O delegado do 6º DP, Manoel Vanderic Filho, luta para conseguir uma cirurgia que pode salvar a vida de um homem de 59 anos. Francisco Inocêncio Caminde precisa ter as pernas, que já estão em estado de necrose avançada, amputadas. No entanto, ele está resistindo ao tratamento. O delegado agora lutará para provar na justiça pela “interdição” de Francisco.
Denúncias dos vizinhos levaram o delegado à casa de Francisco na última terça-feira,18. A cena que encontrou era assustadora. O homem estava vivendo sozinho e em condições subumanas. Ele já tinha perdido uma das pernas na altura do joelho e o pé esquerdo, o que sobrou estava necrosando. O mau cheiro, devido suas pernas se encontrar em estado de putrefação e a falta de higiene em sua casa, exalava pela vizinhança. Além disso, tinham bichos saindo das feridas que Francisco tirava com o auxílio da ponta de uma faca de cozinha e também batia inseticidas para tentar matá-los.
Aos 59 anos de idade, Francisco tem aparência bem mais velha e não pode, justamente pela idade, ser enquadrado dentro do Estatuto do Idoso. De acordo com Manoel Vanderic Filho, ele também foi resistente em entrar na ambulância. Só depois de muito esforço conseguiram levá-lo para o Hospital de Urgências de Anápolis, onde foi constatada a necessidade de amputar o restante das pernas.
No entanto, na última quarta-feira, 19, já a caminho do centro cirúrgico, Francisco disse que não aceitava ser submetido ao procedimento de amputação. E, mesmo com a autorização assinada pelo delegado, o médico que estava a frente da situação, de imediato entrou em contato com Manoel Vanderic para explicar que a amputação não poderia ser realizada sem a autorização do paciente.
Para o delegado, a situação é desesperadora. “Quem teve contato com o senhor Francisco, sabe que ele não tem condições de decidir o que é melhor para si” ponderou o delegado, informando, ainda, que já entrou em contato com o Promotor de Justiça e Curador da Saúde, Marcelo Henrique dos Santos, solicitando um laudo psiquiátrico para atestar que Francisco precisa ser “interditado”. “Minha maior preocupação é o tempo que todo esse processo judicial pode demorar. A direção do Hospital de Urgência tem boa vontade, mas os médicos não vão operá-lo por receio de terem algum problema com a justiça depois”.
Huana
De acordo a assessoria de imprensa do Hospital de Urgências de Anápolis (Huana), o paciente chegou na unidade com um quadro de miíase- doença causada por infestação de larvas de moscas- que já foi tratada. Em relação a amputação, o procedimento só será realizado mediante ordem judicial, sendo que o Hospital precisa respeitar a decisão do paciente por questões éticas e legais. Além disso, para tentar solucionar o problema, foi instaurada uma junta composta por médicos, psicólogos do hospital e da Polícia Civil, além de membros do Poder Judiciário, para estudar as possibilidades físicas e mentais de Francisco e para que possam tomar, em conjunto, a melhor decisão possível.