“Matar um leão por dia”, expressão largamente usada para se definir problemas que se sucedem. Este tem sido o lema do Prefeito Antônio Gomide (PT) através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável, suas diretorias e, de quebra, de outros setores da administração municipal. As chuvas que chegaram mais cedo este ano, algumas delas muito pesadas, escancararam a ferida que vêm desafiando prefeitos ao longo de décadas. Redes rudimentares de captação de água pluvial e esgoto sanitário em grande parte do setor urbano do Município e, a total ausência desses sistemas, em outras regiões, tem feito com que a Prefeitura se desdobre no atendimento urgente e emergencial em áreas consideradas de risco e, até, em outras onde o problema ainda nem sequer havia aflorado. O resultado disso é que mais de R$ 8 milhões foram gastos nas últimas semanas, com o problema ainda longe de terminar. Várias artérias de fundamental importância para o escoamento e a logística do trânsito, que por si só já é complicado em Anápolis, foram interditadas aumentando a angústia de transeuntes, comerciantes e, principalmente, condutores de veículos, assim como, a preocupação do Governo Municipal. Técnicos, operários e outros servidores da Prefeitura têm trabalhado dia e noite no sentido de manter uma trafegabilidade aceitável, em que pese muitos dos problemas serem de difícil solução.
No começo da administração (janeiro deste ano) o Prefeito Antônio Gomide contava com um diagnóstico superficial sobre a real situação do sistema viário, assim como, dos pontos de estrangulamento e das áreas consideradas de risco, onde as chuvas mais pesadas sempre foram constantes ameaças. Só não se contava com algumas surpresas, como o que ocorria na passagem sobre o Córrego “João Cesário”, região da Avenida Universitária. Ali, o terreno estava solapado, com crateras comprometedoras sob a camada asfáltica e, mesmo fora dela, ameaçando, inclusive, provocar o desabamento de um conjunto de edifícios. Sem contar um provável rompimento da barragem, que poderia ocorrer a qualquer momento. Assim sendo, no dia 31 de julho, a Avenida foi interditada, para que se realizasse ali um dos maiores serviços de restauração de passagens sobre córregos no perímetro urbano da cidade. Antes, a Prefeitura (administração anterior) já havia feito serviço semelhante na Avenida Brasil, na Rua Amazílio Lino de Souza e na Rua Seis, Bairro João Luiz de Oliveira. A canalização obsoleta, de décadas na Avenida Universitária foi totalmente substituída, implantando-se uma rede com diâmetro bem maior, capaz de escoar com facilidade, qualquer quantidade de água proveniente das chuvas.
Mas, mesmo antes de a Avenida ser liberada para o tráfego, o que ocorreria no dia 19 de outubro, veio a surpresa maior: um temporal inesperado desabou sobre Anápolis, provocando um volume de água poucas vezes visto na cidade. Como a passagem sobre a Avenida Universitária havia sido alargada, a água correu livremente e foi bater na primeira contenção que havia adiante. Exatamente na Avenida Fayad Hanna, outra via de fundamental importância para o escoamento do trânsito na cidade. Quase uma tragédia. No domingo, 18, por volta de cinco da tarde, a barragem não resistiu, rodando, provocando um grande estrago. Isto motivou a imediata liberação do tráfego na Avenida Universitária, mesmo sem a festa de inauguração.
Mais problemas debaixo do asfalto
E, a Prefeitura mal havia iniciado a recuperação da Avenida Fayad Hanna, outro problema, também grave, ocorreu no centro da cidade. A tubulação que canaliza a água pluvial da Avenida Goiás e da Rua Barão do Rio Branco, sentido Córrego das Antas, se mostrou totalmente inviável. Trata-se de um duto feito com manilhas de cerâmica, obra de décadas atrás, sem a capacidade técnica de escoar as enxurradas. Assim, foi necessário que outra frente de serviço se abrisse na região central de Anápolis, interditando-se o tráfego na Rua Primeiro de Maio, entre a Avenida Goiás e a Rua Barão do Rio Branco. Ali, segundo o engenheiro Clodoveu Reis Pereira, titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável, foi necessário trocar toda a rede mestre, colocando manilhamento de 1,8m. em lugar do antigo de 0,80 m. e, ainda, realizar serviços complementares nas redes secundárias. O trecho já foi liberado. Para Clodoveu Reis, grande parte do sistema coletor no centro da cidade é de total precariedade, resultado do crescimento desordenado, sem acompanhamento técnico nesse setor, nas últimas décadas. “Com a impermeabilidade da região central, devido ao asfalto e à construção de imóveis, aumenta-se o volume de água quando das chuvas. Esta água não tendo canalização correta para escoar, vai para o leito das ruas, danificando o asfalto, invadindo residências e estabelecimentos comerciais”, sentenciou ele, assegurando que a Prefeitura vai ter de gastar muito, ainda, para dotar a cidade de um sistema aceitável para o escoamento das águas pluviais no centro.
