Ano de 2020 já é considerado o mais violento nesse quesito.
Ao todo, 107 pessoas já perderam a vida no trânsito de Anápolis
O terceiro domingo de novembro é lembrado como o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito. A data tem como intuito confortar e unir forças para a conscientização sobre os riscos e cuidados necessários no volante, consequentemente, à preservação de vidas.
Em Anápolis, já são 107 mortes no trânsito em 2020 e, mesmo que para muitos esse seja considerado apenas mais um número, por outro lado, as famílias dos vitimados no trânsito vivem, diariamente, a dor dessa perda.
Michelle Pires, Glaucia Gomes, Silvia Martins e Gisele Moraes, quatro mulheres diferentes que compartilham da mesma dor: tiveram seus filhos, repentinamente, tirados pela imprudência no trânsito.
“Todos os dias preciso tomar remédio para conseguir dormir. Estou vivendo para fazer justiça ao meu menino. A dor que eu sinto é imensurável”, completa Glaucia.
Relembre cada caso
A vida de Glaucia mudou por completo desde o último dia 10 de setembro, quando seu filho, Matheus Machado Reis, de 19 anos, saiu para trabalhar e não voltou. O rapaz colidiu com um poste após um idoso furar o sinal e atingir a motocicleta em que Matheus estava. O culpado fugiu sem prestar socorro.
Taís Miller, filha de Silvia Martins foi outra vítima da total imprudência no trânsito. A moça, de 24 anos, também estava voltando do trabalho, no Km 100 da BR 060, quando um homem, completamente transtornado, sob o efeito de álcool e drogas, conforme foi noticiado, atravessou a rodovia na contramão e atingiu a moto em que a jovem estava. Taís morreu na hora e o motorista alegou que “não sabia nem o que estava fazendo no local”.
Gisele Moraes, mesmo após um ano, ainda sofre diariamente com a perda de Thalyta Santos. A jovem, de 20 anos, estava à caminho do trabalho, no dia 15 de abril de 2019, quando caiu em um buraco e foi atropelada. “Pode se passar todo tempo do mundo, esse vazio é eterno”, completa.
O acidente de Emanuel Felipe Pires Martins movimentou toda sociedade goiana. O adolescente, de apenas 15 anos, filho de Michelle Pires, foi vítima da total irresponsabilidade de Christiano Mamedio da Silva que, segundo os relatos policiais, estaria embriagado no momento que furou o sinal em alta velocidade e atingiu o carro em que o estudante estava.
O trânsito em Anápolis
Anápolis é um dos municípios com maior índice de imprudência no trânsito. O ano de 2020, especialmente, já é considerado o mais violento nesse quesito.
Conforme explica o delegado Manoel Vanderic, titular da Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (DICT), um terço dos acidentes no município são provocados pela embriaguez ao volante. Em seguida, alta velocidade e o uso de celular são as causas mais frequentes.
“A imprudência do motorista anapolino é assustadora. Estamos falando de 107 famílias que tiveram as vidas destruídas por conta da imprudência. Precisamos, urgentemente, de uma política mais rígida para esse tipo de situação”, completa.
Toda semana, a DICT realiza blitzen e flagra dezenas de motoristas embriagados nas ruas de Anápolis. Alguns acabam sendo presos, por estarem acima do limite de tolerância do bafômetro que, segundo Manoel Vanderic não é mais o único recurso para a prova de embriaguez ao volante.
No início, o trabalho realizado pelo delegado e sua equipe chegou a sofrer resistência e críticas. Agora, entretanto, há um movimento ao inverso, entendendo que esse trabalho é necessário e fundamental, sobretudo, para que as mortes no trânsito não sejam banalizadas e vistas, apenas, como números. E não é assim, porque, afinal, por trás de cada acidente fatal há famílias, amigos, colegas de trabalho que perdem algo que nunca vão esquecer e recuperar: a vida de uma pessoa querida