Empresários do DAIA devem se reunir hoje com o prefeito Roberto Naves. Eles também querem flexibilização de regras de quarentena para o setor
José Aurélio Mendes Soares
Empresários do DAIA – Distrito Agro Industrial de Anápolis – devem se reunir novamente nesta quinta com o prefeito Roberto Naves para tratar de dois assuntos. O primeiro deles, a doação de R$ 2,5 milhões para a criação de 25 novos leitos de UTI exclusivos para o tratamento de pacientes graves com Covid-19. Uma das hipóteses é que os equipamentos sejam instalados num dos hospitais do município cujo espaço esteja sendo sub-utilizado.
Uma outra hipótese é de que, ao invés de adquirir as UTIs, o dinheiro seja utilizado para custear, junto à rede particular de saúde, a manutenção desses leitos por 60 dias, o que, segundo Roberto, já seria uma grande ajuda para diminuir a taxa de ocupação, responsável direta pela definição da matriz de risco. Uma primeira conversa já havia acontecido ontem à noite entre empresários e o chefe do executivo municipal.
Com essa doação, o número de leitos para o tratamento de pacientes graves, vítimas da pandemia, subiria de 33 para 58, reduzindo a taxa de ocupação, dos atuais 36%, para 20% (hoje existem 12 pessoas utilizando leitos de UTI com Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG), permitindo a permanência da matriz de risco do município no grau leve, cujo limite é de uma taxa de ocupação de 25%.
Entretanto, como a instalação desses novos leitos demanda tempo, caso seja concretizada a doação, não deverá haver mudança na decisão do prefeito de alterar a matriz de risco de leve para moderada a partir da zero hora desta sexta-feira, dia 3 de julho, com base na atual taxa de ocupação de leitos de UTI disponíveis (36%).
O aumento do número de casos registrados por dia, sensivelmente maiores nos últimos boletins (81 novos casos nesta terça, maior número já registrado) e a pressão do governador Ronaldo Caiado por apoio no aumento do isolamento social, aliados ao grande avanço da pandemia em municípios do interior do Estado também devem motivar o prefeito a seguir com o protocolo determinado pela matriz de risco moderada.
Regras diferenciadas para as indústrias
Em entrevista exclusiva ao CONTEXTO, o presidente da ASSEDAIA – Associação dos Empresários do DAIA – Everaldo Fiatkoski, falou sobre o segundo assunto a ser discutido com o prefeito na tarde desta quinta. Ele disse que os responsáveis pelas indústrias do distrito vão solicitar ao prefeito que flexibilize as medidas de restrição de funcionamento ao setor na quarentena que começa à zero hora desta sexta-feira, dia 3 de julho. Segundo ele, trata-se de um pedido totalmente embasado em procedimentos de segurança que já vem sendo adotados desde o início da pandemia.
De acordo com Everaldo, o revezamento de 12 horas de funcionamento por 36 de fechamento, proposto pelo protocolo da matriz de risco moderada, torna inviável qualquer atividade do setor, por uma série de motivos técnicos, de segurança e ainda de leis trabalhistas. “Entendemos o momento pelo qual passa o município, o Estado, o país e o mundo, mas precisamos mostrar ao prefeito que estamos preparados até além do necessário para enfrentar o problema”, explica o presidente.
Everaldo salienta que as indústrias, visando diretamente o bem estar de seus funcionários e indiretamente a continuidade da capacidade produtiva, investiram pesado em protocolos internos de sanitização, desde o transporte, passando pelo ingresso na empresa, até a testagem em massa de seus funcionários. “Campanhas de informação sobre prevenção e contágio foram amplamente divulgadas e temos condições de garantir que as indústrias do DAIA não apresentam qualquer risco para o aumento do número de casos de Covid-19 no município”, afirma.
Entre os protocolos de segurança, Everaldo declara que, até mesmo casos que chegam ao conhecimento da diretoria de cada indústria, de que algum funcionário tenha participado de alguma confraternização ou reunião de pessoas fora da empresa, são tratados de forma a minimizar qualquer risco de surto. “O funcionário é imediatamente colocado em quarentena”, sintetiza.