Do início da adolescência à menopausa, doença silenciosa afeta milhões de mulheres e pode comprometer a qualidade de vida
A endometriose é uma das condições ginecológicas mais comuns e, ao mesmo tempo, mais subestimadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 190 milhões de mulheres no mundo convivem com a doença, que pode surgir em qualquer fase da vida – da primeira menstruação até após a menopausa. O problema ocorre quando células do endométrio, que deveriam ser eliminadas na menstruação, migram para fora do útero, provocando inflamações, dores intensas e, muitas vezes, atingindo outros órgãos.
Embora mais prevalente entre os 30 e 40 anos, o diagnóstico costuma atrasar. “Muitas pacientes descobrem a endometriose após mais de cinco anos de sintomas, o que pode agravar os quadros e comprometer a fertilidade”, alerta o ginecologista Patrick Bellelis, colaborador do Hospital das Clínicas da USP.
Sinais ignorados
Dor pélvica incapacitante, fadiga extrema, alterações intestinais e dificuldade para engravidar estão entre os principais sintomas. Em adolescentes, a doença pode se manifestar de forma ainda mais silenciosa, já que muitos sinais são confundidos com as cólicas menstruais “normais”. “Não se pode minimizar a dor intensa em meninas e jovens. Cólica não é sinônimo de sofrimento. Se interfere na rotina, precisa ser investigada”, reforça Bellelis.
Durante a vida adulta, sintomas como dores durante relações sexuais e sangramentos anormais também exigem atenção. Segundo o especialista, o ciclo menstrual é um termômetro do bem-estar feminino e mudanças bruscas devem ser motivo de consulta médica.
Persistência na menopausa
Muitas mulheres acreditam que a menopausa traz o fim da endometriose. No entanto, apesar da queda hormonal aliviar os sintomas em boa parte dos casos, outras pacientes continuam a enfrentar dores e complicações. Por isso, o acompanhamento ginecológico deve continuar mesmo após o fim do ciclo menstrual.
Com vasta experiência, o Dr. Patrick Bellelis é um dos maiores especialistas do Brasil em endometriose. Doutor em Ciências Médicas pela USP, integra centros de excelência e leciona em instituições como o Hospital Sírio-Libanês e o Hospital de Câncer de Barretos. Para ele, o segredo está no diagnóstico precoce: “Quanto antes a mulher entender seu corpo e buscar ajuda, maior a chance de controlar os impactos da doença e viver com qualidade.”