Desconfiança, cachorro bravo e casos de preconceito de raça e gênero, estão no rol dos problemas dos recenseadores
O último censo oficial do IBGE no Brasil aconteceu em 2010. Naquela época, o levantamento apontou que Anápolis tinha uma população de 334.526 habitantes. A pesquisa ainda revelava que 57,6% das famílias tinham esgotamento sanitário adequado.
A população estimada do Município, em 2021, foi de 396.526. Hoje, cerca de 78% da população residente tem cobertura de esgoto e, dentro de dois ou três anos, é possível que haja a universalização do serviço, assim como já acontece com a água tratada.
Os dados colhidos pelo Censo são, portanto, importante para nos ajudar a entender a dinâmica de crescimento da cidade, como os serviços e os equipamentos públicos estão suprindo as necessidades e, conhecendo a realidade da população, os entes governamentais têm subsídios para elaborar políticas públicas e fazer repasses de recursos com amparo em bases de informações sólidas.
Contudo, muita gente não sabe ou, se sabe, não dá o valor e a importância ao Censo e, por conseguinte, o valor e o reconhecimento aos profissionais, ou seja, os recenseadores, que, agora, estão indo de casa em casa, nos 5.570 municípios brasileiros, para fazer esse raio-x do país e da população.
O Censo era para ocorrer em 2020. Mas devido a pandemia do coronavírus, o calendário sofreu atraso.
Agora, no mês de agosto último, os recenseadores começaram a bater na porta das casas para colher as informações.
Ocorre que, muitas vezes, ou as pessoas não são encontradas nos locais ou, o que é pior, dão com a porta na cara dos pesquisadores, às vezes por medo (de possíveis golpes, o que, na atualidade, é compreensível); às vezes por falta de conhecimento (o que, também, é compreensível); mas muitas vezes, as portas são batidas por falta de respeito e até mesmo de educação. Ou, muito mais que isso, até.
Anápolis vira mais uma importante página na luta contra a Covid-19
Em entrevista recente à Rádio Manchester, o coordenador de área do IBGE em Anápolis, Adriano Carvalho Moreira, relatou uma série de problemas que os recenseadores estão enfrentando no Município, uma realidade que não é diferente de outras localidades brasileiras.
Dentre as dificuldades relatadas pelo coordenador, estão a ausência das pessoas, o tratamento grosseiro por parte de alguns e casos mais graves de preconceito de raça e gênero.
Identificação
Adriano Carvalho explicou que as pessoas não precisam ter receio. Segundo ele, sempre os recenseadores vão estar nas residências com os uniformes na cor azul do IBGE e também com o boné.
Além do crachá de identificação, que possui um QR Code que pode ajudar a identificar o pesquisador. Caso a pessoa não consiga usar essa opção, há também um telefone 0800 que pode confirmar a identificação do recenseador.
O servidor do IBGE também destacou que o Instituto, que é um órgão de Estado e não de governo, também não faz pesquisas de cunho eleitoral. Seu trabalho visa somente buscar informações de caráter socioeconômico.
Há dois tipos de questionários. Um básico, que está sendo aplicado em todos os domicílios e outro de amostra, que está sendo aplicado em 10% dos domicílios e é um pouco mais amplo.
O questionário básico é bem simples. Ele colhe informações, por exemplo, de quantas pessoas residem no domicílio, se há crianças de zero a 9 anos de idade, sobre banheiros, sistema de água e esgoto, caracterização de cor ou raça do chefe do domicílio, questões sobre educação, rendimento e mortalidade.
Enfim, com poucos minutos de atenção dada ao recenseador, poderemos saber mais sobre a nossa cidade, o nosso estado e o nosso país. E isso servirá para embasar pesquisas, para dar suporte na elaboração de políticas públicas que visam melhorias para toda coletividade.