O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença, que atinge mais de 900 mil brasileiros, segundo o Ministério da Saúde, é provocada pelo aumento da pressão interna do olho, embora alguns tipos possam ocorrer com pressão normal, e pela alteração do fluxo de sangue no nervo ótico. Do dia 11 ao dia 15 de março é celebrada a Semana Verde, em alusão ao Combate ao Glaucoma, com o objetivo de alertar e conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.
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O glaucoma é uma doença crônica e sem cura, mas que pode ser controlada com o uso de colírios, laser ou cirurgia, dependendo do caso. O problema é que muitas pessoas não sabem que têm a doença, pois inicialmente ela não apresenta sintomas na maioria das vezes. Por isso, é essencial fazer exames oftalmológicos regularmente, especialmente após os 40 anos de idade, que é o grupo de maior risco. “Outros fatores que podem aumentar as chances de desenvolver o glaucoma são: histórico familiar, etnia africana ou asiática, diabetes, miopia e uso de corticoides”, explica o médico oftalmologista Rômulo Piloni.
O que é o glaucoma
Segundo Rômulo, o glaucoma é uma doença que afeta os olhos, quase sempre simultaneamente, causando danos irreversíveis ao nervo óptico, que é o responsável por transmitir as imagens captadas pelo olho para o cérebro. Com o tempo, o glaucoma faz com que o paciente tenha seu campo visual reduzido lenta e progressivamente, até perder a visão por completo. “Se não for tratado, pode levar à cegueira irreversível. Importante frisar que é diferente de uma catarata, por exemplo, que em sua maioria, opera-se e tem a visão restabelecida, se não completamente, muito próximo disso”, explica.
O médico adverte que a prevenção depende principalmente da suspeição do oftalmologista, pois inicialmente o glaucoma é uma doença silenciosa,. “E o que isso tudo significa? Que pessoas acima de 35 a 40 anos, devem realizar consultas regulares com o médico-oftalmologista afim de que, através do exame oftalmológico completo, possa avaliar seu olho e perceber se há algum indício da doença, pois como disse anteriormente, ela não manifesta nenhum ou quase nenhum sintoma inicialmente”.
Exames e tratamento
Durante a consulta, o oftalmologista pode medir a pressão intraocular, que é a pressão exercida pelo líquido que preenche o interior do olho, chamado de humor aquoso. Quando essa pressão está elevada, pode comprimir o nervo ótico e causar o glaucoma. O oftalmologista também pode avaliar o aspecto do nervo ótico, que pode apresentar alterações características do glaucoma, como escavação, afinamento ou palidez. Se houver qualquer suspeita de glaucoma, o oftalmologista pode solicitar outros exames complementares. É importante destacar que a pressão sistêmica é diferente da pressão intraocular.
O tratamento do glaucoma visa reduzir a pressão intraocular e preservar o nervo óptico, evitando a progressão da doença e a perda da visão. O tratamento pode ser feito com medicamentos, laser ou cirurgia, dependendo do tipo, da gravidade e da resposta de cada paciente. Os medicamentos mais usados são os colírios, que devem ser aplicados diariamente, conforme a orientação médica. Os colírios podem ter diferentes mecanismos de ação, como diminuir a produção ou aumentar a drenagem do humor aquoso, ou relaxar os músculos do olho. Os colírios podem ter efeitos colaterais, como ardor, vermelhidão, coceira, alteração da visão, dor de cabeça, alteração da frequência cardíaca, entre outros. Por isso, é importante seguir as recomendações do oftalmologista e não interromper ou mudar o tratamento sem sua autorização.
Laser
O laser é uma opção de tratamento que pode ser indicada para alguns casos de glaucoma, especialmente os de ângulo aberto. O laser é aplicado no ângulo formado entre a córnea e a íris, com o objetivo de aumentar a drenagem do humor aquoso e diminuir a pressão intraocular. O laser é um procedimento ambulatorial, que pode ser feito com anestesia local, sem necessidade de internação. O laser pode ter efeitos colaterais, como inflamação, sangramento, aumento temporário da pressão intraocular, entre outros. O laser pode não ser eficaz em todos os casos, e pode ser necessário repetir o procedimento ou associar com colírios ou cirurgia.
A cirurgia é a última opção de tratamento, reservada para os casos mais graves ou que não respondem aos colírios ou ao laser. “Consiste em criar uma nova via de drenagem para o humor aquoso, através de uma incisão no olho, que pode ser fechada com uma válvula ou um implante. A cirurgia é um procedimento que requer internação, anestesia geral ou local, e cuidados pós-operatórios e pode ter complicações, como infecção, sangramento, descolamento de retina, catarata, entre outras. Além disso, pode não ser definitiva, sendo necessários retoques ou associar com colírios”, pondera. “Mas o que importa é que o glaucoma precisa ser diagnóstico e tratado. Não tratar pode significar a perda da visão, o que obviamente é muito pior”, finaliza o médico.
Exames que ajudam a detectar ou confirmar o claucoma:
– Campimetria: é um exame que mede o campo visual do paciente, ou seja, a área espacial percebida pelo olho. O glaucoma pode causar perdas no campo visual, que podem ser detectadas pela campimetria.
– Paquimetria: é um exame que mede a espessura da córnea, que é a camada transparente que recobre a parte anterior do olho. A espessura da córnea pode influenciar na medição da pressão intraocular, pois córneas mais finas podem indicar pressões mais altas e córneas mais grossas podem indicar pressões mais baixas.
– Gonioscopia: é um exame que avalia o ângulo formado entre a córnea e a íris, que é a parte colorida do olho. Esse ângulo é por onde o humor aquoso é drenado do olho, e pode estar fechado ou aberto, dependendo do tipo de glaucoma. A gonioscopia permite classificar o glaucoma em ângulo aberto ou fechado, o que pode determinar o tratamento mais adequado.
– OCT de disco óptico: é um exame que usa uma tecnologia de imagem óptica para obter uma imagem tridimensional do nervo óptico, permitindo analisar sua espessura, forma e volume. O OCT de disco óptico pode detectar alterações no nervo óptico causadas pelo glaucoma, como perda de fibras nervosas ou escavação.