Em campanha histórica, o Promissão bateu favoritos e garantiu espaço na decisão. Time nasceu do projeto “10 de Ouro”, do movimento Kerigma
Morar no Brasil é estar sempre ligado ao futebol. É inevitável. Seja por meio de brincadeiras de infância, assistindo jogos pela televisão ou estádio, ou até mesmo envolto nas conversas do dia-a-dia. Crescemos rondeamos pelo futebol, que nutre sonhos em todos os âmbitos sociais. Em sua segunda edição em solo goiano, a Taça das Favelas, organizada pela Central Única das Favelas, busca auxiliar jovens atletas, carecidos de oportunidades, na busca dos objetivos que almejam dentro desta paixão esportiva que vem de berço.
Dentro da competição, que contou com 93 times, uma equipe de Anápolis tem feito valer a oportunidade e o espaço que lhes foi dado. O Promissão, oriundo do projeto “10 de Ouro”, foi chamado já perto do torneio, mas conseguiu formar um grupo unido e ciente da vitrine disponível por meio da Taça das Favelas, principal campeonato amador entre adolescentes do planeta.
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O resultado de tamanha garra e esforço foi visto conforme as rodadas avançavam, em disputas na capital goiana e em Aparecida de Goiânia. Um jogo de cada vez e o sonho foi se tornando mais palpável, mesmo enfrentando adversários, a princípio, superiores. “A princípio pensei que iríamos fazer apenas bons jogos, mas a surpresa é que fomos ganhando e, nas semifinais, pegamos o melhor time da capital, vencemos nos pênaltis, passamos e estamos fazendo história, chegando na final”, cita Dennis Gonçalves, treinador do Promissão e um dos idealizadores do projeto social.
O misto de emoção e frieza das penalidades valeu o espaço na grande decisão da Taça das Favelas, diante do Santa Luzia. O último desafio antes da glória acontece neste sábado, dia 11, no Estádio Olímpico de Goiânia, às 15h, com entrada gratuita. E por glória, não significa apenas o título do campeonato, mas qualquer resultado que feche esta jornada árdua e triunfante protagonizada pelos jovens do Promissão, que culminará em grandes passos para os atletas no futuro, próximo ou distante. O próprio treinador já adiantou que alguns jogadores estão com contratos profissionais encaminhados, além do próprio torneio premiar o destaque geral com uma bolsa universitária, e o artilheiro com um ano de compras grátis proveniente dos patrocinadores do evento.
O camisa 10
Natural de Araguatins, no Tocantins, Maycon Ferreira é o dono da emblemática camisa no Promissão. Conhecido pelo apelido Rapadura, o jovem disputou todos os jogos pela equipe, embora tenha se lesionado no último, correndo contra o tempo para poder auxiliar ainda mais no sábado (11). “Nosso time vem se destacando pelo futebol bonito que vem demostrando, tanto no individual ou coletivo. Iremos para a final e faremos de tudo pra sermos campeões. Me machuquei na semifinal, mas estou fazendo de tudo pra recuperar e conseguir jogar a decisão”, afirma o atleta.
O jogador também prestou agradecimentos a comissão técnica da equipe, ao projeto que pôde unir os atletas em prol do esporte e, obviamente, a sua família e vontade divina. “Fé no Promissão de Anápolis”, ressalta Rapadura. Que a recuperação seja efetiva e possibilite que seu futebol, e de toda equipe, sejam demonstrados ao máximo durante a finalíssima.
Movimento Kerigma
Utilizada no Novo Testamento, a palavra Kerigma traz significados como pregação ou proclamação. Também serve como nome da instituição que fomenta o projeto “10 de Ouro”, que é focado na prevenção as drogas por meio do esporte. Atualmente, são cerca de 70 crianças e adolescentes, entre quatro e 17 anos, abraçados pela causa do movimento, que atua nos bairros Jardim Promissão, Santos Dumont e Monte Sinai.
A frente do projeto, Dennis Gonçalves ressaltou a capacidade de mudança que o projeto tem ganhado, pontuando a campanha histórica dentro da própria Taça das Favelas. “Minha ideia é alcançar crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, que estão correndo mais riscos de ter contato com as drogas. Chego com o futebol justamente para preveni-los. Tenho até um lema: Crack, só de bola. Então, para mim isso é motivo de muito orgulho. Levando o nome de Anápolis também, fazendo nosso papel de cidadão”, afirma.
Com o desafio começando em junho, Dennis, assim como os assistidos pelo projeto, almeja saltos maiores para o Movimento Kerigma. Seu intuito é proporcionar escolinhas gratuitas de futebol em meio aos lugares mais carentes da cidade. Como o próprio diz, mostrar que o esporte pode proporcionar um “barato” muito melhor que as drogas. “O esporte nos embriaga. Ele mexe com todas nossas emoções, e estou sentindo a emoção a flor da pele no futebol. É isso que senti e quero passar para os jogadores: essa emoção, essa adrenalina”, finaliza.