A proposta de redefinir o espaço territorial de Anápolis volta ao debate com a revisão do Plano Diretor. Em pauta está a possível extinção da chamada “zona rural”, formada por propriedades como chácaras, sítios e ranchos, usadas para produção de alimentos, subsistência familiar e lazer. Essa mudança representa o fim de um modelo tradicional de ocupação territorial, e levanta discussões entre defensores e críticos da proposta. A revisão do plano exigirá amplo diálogo, considerando os impactos sociais, econômicos e ambientais da medida.
Vander Lúcio Barbosa
Anápolis reflete o cenário nacional, especialmente por estar no Centro-Oeste, segunda região mais urbanizada do país, com 79,8% da população em áreas urbanas. Apenas o Sudeste apresenta índice superior. Em municípios remotos, intermediários e rurais, os dados variam entre 2,3% e 4,0%, o que reforça a tendência de urbanização. A proposta de extinguir a zona rural acompanha esse movimento, mas exige cautela para não comprometer atividades produtivas e culturais ligadas ao campo.
A Confederação Nacional dos Municípios apoia estudos que definam melhor os limites entre áreas urbanas e rurais, especialmente para fins fiscais e de planejamento populacional. A delimitação territorial influencia diretamente nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios. Em Anápolis, a impossibilidade de grandes projetos agropastoris, devido à fragmentação do território, reforça a proposta. Ao longo das décadas, o município perdeu distritos para cidades vizinhas, como Nerópolis e Goianápolis, reduzindo significativamente sua área rural.
A média de distância entre o setor urbano de Anápolis e os limites dos municípios vizinhos é de cerca de 20 quilômetros, o que evidencia o adensamento urbano. Com o fim da zona rural, especialistas apontam oportunidades para expansão planejada, com novos bairros acessíveis e a criação de agrovilas, que manteriam atividades produtivas em formato adaptado. Cidades como Curitiba e outras 25 em São Paulo já adotaram esse modelo, extinguindo suas zonas rurais tradicionais.
Anápolis tem se transformado em uma cidade cosmopolita, com forte presença industrial, comercial e de serviços. Essa evolução urbana reforça a necessidade de um planejamento territorial moderno e funcional. A extinção da zona rural pode ser parte desse processo, desde que acompanhada de políticas públicas que garantam sustentabilidade, inclusão e preservação das raízes culturais e produtivas da região.
A cidade caminha para consolidar seu papel como polo econômico do Brasil Central. A redefinição territorial, se bem conduzida, pode fortalecer essa vocação. O debate sobre o Plano Diretor é essencial para garantir que o crescimento urbano ocorra de forma equilibrada, respeitando a história e as necessidades da população anapolina.
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