Esta condição ocular, que prejudica a visão à distância, está se tornando mais comum, especialmente entre os jovens, e os especialistas estão chamando isso de uma epidemia silenciosa.
Nesta semana em que, no dia 7 de maio comemora-se o Dia do Oftalmologista, o médico Rômulo Piloni, oftalmologista e especialista em retina, alerta para o crescente número de casos de miopia, associando-os ao uso excessivo de telas de computadores, TVs e, em especial, tablets e celulares.
“Estamos enfrentando uma crise de saúde ocular que precisa ser abordada com urgência”, afirma.
Efeitos Nocivos
De acordo com o médico, a musculatura dos olhos, em especial as que controlam o foco da visão, ficam prejudicadas ao serem forçadas a permanecerem com a mesma tensão por horas a fio.
“Especialmente as crianças passam o dia todo e até noites focados em telas que estão muito próximas dos olhos, órgãos que não foram feitos para serem usados dessa maneira”, acrescenta.
Mas os prejuízos vão além. Enquanto a genética desempenha um papel no desenvolvimento da miopia, fatores ambientais como a falta de exposição à luz solar também são cruciais.
“Crianças que passam mais tempo ao ar livre são muito menos propensas a desenvolver miopia”, destaca Piloni.
O oftalmologista pontua que, na retina, altos níveis de dopamina ajustam a visão para as condições de luz do dia.
O tempo passado ao sol aumenta os níveis de dopamina, enquanto ficar em casa reduz a quantidade deste importante neurotransmissor, levando a sérios problemas oculares.
Enquanto isso, a quantidade de tempo gasto olhando para dispositivos eletrônicos a poucos centímetros de distância do rosto pode levar à miopia.
“Durante um período crítico das suas vidas, eles não recebem luz solar natural e isso, por sua vez, está a causar um aumento muito notável da miopia. E alarmante e o que estamos a ver é uma epidemia”, revela Piloni, que exerce suas funções em Brasília e Anápolis.
Bronca Invertida
Esse problema é relativamente recente e vem se tornando mais grave a medida em que os eletrônicos passam a substituir as atividades externas.
Hoje muitos pais têm que praticamente obrigar alguns filhos a saírem de casa para brincar e socializar, enquanto que na geração passada ocorria o inverso, as mães davam bronca para as crianças saírem da rua ao entardecer, para voltarem para casa, comer e tomar banho.
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Pilone sustenta que esta grande mudança de hábito, prejudica muito a visão e não somente isso. O sedentarismo leva a desequilíbrios psicológicos e à obesidade infantil.
“A sociedade está empurrando uma conta que em algum momento terá que ser paga. E será uma conta bem cara. Daí a necessidade de se discutir o assunto, uma vez que boa parcela dos pais se sente confortável em ter os filhos quietos em casa, entretidos, com base numa ideia de segurança que, no futuro, vai se mostrar equivocada”.
Estatísticas Preocupantes
Segundo a Organização Mundial de Saúde, espera-se que pelo menos metade da população mundial seja míope até 2050.
No Brasil, estudos apontam que a miopia atinge cerca de 25% da população nos centros urbanos.
Se não tratada, a miopia pode evoluir para complicações graves, aumentando o risco de catarata, glaucoma, desprendimento da retina e maculopatia míope.
“É essencial detectar e corrigir a miopia precocemente para prevenir esses problemas”, enfatiza o médico.
Para combater essa tendência, o especialista recomenda limitar o tempo de exposição às telas e aumentar as atividades ao ar livre.
“Incentivar as crianças a brincar fora de casa e limitar o uso de dispositivos eletrônicos pode fazer uma grande diferença”, recomenda Piloni.