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Histórias de vidas perdidas no asfalto

de Marcos Vieira
12 de fevereiro de 2021
em REPORTAGEM ESPECIAL
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Histórias de vidas

Marcos Vieira

Primeira madrugada de sexta para sábado do mês de fevereiro de 2021, em Anápolis, e os policiais da Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (Dict) fizeram o que sempre fazem em todo final de semana: blitzen para flagrar motoristas embriagados. Foram 21 registros.

Toda a cidade já sabe dessas operações. As figurinhas e memes circulam no Whatsapp de muita gente, mas mesmo assim tem sempre aquele que insiste em consumir álcool e assumir o volante de um carro.

As pessoas estão morrendo no trânsito anapolino. Em 2020, foram 135 vítimas fatais. Quase média de um caso a cada dois dias e meio. Isso no perímetro urbano, em vias que não permitem alta velocidade, mas que mesmo assim muitos insistem em transformar em pistas de corrida.

Grande parte das mortes ocorre devido ao consumo de álcool, aliado à imprudência e imperícia. E as duas famílias sofrem: quem perde uma pessoa querida e quem vê a pessoa querida destruir a própria vida por ter matado alguém.

Impressiona que em uma cidade onde as mortes no trânsito podem ser classificadas como um problema crônico, ainda existam pessoas contrárias à fiscalização eletrônica.

O caminho para a conscientização passa pelo bolso do infrator e também em lembrar as pessoas que se foram, vítimas de irresponsáveis no trânsito. A reportagem rememora alguns casos emblemáticos – e comoventes e revoltantes – que aconteceram em Anápolis.

O 1º flagrante de desrespeito à Lei Seca

O estudante Carlos Henrique Dias foi o primeiro motorista a ser preso com base na Lei Seca em Goiás, em 22 de junho de 2008. Alcoolizado e em alta velocidade na BR-153, segundo a polícia, ele acertou a traseira do Ecosport de Lindomar Rodrigues de Araújo, parado no acostamento por pane seca. Morreram três dos ocupantes: a mulher de Lindomar, Maria de Lurdes da Silva Moreira, 26, e os filhos Ryan Lincoln Moreira Araújo e Lois Brenda da Silva, 5 e 6 anos, respectivamente. Em abril de 2009, Carlos Henrique foi flagrado novamente dirigindo alcoolizado em Anápolis. Preso em flagrante pela Polícia Militar, ele teve sua liberdade temporária revogada e substituída por um pedido de prisão preventiva.

Atropelamento na contramão

Em 5 de setembro de 2019, um motorista na contramão, na Avenida Brasil, matou Murillo Pedatella, 28, que estava em um patinete elétrico. O carro só parou depois de invadir o centro administrativo da Prefeitura de Anápolis.

Morta no Dia das Crianças

No dia 12 de outubro de 2019, a menina Bárbara Elisa Pereira Miranda, 5, brincava com um triciclo na rua de sua casa, ao lado de dois irmãos, no Parque Residencial das Flores, quando foi atropelada por um caminhão. Ela morreu no local. O condutor do veículo, um homem de 52 anos, estava bêbado. À PM ele teria contado que ouviu um barulho e freou o caminhão.

Invadiu a calçada e matou trabalhador

Em 24 de fevereiro de 2019, o entregador Marlon Regis Santana de Souza, 42 anos, estava na calçada na farmácia Leomed, na Avenida Brasil, ao lado da esposa. Em alta velocidade, uma caminhonete atingiu um carro que estava parado no local, que acabou sendo arremessado em cima do casal. Marlon morreu no local e sua esposa não se feriu gravemente. Teste de alcoolometria mostrou que o motorista da caminhonete, Fernando de Medeiros Cordeiro, 35, estava bêbado.

Matou após furar o semáforo vermelho

Sábado, 3 de outubro de 2020. O empresário Christiano Mamedio da Silva, 34, avançou o sinal vermelho de um cruzamento da Avenida Brasil Sul e sua Amarok colidiu com uma F-4000 carregada de tijolos. Emanuel Felipe Pires Martins, 15, e Eurípedes Tomé da Costa Filho, 26, que estavam no veículo, morreram instantaneamente. Três meses antes, em 4 de julho, Christiano havia sido preso por dirigir embriagado. Ele foi liberado após pagar fiança de três salários mínimos.

