Secretário executivo do Ministério da Infraestrutura disse em visita à empresa que o Governo Federal quer investir no segmento e acredita numa parceria com Anápolis
Na busca para tornar mais o transporte aéreo mais sustentável, a produção e o uso do biocombustível no país têm recebido atenção do Governo Federal. “É uma agenda que faz parte do futuro e nós estamos investindo muito nela”, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, durante visita técnica à usina de biodiesel da empresa Granol, no Daia, em Anápolis.
Sampaio se refere ao Bio QAV, o querosene de aviação que pode ser extraído à partir da reciclagem do óleo de cozinha, assim como é feito com o biodiesel, embora necessite de uma tecnologia muito mais apurada. Antes de tudo, o bioQAV, como é chamado o bioquerosene, é um combustível renovável formado por uma mistura de hidrocarbonetos, tanto lineares quanto cíclicos, como uma composição semelhante do querosene de origem fóssil. Assim como o etanol, ele pode ser adicionado ao querosene de aviação em proporções que podem chegar a 50%, segundo informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
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Diante a situação, obter custo menor na produção do renovável torna-se importante, diante o concorrente derivado de petróleo e que também precisa ser importado. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, em 2018 o país importou 800 milhões de litros de querosene de aviação. Esse montante representa 11% dos 7,2 bilhões de litros empregados naquele ano para abastecer as aeronaves. Como não é produzido em larga escala e nem de forma contínua, o bio QAV (querosene) não é uma alternativa viável.
Porém, entre as suas vantagens está a redução dos custos do setor, a diminuição das emissões de CO2, por meio do desenvolvimento e produção do bioquerosene renovável e a adoção dos padrões internacionais de qualidade. Para se ter uma ideia, uma gota de óleo de cozinha não reciclado pode contaminar até 10 mil litros de água potável, o que justifica seu recolhimento para reciclagem. A Granol já mantém um programa que troca dois litros de óleo usado por um litro de óleo novo, gerando enorme benefício ao meio ambiente ao mesmo tempo em que obtém matéria prima para a produção do combustível.
Visita
No evento, foram discutidos temas como mudanças climáticas e sustentabilidade, reforçando o conceito de ESG (Environmental, Social and Governance), além das tecnologias, matéria prima, infraestrutura de produção e políticas públicas necessárias para o uso de biocombustíveis no país. A Granol foi escolhida por ser a segunda no ranking de capacidade e quarta em produção de biocombustível no país, de acordo com dados de janeiro a junho de 2021. A empresa é precursora na produção de biodiesel no Brasil, tendo participado initerruptamente desde o 1º leilão organizado pela Agência Nacional do Petróleo (Anp) em 2005.
Participaram ainda da visita o diretor da ANAC, Rogério Benevides, o diretor de Biocombustíveis de Aviação da Ubrabio e representante da Gol Linhas Aéreas, Pedro Scorza, o diretor da Granol, Diego Ferrés, o diretor da Ubrabio, Donizete Tokarski, além de pesquisadoras das universidades federais da Paraíba e do Rio Grande do Norte. “A gente sabe da importância da agenda sustentável para atrair investimentos internacionais para o Brasil. Então, trata-se de um esforço que o Governo Federal tem travado junto ao setor privado para que possamos continuar avançando nessa pauta. Nosso objetivo constante é aliar sustentabilidade e eficiência”, disse Ferrés.