Soluções definitivas em pontos importantes
O Vice-Prefeito João Gomes disse ao CONTEXTO que, apesar da inesperada necessidade de socorro em vias públicas prejudicadas com os temporais, ainda foi possível à Prefeitura realizar outras importantes obras no setor de escoamento das águas pluviais em Anápolis. Sem contar a Avenida Universitária, que ele considera o maior serviço até agora, Gomes enumera a resolução do antigo problema enfrentado por moradores do vale do Córrego Catingueiro, divisa da região central com o Bairro Dom Pedro II. Ali, por décadas, os moradores sofreram com enchentes e inundações toda vez que caía uma chuva mais forte. Hoje, o problema não existe mais. A Prefeitura trocou, recentemente, toda a tubulação até então existente, substituído manilhas de diâmetro insuficiente para escoar a água do córrego, quando as chuvas mais pesadas, por uma canalização condizente. Trata-se de uma rede que atende ao trecho entre as ruas Conde Afonso Celso, Sócrates Diniz, Glória, Barão de Cotegipe e a Avenida Goiás. “Lá, seguramente, os moradores não terão mais problemas com enchentes”, disse o Vice-Prefeito.
Também foi resolvida, definitivamente, a questão da passagem sobre o Córrego Monjolo, na Rua Anhanguera, que liga a Avenida Brasil à Vila Goiás. Com isso, criou-se uma boa alternativa para o escoamento do tráfego, aliviando a tensão existente na Brasil. A Prefeitura já liberou o referido trecho para a circulação de veículos de todos os portes. O Prefeito Antônio Gomide esteve, recentemente, visitando a obra e a considerou de boa qualidade.
Também, naquele mesmo setor, está tendo andamento normal outra obra de fundamental importância para o meio ambiente. Trata-se da canalização do Córrego Catingueiro, entre a Avenida Getulino Artiaga, até a conexão com a Rua Conde Afonso Celso. Ali, a Prefeitura vai construir um parque temático, com espelho d‘água e projetos de preservação ambiental. Essa obra vai eliminar, também, os perigos da erosão que ameaçavam edificações residenciais do setor. De acordo com o Gabinete Municipal, são obras a serem entregues em médio espaço de tempo.
Igual providência foi adotada na Vila União, onde uma imensa cratera está recebendo tratamento adequado e vai ser eliminada. No local onde havia uma vossoroca, ou grande erosão, vai surgir um projeto ambiental preservacionista, resolvendo, de vez, um angustiante problema que tem preocupado os moradores do setor.
Outro serviço de fundamental importância realizado pela Prefeitura é a eliminação da grande erosão na Avenida Pedro Ludovico, região da Vila São Joaquim, mais especificamente na Avenida Cachoeira Dourada e na Rua José Martins de Brito. As constantes inundações que se verificavam no setor deixarão de existir em curto espaço de tempo. Toda a tubulação está sendo substituída e vai permitir a realização de importantes obras de infraestrutura já dentro do projeto de duplicação daquela avenida, em convênio com o Governo do Estado.
Novos desafios, problemas antigos
De acordo com o secretário Clodoveu Reis e o Vice-Prefeito João Gomes, diversos outros desafios estão pela frente. Um deles é a grande erosão que foi formada no Setor Giovanni Braga. Ali a Prefeitura já fez o serviço de contenção das águas pluviais, inclusive pavimentando as ruas do bairro. Também, na Avenida Angélica, que demanda ao Conjunto Filostro Machado, está sendo refeita a tubulação nas proximidades da Represa São Silvestre. Outro desafio a ser enfrentado em curto espaço de tempo é a erosão do Bairro São Carlos, onde existe a ameaça concreta do desabamento de residências. A Prefeitura enumera, também, vários outros pontos vulneráveis que precisam de atendimento, como nas proximidades do antigo Clube Panorama, no Bairro Frei Eustáquio, assim como a ligação entre o Parque das Primaveras e o Setor Residencial Pedro Ludovico. Outro ponto a ser trabalhado proximamente é a Avenida José Sarney, que liga a Pedro Ludovico ao Mercado do Produtor. No setor por onde passam as águas do Córrego Antas, há a necessidade de um trabalho de grande monta, para eliminar os casos de enchentes, inundações e assoreamento do lago no Parque “Onofre Quinan”. Segundo João Gomes e Clodoveu Reis, são problemas que remontam de anos, décadas talvez, que estão sendo enfrentados pela atual administração. Segundo eles, o Prefeito Antônio Gomide pretende resolver o máximo possível dessas pendências. Para tanto, via buscar, como já está fazendo, parcerias com os governos Estadual e Federal, visando carrear verbas para que as obras não parem. Até agora, praticamente tudo o que foi gasto, originou-se do Tesouro Municipal. Mas, algumas obras, de grande envergadura, vão necessitar de aportes financeiros de outras esferas.