A inovação é uma realidade na indústria brasileira? Essa pergunta, já de algum tempo, ronda o setor produtivo e foi objeto de uma pesquisa realizada pela Mobilização Empresarial pela Inovação – MEI, coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e apresentada, recentemente, no 8º Congresso de Inovação da Indústria Brasileira, realizado em São Paulo.
De acordo com a pesquisa um em cada três empresários acredita que o Brasil precisará de um salto de inovação nos próximos cinco anos. Para 31% dos CEOs – presidentes e vice-presidentes de 100 indústrias pesquisados, o grau de inovação no País será alto ou muito alto no País, nos próximos cinco anos, principalmente, pela necessidade.
Atualmente, ainda de acordo com a pesquisa, somente 6% dos entrevistados consideram que a indústria brasileira seja muito inovadora. Para 49% dos empresários, o grau de inovação da indústria nacional é baixo, ou, muito baixo.
O presidente executivo do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás (Sindifargo), Marçal Henrique Soares, participou do congresso em São Paulo e vivencia esta busca pela inovação por parte do setor que representa. Já de cara, ele observa: “Não se pode confundir modernização de fábrica com inovação”. Conforme diz, a inovação é, também, modernidade. Mas, o seu foco tem de estar centrado em um objetivo único: o bem estar social.
Na sua avaliação, a inovação, no Brasil, ainda, tem de romper a barreira do atraso em relação a outros países e esse atraso está ligado a uma série de fatores como a conjuntura política, a conjuntura econômica e tributária, a falta de investimento público.
“Pessoalmente, não acho que o Estado tenha de investir para o setor produtivo apresentar inovação”, pondera Marçal Soares. Ele acrescenta ser necessário, sim, que haja fontes de investimento, mas o protagonismo deve ser do empresário, que não deve ficar à espera do poder público, que é lento e burocrático.
O presidente executivo do Sindifargo pontua que o Governo Federal criou a Lei nº 11.196/05, conhecida como a “Lei do Bem”, com incentivos às empresas que realizam pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica. No entanto, ressaltou, essa legislação acabou engessada, porque o acesso fica restrito às organizações que têm grandes lucros no modelo que se baseia no abatimento do Imposto de Renda.
Setor farmacêutico
No segmento farmacêutico, segundo Marçal Soares, pratica-se muito a inovação na parte de regulamentação, uma necessidade ligada ao acesso a mercados internacionais. Já a inovação incremental, ligada a produtos, é de grande relevância para o setor. Porém, não há um “prêmio” para os investimentos feitos pelas empresas, por conta do tabelamento de preço dos medicamentos. E, por fim, tem, também, a inovação radical, abrangendo medicamentos biológicos, para doenças raras, para doenças negligenciadas e para câncer. Para este último caso, falta capital, tecnologia e maior preparo também no campo acadêmico.
Apesar das barreiras, Marçal Soares assinala que a inovação é imprescindível para todos os setores da economia e, não apenas, para as grandes organizações mas, também, nas médias, pequenas e até nas microempresas. “Inovação é a indústria do futuro”, finalizou.