A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram nesta quinta-feira (13) a nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS, estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Entre os alvos estão o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, o ex-ministro da Previdência, Ahmed Mohamad Oliveira, e o deputado federal Euclydes Pettersen Neto (Republicanos-MG). Também é investigado o deputado estadual Edson Cunha de Araujo (PSB-MA). A operação cumpre 63 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão preventiva em 15 estados e no Distrito Federal.
Prisões e medidas
Durante a ação, Stefanutto foi preso preventivamente, enquanto Oliveira deverá usar tornozeleira eletrônica, conforme decisão judicial. A PF investiga organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva, inserção de dados falsos em sistemas oficiais e ocultação de bens.
A defesa de Stefanutto informou que não teve acesso ao teor da decisão que decretou a prisão e classificou a medida como “completamente ilegal”. Segundo a nota, o ex-presidente “não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação” e “segue confiante de que comprovará sua inocência ao final dos procedimentos relacionados ao caso”.
Alessandro Stefanutto

Alessandro Stefanutto foi afastado e demitido do cargo em abril, após denúncias de fraude surgirem. No mês seguinte, compareceu à CPI do INSS, inicialmente se recusando a responder às perguntas do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), mas depois colaborou. Na ocasião, defendeu suas ações à frente do órgão e disse ter assumido o cargo a convite do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Stefanutto possui experiência no serviço público, incluindo atuação como técnico da Receita Federal e procurador da Advocacia-Geral da União.
Ahmed Mohamad Oliveira

Ahmed Mohamad Oliveira comandou a Previdência entre março de 2022 e janeiro de 2023, no último ano do governo Jair Bolsonaro (PL). Antes, foi diretor de Benefícios e presidente do INSS. Até setembro de 2025, ainda era conhecido como José Carlos Oliveira, tendo alterado o nome por motivos religiosos.
Em depoimento à CPMI do INSS, Oliveira negou envolvimento em fraudes e em esquemas com entidades que aplicaram descontos indevidos, mas reconheceu limitações do ministério para fiscalizar Acordos de Cooperação Técnica (ACTs). Segundo ele, só tomou conhecimento das irregularidades após a deflagração da primeira fase da Operação Sem Desconto, em abril deste ano.
Euclydes Pettersen Neto

Euclydes Marcos Pettersen Neto nasceu em Governador Valadares (MG), em 15 de agosto de 1984. Formado em Direito, iniciou a carreira política em 2008 como vereador, tornando-se o mais jovem da cidade aos 22 anos. Em 2014, foi eleito deputado federal suplente e, em 2016, assumiu a Superintendência Geral da Saúde de Minas Gerais, coordenando repasses de recursos a municípios, incluindo mais de R$ 100 milhões para Governador Valadares e região.
Eleito deputado federal em 2018, foi titular da CPI de Brumadinho e da Comissão Especial da Reforma Administrativa. Reeleito em 2022 pelo PSC, posteriormente filiou-se ao Republicanos, presidindo o partido em Minas Gerais. Nos anos seguintes, licenciou-se do mandato para atuar na articulação política do partido, retornando à Câmara em julho deste ano.
Restituição aos segurados
O governo federal segue devolvendo os valores descontados indevidamente. Em julho, foi anunciado pagamento em parcela única aos aposentados e pensionistas que não autorizaram descontos associativos. Mais de 6 milhões de beneficiários relataram irregularidades, e 4,8 milhões já estão aptos a receber a restituição.
O prazo para contestar os descontos indevidos foi prorrogado até 14 de fevereiro de 2026, segundo informações do INSS, que ressaltou ser uma medida de “reparação e transparência com os segurados lesados”.
As informações foram fornecidas pelo ND Mais, que mantém contato com todos os políticos citados na operação.
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