Projeto consiste em coleta de material genético de parentes da pessoa cujo paradeiro é desconhecido, para exames sofisticados de identificação
Não há um número exato sobre os desaparecimentos de pessoas no Brasil. Há estimativas, nem sempre confiáveis. O certo é que no dia-a-dia não é raro o registro de homens, mulheres, crianças, de todas as idades, de todos os níveis sociais somem, de forma voluntária, ou, não. Há casos de raptos, sequestros, gente que perde o contato com seus núcleos de origem, e uma infinidade de outros fatores que resultam nesse distanciamento. Também, não há uma estatística de casos resolvidos, ou seja, pessoas que foram localizada e retornaram ao convívio familiar. Há, ainda, a reincidência, ou seja, por variados motivos também, muitos localizados voltam a desaparecer, fogem, ou, são levados. Outros nunca retornam, nem são localizados. Há os que retornam depois de muito tempo.
Para o enfrentamento de situações como estas, vários governos estabeleceram projetos de buscas aos desaparecidos. Em Goiás, a Secretaria Estadual de Segurança Pública criou um banco de dados genéticos para facilitar o trabalho de localização de desaparecidos. O projeto tem apresentado bons resultados. No ano passado (2024) foi possível a identificação de cinco pessoas com registro de desaparecimento. Na soma geral, Goiás já contabiliza 57 identificações confirmadas via banco genético, o que representa quase 10% do total nacional.
Como funciona
A Secretaria Estadual da Segurança Pública, por meio da Polícia Técnico-Científica, em parceria com a Polícia Civil, realiza a intensificação da Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas, promovida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. A ação, que ocorre entre os dias 5 e 15 de agosto, visa ampliar o número de coletas e conscientizar a população sobre a importância da doação de material genético na busca por pessoas desaparecidas. “É um trabalho conjunto que busca entregar dignidade para esses familiares que tiveram seus entes queridos desaparecidos e que precisam de uma resposta do poder público”, afirmou o delegado de Polícia Civil, Webert Leonardo.
O trabalho é conduzido pelo Laboratório de Biologia e DNA Forense, que analisa e insere os perfis genéticos de familiares no Banco Nacional de Perfis Genéticos. Os dados passam por cruzamentos contínuos com dados de pessoas vivas ou falecidas ainda não identificadas. Em caso de coincidência, os familiares são imediatamente informados. A coleta do material genético é simples, indolor e não invasiva, realizada com um swab estéril (semelhante a um cotonete). “Para doar, é necessário apresentar documentos pessoais e boletim de ocorrência do desaparecimento. Familiares, também, podem entregar objetos com material genético da pessoa desaparecida (como escova de dente, cordão umbilical, ou, dente de leite). A prioridade é para parentes de primeiro grau. É passada uma esponja no interior da bochecha, não é coleta de sangue, então não dói”, explicou a chefe de gabinete da Polícia Científica, Mariana Mota.
“Há em torno de 20 pessoas vivas sem identificação e já são mais de 900 cadáveres que aguardam essa identificação e pode ser algum desses familiares desaparecidos. A incerteza da dúvida é maior que a do luto”, destacou a coordenadora do Laboratório de Biologia e DNA Forense da Polícia Científica de Goiás, Laryssa Silva de Andrade Bezerra.
O delegado da Polícia Civil, Webert Leonardo, disse que não existe um prazo de 24 horas para um registro de pessoa desaparecida. “Caso ocorra um desaparecimento, procure, imediatamente, uma unidade de polícia civil para que essa rede integrada colaborativa possa entrar em cena”, reforça. Hoje, Goiás conta com 23 pontos de coleta ativos, sendo o principal no Instituto de Criminalística, em Goiânia. A lista completa de endereços e orientações está disponível no site: https://goias.gov.br/policiacientifica/desaparecidos. Além disso, dúvidas e agendamentos podem ser feitos pelo número: (62) 98140-4071 (telefone/WhatsApp).
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