O que o motivou a participar desta campanha e a se credenciar para administrar a Cidade de Anápolis?
– São algumas experiências que adquirimos ao longo do tempo na Câmara Municipal, como Presidente, atuando em uma área mais administrativa. Isso nos deu uma visão bastante interessante. Fui, também, Pró-reitor de Planejamento, Gestão e Finanças da Universidade Estadual de Goiás, que é um dos patrimônios dos goianos, e lá nós tínhamos uma mini-prefeitura nas mãos, porque todo processo iniciava conosco, desde a compra de uma simples folha de papel até projetos grandes. Isso nos deu noção de como funciona a administração. Temos, ainda, a experiência da iniciativa privada: fui comerciante da área de confecção por mais de 20 anos e hoje estou na construção civil, uma área que faz crescer a economia do País e em Anápolis não é diferente. Tudo isso nos faz crer que estamos preparados para assumir a Prefeitura e desenvolver uma gestão empreendedora, pois vejo a Cidade como uma empresa, onde o cliente nosso é o contribuinte que precisa ter respeito, ter de volta aquilo que ele paga em impostos e o retorno em todas as áreas da administração pública.
Mas, não é uma campanha fácil, porque o senhor está em um partido pequeno e sem uma distribuição igualitária do tempo de propaganda no rádio e na televisão. Como tem encarado esse desafio?
– Realmente, a palavra certa é desafio e nós sabemos da limitação que temos de tempo, limitação financeira e até de pessoas que temos ligadas a nós, o PHS, partido o qual presido em Anápolis e sou vice-presidente regional, e o PSD. Nós temos um grupo reduzido. Mas, essas dificuldades nós já enxergávamos, já sabíamos desde o início. E temos adversários com estruturas diferentes, principalmente, quem está no comando da Cidade. Ele leva uma vantagem muito grande sobre os outros candidatos. Você tem, hoje, entre efetivos ativos, comissionados, aposentados e pensionistas em torno de oito mil pessoas. Então, é um quadro que o administrador tem muitas dessas pessoas ligadas a ele. Mas, isso não nos assusta, não nos desanima porque estamos fazendo uma campanha propositiva, acima daquilo que nós não temos visto hoje na Cidade; nós queremos agregar aquilo que já temos. A nossa coligação “Por uma Anápolis ainda Melhor”, entende que a Cidade está indo bem, mas estamos cientes de que podemos acrescentar alguma coisa, inovar em algumas áreas, principalmente, fazendo uma gestão participativa, ouvindo as pessoas. Nós estamos propondo dividir a cidade em regiões para, dentro de um estudo bem feito, identificarmos quais as prioridades de cada região. Se num determinado bairro nós já temos escola, mas há deficiência de salas, não precisaremos construir uma nova escola, se a demanda é por uma quantidade “x” de salas de aula. Se num bairro já tem o posto de saúde, vamos levar para onde não tem. Nós vamos ouvir as pessoas. Essa será uma tônica importante, porque as pessoas que estão nos bairros é que sabem o que precisa. Temos recebido muitas sugestões. O seu Chico lá do bairro Flor de Liz, tem nos dado sugestões. Ele, assim como várias pessoas, em diversos setores, que estão nos dando suporte, porque elas conhecem os problemas do dia-a-dia. Estamos animados porque as pessoas estão participando, independentemente da estrutura. As pessoas estão compreendendo que Anápolis pode fazer mais com a arrecadação atual que tem crescido a cada mês, batendo recordes. Então, o que nós precisamos fazer é qualificar o gasto, ou seja, para que as pessoas entendam, precisamos gastar melhor o dinheiro público.
O senhor acredita que este ano Anápolis está havendo uma campanha atípica em função das operações do Ministério Público e da Polícia Federal e mesmo, em das doações de recursos, porque nitidamente estamos vendo uma campanha bem mais tímida?
– Anápolis, se acompanharmos as últimas eleições, nunca foi dada a lógica. Aqueles candidatos que eram os principais concorrentes à vitória, vimos acontecer revezes e vimos pessoas que não estavam disputando as primeiras colocações, ganharem as eleições. Mas, essa eleição começou muito complicada e logo de cara, houve um imbróglio jurídico por que três partidos não deram entrada no registro de candidaturas no dia cinco de julho até às 19 horas, Apenas dois haviam cumprido o calendário. Daí, houve um processo de pedidos de impugnação onde, também, houve manifestação forte do Ministério Público e do Judiciário e era isso mesmo que nós esperávamos dessas instituições no cumprimento de seu papel. Tanto é que entraram com pedidos de impugnação de candidatos a vereador e a prefeito. Isso, de certa forma, deixou a campanha mais tímida por parte de muitos candidatos que poderiam se soltar mais, mas estão com receio do resultado do julgamento que deve sair agora breve no Tribunal Regional Eleitoral. Então, isso é outro ingrediente que apimentou ainda mais a nossa política local. Mas, não paramos por causa disso e isso pode até ser bom para quem não tem muita estrutura financeira, como nós, porque aí não se distancia muito daqueles que têm uma estrutura maior.
