Não se tratou de um caso inédito. Ao longo dos últimos anos, fatos semelhantes têm sido registrados com frequência no Município
A interdição de uma suposta clínica de reabilitação, esta semana, em Anápolis, está longe de ser um fato isolado. Esses episódios têm se tornado frequentes e não causam, mais, surpresas na comunidade. Desta feita, ocorreu uma operação que uniu forças policiais, agentes de saúde e outras instituições que acabou por flagrar uma situação considerada grave ao vistoriar um estabelecimento que, a princípio, se prestaria a recuperar pessoas envolvidas com drogas, as chamadas dependentes químicas. O fato ocorreu após denúncias de internações involuntárias de pacientes. De acordo com a Polícia Civil, a Vigilância Sanitária, também, constatou que eram ministrados medicamentos de forma irregular. O estabelecimento em questão era a Clínica Viver, onde internos foram encontrados em situação de maus-tratos e cárcere privado. Uma mulher de 38 anos, responsável pela clínica, responderá pelos crimes mencionados.
Mas, estes fatos têm se repetido com muita frequência em Anápolis, Foi o caso registrado recentemente, quando funcionários de uma clínica interditada em Joanápolis, distrito de Anápolis, abandonavam idosos e saíam para beber em bares da região, de acordo com denúncia de um paciente interno à época. O estabelecimento foi fechado depois que a Polícia Civil encontrou camas com excrementos humanos, comida estragada e internos dopados no local. Os funcionários, segundo o delegado Manoel Vanderic, eram dependentes químicos e ex-internos do estabelecimento e, conforme o apurado, não tinham experiência e capacidade para a função. Eram internos de outra clínica do proprietário, que havia sido desativada.
Muitos casos
Ao abordar este assunto, recentemente, o promotor de Justiça Paulo Henrique Martorini disse que houve uma proliferação de comunidades terapêuticas nos últimos anos e que quando atuava na Promotoria de Saúde foi responsável pelo fechamento de, pelo menos, dez delas em Anápolis. “Infelizmente, ainda existem muitas, e, quando se descobrem irregularidades é preciso tomar as providências”, disse o Promotor. Paulo Henrique Martorini acrescentou que muitas famílias, até mesmo, de outros estados, encaminham seus entes queridos para essas comunidades por acreditarem que eles serão recuperados da dependência química, mas, tem um detalhe nesse processo que precisa ser levado em conta. “Na verdade, não existe internação involuntária para efeito de tratamento de droga. Depende da pessoa, que precisa querer estar lá”, disse.
Outro caso que chamou a atenção foi registrado durante uma operação da Polícia Civil, que fechou mais uma clínica de reabilitação para usuários de drogas por suspeita de cárcere privado em Anápolis há dois anos. Foi o segundo fechamento em quinze dias no Município. A ação aconteceu no setor Chácaras Colorado. Dias depois, também em Anápolis, um força-tarefa interditou outra clínica de reabilitação de usuários de drogas e resgatou internos que eram mantidos em cárcere privado. A operação culminou na prisão dos responsáveis pela clínica. Eles foram autuados por posse ilegal de armas de fogo e munições, cárcere privado e por maus-tratos contra animais, já que muitos cachorros viviam em condições precárias no lugar.
Outros casos
Em abril do ano passado, a 5ª Delegacia de Polícia deflagrou operação de fiscalização em uma clínica de reabilitação clandestina no setor de chácaras Vale das Antas, também, em Anápolis. A operação teve apoio das polícias Civil, Militar e Científica, Secretaria de Saúde, vigilância sanitária e conselhos profissionais. A fiscalização resultou na interdição do estabelecimento, bem como, na prisão, em flagrante, do coordenador, um homem de 41 anos. O local mantinha 32 pessoas internadas de forma irregular, muitas em situação de cárcere privado, com lesões corporais visíveis e em local insalubre. Familiares de usuários de entorpecentes contratavam os serviços da clínica e, esta, providenciava a captura de pessoas, de forma irregular, internando-as compulsoriamente e mantendo-as dopadas por vários dias, até não oferecerem mais resistência.
Por fim, em fevereiro último, a 9ª Promotoria de Justiça de Anápolis (Curadoria da Saúde) participou de fiscalização a uma clínica de reabilitação de dependentes químicos, em Anápolis, que acabou interditada em razão de várias irregularidades administrativas. A ação contou, ainda, com a presença da 5ª Delegacia Distrital de Anápolis, da Polícia Militar, Vigilância Sanitária Municipal, Gerência de Saúde Mental e Assistência Social, além dos Conselhos Regionais de Enfermagem e de Psicologia.
De acordo com a rede de planejamento, criada a partir de denúncias de maus-tratos e de condições sanitárias deploráveis no local, além das graves irregularidades sanitárias flagradas, como alimentos impróprios para o consumo humano, falta de higiene e esgoto a céu aberto, foi constatado que a clínica mantinha dezenas de pessoas internadas de forma involuntária e outras de forma totalmente irregular. O local foi interditado pela Vigilância Sanitária e a proprietária da clínica, autuada em flagrante por delito de cárcere privado. Ao todo, 55 pessoas deixaram a internação. Uma parte foi acolhida pelas próprias famílias e, a outra, encaminhada para a rede de proteção psicossocial de Anápolis.
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