Custos passaram de R$ 40 milhões. Dados foram compilados pelo Instituto Sou da Paz
No decorrer do ano de 2022, o Brasil registrou um total de 17.100 hospitalizações devido a ferimentos causados por armas de fogo, resultando em um custo de aproximadamente R$ 41 milhões para o Sistema Único de Saúde. Se esses recursos fossem alocados para outras finalidades, poderiam ter financiado a realização de 40,5 milhões de testes rápidos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), 10 milhões de hemogramas completos ou 934 mil mamografias.
O relatório, que já está em sua segunda edição, ressalta que o tratamento hospitalar de pacientes vítimas de disparos de armas de fogo custa 3,2 vezes mais do que os gastos federais por pessoa em assistência à saúde. Quando o estado do paciente é crítico, essa relação aumenta para 5,2 vezes mais dispendiosa do que os custos governamentais médios.
Conforme as estimativas do instituto, o valor médio gasto com hospitalizações decorrentes de agressões com armas de fogo é 59% superior ao das internações resultantes de outras formas de violência. O custo global das internações devido à agressão armada é cerca de duas vezes maior do que as relacionadas a agressões causadas por força física ou armas brancas.
Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, as hospitalizações associadas a armas de fogo representam 3,2% dos recursos disponíveis para a saúde. Em contrapartida, essa porcentagem cai para 1,9% no Sudeste, 1,5% no Centro-Oeste e 1% no Sul.
O relatório também destaca que as principais vítimas da violência armada que requer hospitalização são predominantemente do gênero masculino (89,6%), negras (57%), e jovens com idades entre 15 e 29 anos (52,5%).
Ademais, o documento revela que os pacientes do sexo masculino têm internações mais prolongadas, diárias mais dispendiosas e uma taxa de mortalidade superior em comparação às pacientes do sexo feminino, sugerindo que enfrentam ferimentos mais graves.
Quanto ao aspecto étnico-racial, o relatório indica que, apesar de permanecerem hospitalizados por mais tempo, os pacientes negros têm um custo diário mais baixo, o que levanta preocupações acerca de possíveis disparidades no acesso à assistência médica.