Críticas ao Pix refletem concorrência comercial e ameaça ao controle financeiro global liderado pelos EUA.
O governo dos Estados Unidos iniciou uma investigação interna para apurar supostas práticas comerciais desleais do Brasil, mencionando “serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”. Entre as tecnologias que podem estar no alvo, destaca-se o sistema Pix, adotado pelo Banco Central (BC) desde 2020. A medida foi anunciada no relatório “Investigação da Seção 301 sobre Práticas Comerciais Desleais do Brasil”, assinado por Jamieson Greer, representante de Comércio dos EUA. Mesmo sem citar diretamente o Pix, as críticas recaem sobre sua crescente relevância e competitividade global.
Um dos principais motivos especulados para a insatisfação norte-americana é a suspensão do WhatsApp Pay pelo BC em 2020, pouco tempo antes do lançamento oficial do Pix. O serviço, pertencente à Meta, empresa comandada por Mark Zuckerberg, aliado de Donald Trump, queria operar no Brasil sem integrar o sistema financeiro nacional, o que violava as regras brasileiras. Segundo especialistas, a decisão do BC foi acertada por garantir que todas as transações tivessem regulação adequada, evitando riscos ao sistema financeiro do país.
Expansão do Pix
Implementado oficialmente em novembro de 2020, o Pix evoluiu rapidamente e se consolidou como um modelo de pagamento inclusivo e ágil. Dados do Banco Central mostram que, em 2024, o sistema movimentou R$ 26,4 trilhões. Além disso, o Pix transcendeu fronteiras: países como Paraguai e Panamá passaram a aceitar pagamentos feitos pelo sistema, reduzindo a dependência de transações em dólar. Segundo a economista Cristina Helena Mello, isso desafia o controle financeiro global dos EUA. “Quanto menor a demanda pelo dólar, menor será o seu valor no mercado internacional”, explica a especialista.
Concorrência evidente
Outro fator que pode ameaçar operadoras de cartão de crédito norte-americanas é o Pix Parcelado, previsto para funcionar em 2025. A nova funcionalidade permitirá que brasileiros parcelem compras diretamente, enquanto o recebedor recebe o valor total instantaneamente — semelhante a recursos oferecidos por cartões de crédito, mas sem os mesmos custos elevados cobrados pelas bandeiras tradicionais.
Apesar das críticas norte-americanas, o Pix é amplamente defendido por especialistas por democratizar o acesso financeiro e reduzir custos para pequenos negócios e pessoas de baixa renda. Para Mello, “o Brasil criou um sistema eficiente, inclusivo e moderno, que promove bancarização e elimina barreiras econômicas significativas.”
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