Administrativamente, nós temos hoje um universo de quase oito mil pessoas no serviço público municipal, embora a folha de pagamento não esteja fora do limite legal. O senhor acha que esse número é ideal ou seria necessário rever, fazer alguma reforma?
– Seria temerário falarmos sem ter os dados em mãos e nós os teremos na transição, caso seja o desejo do eleitor nos colocar à frente do Executivo Municipal. Ai sim, nós teremos condições de analisar tudo isso. Uma coisa nós temos colocado como compromisso: as pessoas que estiveram trabalhando como comissionados, principalmente, se nós conseguirmos que sejam políticos e técnicos, seria muito bom, mas se não tivermos esse perfil vamos priorizar o técnico e isso valoriza o servidor de carreira, efetivo. Nós queremos dar condições a eles de se qualificarem. Mas, para isso, é preciso ter estímulo, porque ele (o servidor) se prepara e se não tiver a oportunidade de participar e crescer, não faria sentido. E é importante termos os efetivos bem preparados, porque esses funcionários conhecem bem a máquina administrativa. Quanto aos comissionados nós queremos, principalmente, pessoas com perfil técnico, porque os gestores, que são os ordenadores de despesas, são os responsáveis finais e nós vivemos numa época de resultados em que a gente não pode errar. Precisamos ter pessoas certas para a função ou cargo específico.
Um dos gargalos das administrações públicas, não só em Anápolis, mas na maioria dos municípios, é o setor da saúde. Faltam profissionais para atender em diversas especialidades médicas, enfim, tem problemas também ligados ao modelo atual da saúde no País. O senhor acha que em relação a isso, que as soluções dependem da gestão local ou é necessário rever o modelo nacional da saúde no País?
– Claro que é um pacote que acontece de cima para baixo, mas é aqui que temos de buscar as saídas. Não falta dinheiro. Hoje temos que colocar uma gestão empreendedora, por que a forma de gastar é diferente. Se você pega várias pessoas e dá o mesmo dinheiro e definir os produtos que eles têm que comprar para consumir, no final alguém vai gastar melhor esse dinheiro, aliando qualidade e preço. E é isso que quero que a população saiba: nós estamos preparados para fazer uma administração dessa forma. Voltando à questão da saúde, nós não temos uma solução pronta. Acredito que temos de trabalhar com a prevenção. Primeiro, queremos trabalhar com a criança e o adolescente, porque a responsabilidade do gestor municipal é com a educação básica e fundamental. Então, a nossa ideia é fazer o maior número de escolas em tempo integral, conhecendo a realidade de cada setor, não fazemos isso de forma eleitoreira, tem que ser com muita responsabilidade. E, outra coisa importante é que não podemos pensar somente no presente. Uma das propostas nossas é fazer um plano decenal, porque independentemente de quem esteja administrando, este norte tem de ser dado e discutido com a sociedade, com os segmentos organizados, porque não podemos mais errar no gasto do dinheiro público que é um dinheiro de todos nós. Então, como ação preventiva, dentro da escola, nós podemos levar a cultura, o esporte, o lazer, orientações sobre o meio ambiente, sustentabilidade e implantarmos uma boa alimentação. Hoje, muitas crianças vão à escola não só para aprender, mas por que terão uma alimentação a mais e, muitas das vezes, a única. Então, queremos colocar isso de fora para dentro, dos bairros para o centro. E vamos levar a saúde até à escola fazendo um trabalho na área oftalmológica e em diversas especialidades. Isso, com certeza, já vai desafogar o atendimento nas unidades de saúde, porque se as pessoas estarão se cuidando melhor, elas irão usar menos os serviços médicos também nos Cais, no Hospital Municipal. Nós queremos criar, também, o Centro de Excelência do Idoso, que seria concentramos em um só lugar todos os serviços e a assistência que são prestadas a essas pessoas. Temos, hoje, um percentual de aproximadamente 20% da população acima de 60 anos. Hoje temos o Hospital-Dia do Idoso, a Casa do Idoso e o CCI. Agora, imagine se conseguimos juntar tudo isso num só lugar e contarmos com os profissionais da área médica agregados. Da mesma forma, também estaremos desafogando o atendimento nos postos de saúde, cais, mini-cais e no Hospital Municipal. Claro que isso são questões que vamos trabalhar no dia-a-dia, mas podemos implantar tranquilamente, não é nada fora da realidade e não estaremos gastando muito além do que já existe. Nós queremos implantar o cadastro virtual na área de saúde, que seria um banco de dados de todas as pessoas que precisam de serviços na área de saúde. Hoje, por exemplo, a pessoa marca consulta com vários médicos porque sabe que vai enfrentar fila e os médicos que atendem não têm noção se essas pessoas foram atendidas ontem ou na semana passada. Essa pessoa atendida duas vezes pode estar tirando a oportunidade de outra ter o atendimento. Então, isso nós faremos discutindo com a representação dos médicos, o Conselho Municipal da Saúde, com a comunidade, porque todos enxergam a realidade de uma diferente da nossa e nós, como administradores temos de ter a sensibilidade e coragem para efetuar as mudanças, porque nós nunca vamos agradar a todos. Vejo também que precisamos de outro Hospital Municipal que seja adequado, que tenha mais leitos para internação, UTIs. E isso independe de quem vai ser eleito. Essa é uma situação que já existe. Não tem problema que aquilo que a gente está discutindo como proposta seja copiado por outro, pode ser aproveitado, se é uma coisa que vai ser benéfica para a cidade. Imagine um médico, tendo acesso a esse prontuário e sabendo o que tem no estoque da farmácia do Município, ele poderá aviar a receita. Muitas das vezes, a pessoa volta para o sistema porque não conseguiu o remédio e não fez o tratamento.
