. Isso não é nada comparado à perda de indústrias, de empregos. Porque que existe o DAIA e uma indústria forte em Anápolis? Em grande parte, foi por conta dos incentivos fiscais que atraíram as indústrias para cá, a CAOA, a Isoeste, Gravia, Precon.
Essas indústrias vieram porque encontraram aqui um ambiente de negócios favorável, uma boa condição logística, mas, sobretudo, vieram por conta dos incentivos fiscais. Daí, é uma briga que a gente tem com outros estados que são mais desenvolvidos, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul.
CONTEXTO- O senhor deve ter acompanhado pela imprensa, o prefeito Roberto Naves citou cinco nomes que podem figurar na sua sucessão: major Vitor Hugo, Leandro Ribeiro, Márcio Cândido, Eerizânia Freitas e Carlos Hassel. Como o senhor analisa esse posicionamento?
AMILTON FILHO- São todos bons nomes. É uma questão que o prefeito e o grupo dele vai ter de amadurecer.
A gente vai estar aí vendo as pesquisas, analisando o cenário. Mas, acho que ainda está muito prematuro para pensar já em nomes para 2024. Eu penso que o prefeito está buscando um caminho.
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CONTEXTO- O MDB hoje não é um partido de esquerda nem tão de direita. O MDB, nesse momento, deve ficar alheio a esses movimentos?
AMILTON FILHO – Nós pensamos em chegar bem às eleições do ano que vem. O Márcio está como deputado federal e está com pautas propositivas para a cidade. Eu tenho várias pautas positivas do mandato e junto ao governo estadual.
Então, não vamos nos preocupar agora de antecipar um projeto político.
CONTEXTO- Mas vai chegar um momento em que o senhor, dentro do partido, poderá ser chamado. Como vai responder a esse chamamento?
AMILTON FILHO – Eu gostaria de ser prefeito, vários outros companheiros gostariam. Mas nós estamos focados no mandato, para quando chegar a eleição a gente estar bem. Tendo tudo bem encaminhado, a gemente vai discutir se sou eu, o Márcio ou outro nome do partido. Isso está muito tranquilo.
Hoje estou no mandato e o aumento da minha votação foi justamente reflexo do meu trabalho. Se eu deixar de trabalhar agora e focar na política, eu talvez deva perder um capital político importante na eleição do ano que vem.
CONTEXTO – Em havendo, dentro do MDB, uma polarização entre o nome do senhor e do Márcio Corrêa, isso vai ser colocado na mesa para discutir?
AMILTON FILHO- Sim, nós vamos discutir e o critério para isso é a pesquisa, a consulta das lideranças do partido. A gente vai buscar qual seria o candidato com mais competitividade. Hoje está muito tranquilo, então para que antecipar esse processo internamente e muito menos externamente.
CONTEXTO- Mas, no momento certo, isso irá para a mesa?
AMILTON FILHO- Sim, com certeza!