Um número crescente de ocorrências de estelionatos vem sendo registradas nas delegacias de Anápolis, com a aplicação dos mais variados tipos de golpes em pessoas simples, abordadas nas ruas centrais, geralmente nas imediações de agências bancárias ou, até mesmo, em gente mais esclarecida, através de telefone, redes sociais e internet.
Este ano, de acordo com estatística da Delegacia Regional da Polícia Civil, foram registradas 88 ocorrências em janeiro, número ampliado para 111 em fevereiro, mas com uma pequena queda para 101 em março e que voltou a subir para 112 em abril, com tendência para aumentar este mês, com 70 registros até o último dia 20. Em menos de cinco meses já foram, portanto, 482 registros, número que dá uma média de mais de três ocorrências por dia.
A maioria dos casos acontece na área central de Anápolis, com 126 ocorrências anotadas este ano no 1º Distrito Policial. Mas, os criminosos agem, também, em muitos bairros da periferia, onde aplicam golpes que a Polícia Civil considera “velhos” e muito conhecidos, mas que, infelizmente, muitas pessoas acabam caindo. A estatística da Delegacia Regional mostra que os golpistas atuam com mais frequência em 20 bairros da Cidade, inclusive em setores mais distantes. Todavia, os alvos principais são bairros próximos da área central como Jundiaí, com 37 registros; Vila Jaiara, com 27; Vila Santa Isabel, com 13 e, Cidade Jardim, com 10 ocorrências.
“Por dia, registramos uma média de três ocorrências“, revela a delegada Gênia Maria Eterna, titular do 1º DP confirmando que a maioria dos registros é oriunda da internet e redes sociais, mas que são, também, muito comuns os golpes “velhos e antigos” que acabam fazendo inúmeras vítimas. Entre velhos e antigos, ela cita como exemplos os golpes do bilhete premiado e do achadinho, considerados pela delegada como muito conhecidos e fáceis de serem identificados como práticas criminosas.
“Bença tia”
Igualmente, muito aplicado é o golpe conhecido de “bença tia”, através do qual os criminosos, geralmente detentos de presídios ligam para números aleatórios. Segundo a delegada, quando alguém atende o suspeito se passa por parente da vítima e diz que está com o carro quebrado na estrada e que precisa de dinheiro para pagar um guincho ou mecânico. Acreditando ser um parente em dificuldade, a vítima realiza o depósito, sem, antes, conferir se o número do telefone que recebeu é o mesmo do parente. “O que leva a pessoas a cair neste tipo de golpe é a vontade de ajudar a um familiar”, explica Gênia Maria Eterna, orientando eventuais vítimas a entrarem em contato com familiares mais próximos da pessoa para saber se a situação tem possibilidade de ser real. “Essa é uma maneira de se evitar cair no golpe”, aconselha a delegada.
Achadinho
Também, muito utilizados pelos criminosos, os golpes do “achadinho”, do “bilhete premiado” e, até, de falsos sequestros, têm feito vítimas em Anápolis. O do “achadinho” e o do “bilhete premiado” são mais frequentes segundo a titular do 1º DP, mas o de falso sequestro ocorre muito eventualmente. O do “achadinho” acontece sempre nas imediações de agências bancárias, depois que as vítimas fazem saques em caixas eletrônicos ou, mesmo, no seu interior. O golpista deixa uma carteira ou um papel cair no chão, despertando a atenção da vitima que o chama para avisar o que presenciou. Agradecido, o golpista oferece uma recompensa, pedindo que a vítima o acompanhe até um local em que, supostamente, trabalha, onde ela acaba caindo no golpe, ficando sem o dinheiro que sacou, documentos e cartões de crédito.
Bilhete premiado
No golpe do “bilhete premiado” o estelionatário diz que foi um dos acertadores, mas que por ter problemas com a justiça está impossibilitado de fazer o resgate do prêmio. Acreditando que vai levar vantagem, a vítima saca a quantia pedida pelo golpista e o entrega em troca do bilhete falso. Outro tipo de estelionato, muito utilizado atualmente, é a venda de veículos através de anúncios pela internet e redes sociais.
Nessa modalidade, veículos são colocados à venda por preços abaixo de seus valores de mercado, atraindo o interesse de muitos compradores. Em geral, a negociação é feita via WhatsApp. As vítimas chegam a se encontrarem com o estelionatário em cartório para transferir a documentação e efetuar o pagamento, mas, ao final, acabam ficando sem o dinheiro que transferiu e sem o veículo. “Estes delitos são difíceis de elucidação”, explica a delegada, esclarecendo que, em geral, envolve laranjas, pessoas que emprestam contas bancárias, corrente ou de poupança, e também cartões de crédito. Segundo ela, são os chamados estelionatos cruzados, com a participação de muitas pessoas
As redes sociais e a internet, também, estão sendo muito utilizadas para que estelionatários apliquem vários tipos de golpes, os mais comuns, através de celular e a clonagem de aplicativos de mensagens, especialmente o WhatsApp e também o envio de boletos bancários falsificados. Além desses tipos de crimes, de acordo com a delegada Gênia Maria Eterna, ainda é muito frequente um antigo golpe de venda de produtos por valores muito abaixo de seus preços no mercado. “Esse é um tipo de golpe de duas faces”, disse a delegada explicando que as vítimas acabam ser misturando com os golpistas porque se envolve com eles para se dar bem, mesmo que fique sem o dinheiro e sem o produto.