O mundo ainda é aparentemente dominado por homens, mas as mulheres vêm conquistando um espaço grandioso e incontestável. E tudo começou durante a primeira guerra mundial (1914-1918). Enquanto milhares de homens lutavam nas trincheiras, as mulheres assumiam o trabalho nas fábricas e no comércio. Quando a Guerra acabou, muitas já tinham uma vida própria fora do lar, suprindo as necessidades da família. Ainda assim, o preconceito e o domínio masculino sobre as suas vidas perduraram de forma latente por muitos anos mais, embora o ideal ainda esteja longe de ser alcançado.
Até meados do século XX, a grande maioria das mulheres nem estudava, ou estudava apenas o suficiente para aprenderem a ler, escrever e fazer contas. E muitas das que iam além, que faziam o curso normal, com interesses sociais e profissionais, que fugiam à ideia do casamento e da maternidade como o único destino possível, eram sumariamente internadas em sanatórios pelos seus pais, irmãos ou maridos, para sufocarem seus impulsos de independência. E, pasmem, as fichas médicas trazem justificativas para a internação que nos parecem inverossímeis aos olhos de hoje: ‘A paciente apresenta grave obsessão por livros’; ‘desprezo pela família’; ‘excitação sexual nervosa’, ‘recusa em ter filhos’. Ou seja, eles tinham o poder de julgar e decidir se suas esposas, irmãs e filhas eram loucas ou não.
Moralmente violentadas, perdiam a pouca liberdade que tinham só porque sonhavam com novos horizontes, porque ousavam pensar. Não tinham o direito de decidirem nada sobre a própria vida. Eram como bichinhos de estimação, destinados a casar, ter filhos e cuidar da família, lavando, passando, cozinhando.
Tanto que, até 1932, a mulher não podia nem votar e a partir desse ano, até o ano de 1934 só votava aquela cujo marido permitisse e, as solteiras e viúvas que tivessem renda própria. Só a partir de 1946 é que o voto passou a ser obrigatório também para as mulheres.
Não há registros sobre a violência física que sofriam; afinal, ninguém ousava denunciar. E se ousassem ouviam do delegado algo como: O que foi que você fez para que o seu marido lhe batesse? Hoje, temos uma lei que promete acabar com a violência física e moral contra a mulher. Apesar que, após a edição da Lei, a violência contra a mulher aumentou, apontam estatísticas oficiais.
Nessa luta pela independência, pela liberdade e pela igualdade de direitos, muitas saem do prumo, agem com total desrespeito por si mesmas, tornando-se por livre e espontânea vontade, verdadeiros objetos, com a ilusão de que a liberdade sexual é o que basta para tornarem-se iguais aos homens; Esquecem-se que a conquista pela liberdade de direitos se faz respeitando as diferenças, e acima de tudo, tendo respeito e amor por si próprio.
“A expressão popular no Brasil, e mundo afora, de que a prostituição é a profissão mais antiga do planeta, não é verdadeira. Prostituição é uma das formas mais invasivas e cruéis de escravidão, imposta às mulheres e meninas.”
Sandra Machado, jornalista, doutora em História