Em relação à questão do trânsito e do transporte público, o que o senhor visualiza em termos de proposta para essa área que é também problemática no Município?
– Nós falamos muito sobre a área técnica e nós precisamos realmente levantar essa questão. Temos uma visão, mas quem é especialista é que pode efetivamente trazer soluções. Acho que Anápolis precisa disso e de um projeto grande, mas que seja discutido com a sociedade. Sugestões nós temos. Primeiro, acredito que nós poderíamos fazer rodízio, porque como a cidade não foi planejada e hoje aumenta cada vez mais a facilidade de comprar carro, então a cada dia que passa, aumenta o número da frota em circulação. Troca-se de carro como se compra uma roupa na loja; existem muitas facilidades. Então, para o centro nós poderíamos adotar o rodízio, mesmo por que em muitas casas tem dois veículos com placas diferentes e as pessoas vão para o Centro em dois carros. Outra coisa interessante é descentralizar o comércio. Hoje temos um terminal do transporte coletivo onde a maioria das linhas sai do Centro e volta para o Centro. A nossa ideia é criar terminais nos bairros, não sei quantos ainda porque isso depende de estudos. Isso já diminuiria o fluxo no Centro e com esses terminais, o desenvolvimento econômico será levado a outras regiões da Cidade. Os bancos vão querer ir, o comércio porque haverá uma movimentação na região dos terminais. Com relação ainda a essa questão, nós temos outros projetos abrangendo a mobilidade urbana, dentre eles, um estudo para a implantação de ciclovias. Nós queremos criar estímulos para que as pessoas usem a bicicleta para irem ao trabalho, porque isso melhora o trânsito, o meio ambiente e contribui com a saúde das pessoas.
Quanto à questão do desenvolvimento econômico. Anápolis é uma cidade que tem perfil industrial e comercial. O que, em sua opinião, a Prefeitura pode fazer para estimular a economia?
– Acredito que Anápolis cresce por si só. A Prefeitura é uma ferramenta que tem de ser facilitadora. Tivemos recentemente problemas na área ambiental, problemas sérios. Então, nós temos que desburocratizar fazendo com que os processos tenham prazos e que tenham andamento em ordem cronológica para que não seja beneficiado “A”, “B” ou “C”. Se você vai, por exemplo, abrir uma empresa, tem de ter uma lista contendo todos os documentos exigidos e eles devem ser checados, se não tiver toda a documentação, não pode começar o processo. Daí, já se economiza tempo. E se você delimita tempo, você consegue identificar se há falhas ou se tem servidor emperrando o processo. Então, podemos detectar, também, se há falta de servidores ou, até mesmo, evitar corrupção que, infelizmente, existe. Mas, isso nós podemos detectar e verificar o porquê de não estar andando. Nós temos, também, a ideia de criar uma Secretaria da Juventude e atender aos jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Hoje, a Prefeitura dá cursos e oferece vale transporte. Se fizermos o inverso, ouvindo primeiro os industriais, os donos de lojas para saber o perfil que eles querem, aí nós qualificamos essa mão-de-obra e esses jovens terão, realmente, uma oportunidade de entrarem para as empresas. Quando fazemos isso, estaremos fomentando a geração de emprego e renda. Tem de ser um trabalho direcionado. Se pegarmos o balanço que é feito pelo SINE, vamos ver que falta mão-de-obra para muitas áreas específicas e temos de nos preocupar com isso e reverter o quadro. Podemos manter os convênios que já existem, mas podemos também abrir cursos nos bairros, para que as pessoas não saiam de perto de onde moram ou trabalham e, com o dinheiro desse vale transporte que a Prefeitura tem dado, aparelhar algumas escolas, instituições religiosas para prestarmos esse serviço. Agora, frisando, por si só, Anápolis já atrai investimentos e nós temos de ser facilitadores para que essas empresas vindo, aumente a arrecadação e essa arrecadação seja aplicada de forma qualificada.