Sem controle, matou a criança

Dezembro de 2015, uma criança de 10 anos morreu após ser atropelada por um carro na Avenida Cantor Sinhozinho, no Polocentro. Segundo a PM, o garoto Gustavo Tavares Davi, 10, estava sentando em um banco com duas outras crianças, quando o motorista de um Gol perdeu o controle da direção, invadiu o canteiro central e atingiu as vítimas. O motorista identificado como Harley de Castro Santana Gomes, 34, estava embriagado.

Morto quando voltava para casa

Um adolescente de 16 anos, que voltava para casa de bicicleta após um jogo de futebol, morreu após ser atropelado, no dia 18 de dezembro de 2020, em Anápolis. O motorista do carro fugiu sem prestar socorro – dois dias depois um idoso de 79 anos confessou o crime. O acidente aconteceu em um cruzamento na Avenida Pedro Ludovico, no Residencial Morumbi. Dielinton Haryell Silva Roque morreu no local.

“O trânsito é um problema de saúde pública”

Em entrevista ao repórter Márcio Gomes, da Rádio Manchester, o delegado Manoel Vanderic Filho, titular da Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (Dict) de Anápolis, se posicionou em relação às barreiras eletrônicas implantadas na cidade, sobretudo porque muita gente insiste em criticar os equipamentos.

Qual a posição do senhor em relação à ligação das barreiras eletrônicas?

Eu falo sobre isso há vários anos. Eu me manifestei contra o desligamento das barreiras, eu acredito que foi um erro crasso do poder público ao permitir esse lapso temporal entre a renovação do contrato e uma nova licitação. Existem vários dispositivos legais que permitem que essa transição seja feita sem o desligamento. Imagina se durante a transição de um contrato hospitalar tivéssemos hospitais fechados. A barreira oferece hoje um serviço tão importante quanto a saúde, pois o trânsito se tornou a maior causa de morte da população jovem do Brasil e maior causa de invalidez permanente. Existe um grave problema no Brasil que é a corrupção e o desvio de verba pública. As pessoas falam da indústria da multa, mas precisam ser mais inteligentes, não podem atacar o funcionamento das barreiras, mas sim o empenho da verba arrecadada com as multas, que é para a recuperação da malha asfáltica, investimento com vítimas do trânsito… Hoje só serão multadas as pessoas que descumprem o que elas deveriam cumprir já de muito tempo. É o mínimo obedecer ao sinal de trânsito. As pessoas estão morrendo. Anápolis é a cidade mais violenta no trânsito no Estado de Goiás e isso é fácil de ser provado por números. Estamos próximos a Goiânia, que tem frota bem maior. Nas investigações de crimes de trânsito a gente percebe o reflexo direto do desligamento das barreiras. Grande parte das mortes acontece por excesso de velocidade.

Ainda tem muita gente contra as barreiras?

Eu fico indignado quando vejo pessoas inteligentes se manifestando contra, invocando a indústria da multa. Quanta ignorância! As pessoas que vão ser multadas estão cometendo atos gravíssimos e precisam ser punidas. Existem barreiras eletrônicas em todos os países do mundo, inclusive nos desenvolvidos, que tanto usamos para fazer comparações. Precisamos enxergar não a barreira, mas sim a corrupção. A barreira é necessária. Eu acho que as barreiras precisam ser instaladas em bairros periféricos, não só em avenidas principais. Todos os sinaleiros de Anápolis deveriam ter um dispositivo para registrar. É muito fácil a pessoa se esquivar da responsabilidade quando a vítima é a única testemunha. Geralmente o motorista não vai assumir que furou o sinal vermelho. A prova da câmera registrando facilita o trabalho para as punições.

Tem aquela história: só respeita quando pesa no bolso?

O brasileiro relativiza muito respeitar o básico, como regras de trânsito. Mas infelizmente só respeita quando dói no bolso, quando dá cadeia. As pessoas tem que aplaudir essa religação, cobrar do poder público que mais aparelhos sejam instalados para que mães não chorem a morte de seus filhos. Infelizmente tem atingido todas as camadas da população. As pessoas estão loucas. É comum a gente registrar velocidade de 150 km/h dentro da cidade. Isso é absurdo. Não é só a embriaguez, a imprudência, o excesso de velocidade, o uso de celular: o trânsito não é um problema só de segurança, é de saúde pública e a gente precisa tratar ele como tal.

Rótulos: capa

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